Cidades

Prata da Casa: artista brasiliense faz das artes visuais um motor para vida

Tiago Palma, de 35 anos, tem nas revistas em quadrinhos a grande influência para seus desenhos

Hellen Resende*
postado em 27/04/2018 16:00
Ilustrador Tiago Palma mostra seus desenhos

Foi no caderno da escola que o ilustrador e designer brasiliense Tiago Palma, de 35 anos, esboçou os primeiros traços. O tempo passou e sua arte se expandiu para os muros do Setor Comercial Sul. Hoje, Tiago apresenta, no papel, em mesas digitais, e nos muros das cidades, ilustrações relacionadas a temas contemporâneos e personagens de quadrinhos.

O que move e instiga, segundo o artista, é a influência das histórias em quadrinhos (HQ;s) americanas e da própria família, onde sempre vivenciou possibilidades artísticas. "Sou realizado ao ver que minha vida é ganha 100% com arte."

Fã de revistas em quadrinhos e de Guerra nas Estrelas, Tiago graduou-se em publicidade, e sempre foi muito criativo. No Ensino Médio, seu sonho era fazer teste para desenhista da Marvel e DC, e a primeira criação remunerada foi uma versão em quadrinhos do livro Dom Casmurro, de Machado de Assis. Aos 17, ele criou personagens para um jogo de matemática e, a partir de então, um tio, que também é designer gráfico, percebeu seu talento e começou a dividir as encomendas de desenho com o sobrinho. Por meio do tio, vieram também os primeiros contatos com os quadrinhos estrangeiros e a relação com o mercado de artes visuais no Distrito Federal.

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Inspiração


As referências internacionais são Moebius, Manara, Franck Muller. Do DF, Tiago se inspira na arte de Caio Gomes, de Eduardo Belga e de Fernando Lopes.

Em grande parte dos desenhos, o jovem utiliza as facilidades digitais. "Já está ali, você já pinta, edita, joga uma cor". Artista que trabalha nas madrugadas, perde-se no tempo e no silêncio testando texturas, como a técnica de utilizar tinta nanquim no polegar. O processo criativo depende do projeto. Se é para um cliente, Tiago inicialmente estabelece uma conversa para captar o que o contratante idealiza. Entendido o conceito, sai um rascunho e, a partir do combinado, desenvolve a arte final. "Você coloca várias nuances, tipo do desenho, tons de cor."

Em pinturas nos muros da cidade, o artista compartilha expressões culturais urbanas. "Esse estilo de desenho mais moderno é influenciado e influencia o grafite também." Nessa pegada, saiu uma arte no muro do Setor Comercial Sul, feita com lambe-lambe (folhas coladas com rolo de pintura), para as comemorações do carnaval brasiliense. Segundo Tiago, a sensação de tranquilidade em Brasília desperta inspiração.

Música

A arte do desenho na vida de Tiago cresceu junto com a música. Hoje, ele toca em duas bandas autorais, e persiste em sua memória a contribuição da sua família para desenvolver seus talentos. A mãe, jornalista da área cultural, se relacionava com os músicos da Legião Urbana e Capital Inicial, e, pai, foi baterista de Tom Jobim. "Aos 11 anos, estudeu bateria. Sempre experimentei de tudo", reconhece Tiago.

Para o artista, o auge é tornar-se um "desenhista de quadrinhos constante". Entre os projetos de maior destaque, Tiago destaca a identidade visual de três edições do Festival Brasília Tattoo e a História em quadrinhos Cidade Cadáver, que será lançada em breve. O engajamento em questões humanitárias o impulsiona para além do lado comercial. Seu último trabalho do tipo foi sobre a morte de mães negras no Brasil. Ele também cuidou da parte visual do programa Infância e Paz, do Senado.

*Estagiária sob supervisão de Ana Letícia Leão.

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