Cidades

Artigo: Qualidade de vida na capital

postado em 21/04/2018 11:22
Por Rodrigo Rollemberg, governador de Brasília

Brasília chega aos 58 anos com a terceira maior população do país, pouco mais de 3 milhões de habitantes, e reconhecimento internacional pela qualidade de vida e capacidade em receber grandes eventos, como o Fórum Mundial da Água e o mais antigo festival de cinema brasileiro. Aparece, no topo da lista do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (Pnud), com um índice de 0,839, indicativo de ;muito alto desenvolvimento humano;, patamar conquistado ainda por São Paulo (0,819) e Santa Catarina (0,813), no Brasil.

É também a primeira das quatro capitais brasileiras no ranking mundial da consultoria Mercer sobre qualidade de vida, classificada em 108; lugar, à frente do Rio de Janeiro (118;), São Paulo (122;) e Manaus (127;). Longevidade, renda, escolaridade, acesso à infraestrutura básica, ambiente econômico e aspectos ambientais estão entre os critérios que pontuam nessas avaliações.

A expectativa de vida do brasiliense ao nascer é a terceira maior do país (78,1 anos), e as recentes taxas de mortalidade infantil e de homicídios podem elevá-la. A última taxa anual de homicídios caiu a 16 casos por 100 mil habitantes, recorde em 29 anos (resultados na segurança renderam a Brasília o título de Capital Ibero-Americana da Paz no biênio 2017/2018).

Na educação, um dos itens observados é a matrícula de crianças de 4 e 5 anos na educação infantil. Esse acesso foi universalizado pela primeira vez no ano passado. Entre os adultos, é alto o grau de escolaridade, impactando os salários. A renda média per capita de R$ 2,5 mil é a maior do Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios ; Pnad Contínua (2017), do IBGE, apesar de persistir o desafio de reduzir desigualdades entre as regiões.

Em relação à infraestrutura básica, quase todas as casas possuem água encanada (98,71%). A coleta de esgoto ocorre em 85,1% dos domicílios e esses resíduos são tratados integralmente. Áreas com reduzida infraestrutura, a exemplo de Buritizinho, Porto Rico e Sol Nascente, receberam investimentos prioritários nos últimos três anos.

Nesse período, também se investiu no aumento da produção de água para recuperar a ausência de obras hídricas por longos 16 anos. Já foram inauguradas as estações de captação do Ribeirão Bananal e do Lago Norte e as estações elevatórias de esgoto em Águas Claras e de água tratada da ETA Brasília. Até o final do ano, Corumbá IV também entrará em operação.

Complementarmente, combateu-se a grilagem de terra que prejudicava os mananciais e recuperaram-se nascentes com plantio de árvores, um reforço à cobertura vegetal no DF que, segundo dados da Codeplan, alcança 54,3% do território com índice de arborização de 31,73m; por habitante. A população dispõe de 70 parques, entre eles um dos maiores situados em área urbana, o Parque da Cidade, onde usufrui de momentos de lazer ou pratica esportes.

Atividades comuns também na orla do Lago Paranoá, a praia do brasiliense, recém-democratizada com a desobstrução de áreas antes restritas aos mais ricos. Resgatar esse espaço para uso coletivo ganha agora impulso com o resultado do concurso público do projeto urbanístico para a orla. Essa conquista e a desativação do Lixão da Estrutural são dois saltos civilizatórios recentes e irreversíveis.

Brasília vivencia melhoria no cenário econômico, após dois anos de crise. Pesquisa da Fibra mostra que o índice de confiança do empresariado subiu a 58, o maior dos últimos 4 anos, fruto de medidas tomadas para a cidade crescer. O ajuste das contas públicas permitiu pagar salários em dia e regularizar pagamentos a prestadores de serviços, injetando recursos na economia local.

E, apesar de toda a crise, ampliou-se o investimento em cultura e em ciência e tecnologia, áreas decisivas na construção de novo perfil de desenvolvimento local. O parque tecnológico Biotic, prestes a ser inaugurado, criará mais de 25 mil empregos quando estiver totalmente implantado, enquanto a área cultural concentra 15% dos microempreendedores no DF, segundo a Codeplan. Daí a importância de o Fundo de Amparo à Cultura (FAC) destinar R$ 114 milhões em três anos a editais descentralizados para contemplar artistas das próprias regiões administrativas.

Além disso, novos marcos legais trouxeram segurança jurídica, regularização e regras claras para novos negócios, como o Código de Obras, a Lei do Polo Gerador de Viagens e o Zoneamento Ecológico-Econômico, previsto há 23 anos na Lei Orgânica, mas só agora enviado à Câmara Legislativa. Hoje, empresas são abertas sem burocracia pelo registro de licenciamento digital (RLE). A grande notícia é a possibilidade de conceder os mesmos benefícios fiscais de estados vizinhos, um estímulo à permanência ou retorno de empresas ao solo brasiliense.

Quase sessentona e reconhecida como cidade criativa do design pela Unesco, Brasília esbanja vigor em vários campos. Mas ainda temos muitos desafios a superar. E a maneira de superá-los é com muito amor, compromisso, dedicação e trabalho pela capital de todos os brasileiros.

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