Sarah Peres - Especial para o Correio, Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 04/05/2018 14:14
Um dia após o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) decretar o fim do racionamento de água, previsto para 15 de junho, a Agência Reguladora de Águas (Adasa) apresentou possíveis cenários para o reservatório do Descoberto, responsável pelo abastecimento de mais de 60% do DF. Na previsão mais drástica, o principal reservatório do DF pode secar em outubro, caso o consumo de água volte às mesmas proporções de antes do rodízio de abastecimento: 147 litros por pessoa/dia em 2016, segundo a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb)
[SAIBAMAIS]Apesar do alerta, o presidente da Adasa, Paulo Salles, diz não acreditar que o racionamento precise ser retomado. "Nós confiamos que não será necessário. Há muitos elementos que nos permitem essa segurança", diz, referindo-se às novas fontes de abastecimento do Paranoá e do Bananal e ao trabalho junto aos irrigantes para o consumo mais racional.
Além disso, outras medidas limitarão o consumo para impedir que ele volte ao patamar que havia antes do racionamento, como limitar a captação de água da Caesb a 4,3 mil l/s ; antes da crise hídrica, era de 4,7 mil l/s (leia mais abaixo). "Se o racionamento fosse mantido até o fim do ano, logicamente, teríamos mais água no reservatório, mas teríamos trazido para a população um sacrifício muito grande;, pondera Salles.
Os cenários
A agência estudou quatro cenários para os próximos meses no Descoberto. No primeiro, é apresentado o que ocorreria caso o racionamento não fosse interrompido. No segundo, o que aconteceria caso os cortes semanais fossem interrompidos apenas para o abastecimento, mas não na agricultura. Com a decisão tomada pelo Governo do Distrito Federal, essas duas situações estão descartadas.
Um terceiro cenário estudado projeta o que acontece se o racionamento for interrompido e a população mantiver o consumo apresentado em 2017. Nesse caso, o Descoberto chega a um mínimo de 18% (linha preta no gráfico abaixo). No pior dos cenários, com racionamento interrompido e uso de água de volta aos níveis pré-racionamento, o reservatório seca (linha pontilhada). Segundo o presidente da Adasa, os gráficos foram elaborados com base nas questões climáticas e das vazões.
A expectativa do governo, porém, é que a nova estratégia de uso do recurso funcione e que a população colabore, fazendo a sua parte. Paulo Salles reforça a necessidade de consumo consciente. "Temos de manter a população alerta e ciente de que temos de poupar muita água, usando-a de maneira responsável, pois nós não sabemos o que vai acontecer no próximo período chuvoso;, alerta, ressaltando que o DF passa por um período de incerteza climática.
Por esse motivo, será necessário ficar atento à curva de acompanhamento do Descoberto, que traz um valor de referência para a barragem a cada mês e prevê que, em novembro, o índice no reservatório chegue a 21,9% (gráfico a seguir). Segundo Salles, caso o comportamento do reservatório fique abaixo do esperado, novas medidas restritivas poderão ser tomadas.
Curva de acompanhamento do Descoberto em 2018
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Como será a captação a partir de agora
Em resolução publicada no Diário Oficial do DF desta sexta-feira (4/05), a Adasa aumenta o limite de captação de água da Caesb de 3,3 mil litros por segundo para 4,3 mil l/s. Atualmente, a concessionária utiliza 3,2 mil l/s, mas, antes da crise hídrica, a retirada de água era de 4,7 mil l/s.
Foi determinado também o aumento da captação dos produtores rurais. Durante a crise hídrica, eles ficaram autorizados a retirar água bruta dos afluentes do Descoberto apenas de 6h às 9h, e em dias alternados. A partir de 15 de junho, fica autorizado a captação diária, entre 6h e 9h e 15h e 18h.