Cidades

Retomada de empregos no comércio após fim do racionamento será lenta

Segundo Fecomércio-DF, fim dos cortes é boa notícia e deve ajudar o setor, que perdeu vagas ao longo da crise hídrica

Philipe Santos*
postado em 03/05/2018 14:11
Estabelecimentos como salões de beleza tiveram de adotar novos procedimentos para conviver com os cortes de água
Os comerciantes de Brasília comemoraram o anúncio do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), feito na manhã desta quinta-feira (3/5), de que o racionamento de água vai acabar em 15 de junho.
Segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Adelmir Santana, os cortes nos abastecimentos vêm prejudicando o funcionamento de vários estabelecimentos, o que levou, nesse um ano e quatro meses de crise, à redução das vendas e ao consequente corte de vagas.

Estimativa divulgada pela Fecomércio-DF no ano passado indicou que cada dia de suspensão do abastecimento acarretava em queda de 10% das vendas. "A falta de água em um determinado momento causa redução da produção, o que, naturalmente, acaba causando demissões", explica. A recuperação dessas vagas, porém, não será imediata, avalia Santana. "É um processo longo para agora voltar às admissões."

Conscientização continua necessária

Se há um ponto positivo na crise hídrica, segundo Santana, foi a disseminação entre os comerciantes de uma cultura de conscientização e economia. "Alguns setores como restaurantes, postos de combustíveis e lavanderias tiveram que fazer adaptações", conta. Para ele, o governo deve fazer campanhas para que a população tenha a conscientização de que é preciso continuar economizando.

Outro fato comemorado pelo presidente foi a suspensão do aumento na conta de água. "Além do fim do racionamento, vi com bons olhos essa suspensão. A gente já sofreu com racionamento, e era bem estranho ainda ter que pagar esse aumento", pondera.

O presidente da Abrasel-DF, Rodrigo Freire, também comemora o fim do racionamento e afirma que os bares e restaurantes perceberam a necessidade que os estabelecimentos têm de reaproveitar a água e de ter consciência para não haver desperdícios. "No entanto, a gente entende que os bares e restaurantes não deveriam ter sido incluídos nesse racionamento. Existiam outras formas de gerar a mesma economia que não fosse o racionamento. A nossa atividade precisa dessa necessidade de água, até pela segurança alimentar" ressaltou.

Ele também defendeu campanhas educativas para que o problema não volte em um futuro próximo. "O certo não era ter feito o racionamento desde o início, era ter feito um trabalho de conscientização há muitos anos. Precisamos trabalhar a mentalidade do cidadão, dos empresários, dos funcionários e toda a população brasiliense de que precisamos cuidar da água", defendeu.
* Estagiário sob supervisão de Humberto Rezende.

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