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Projeto para reconstrução do viaduto do Eixão Sul é barrado pelo Iphan

Em parecer, a autarquia federal ressaltou que a proposta fere a integridade arquitetônica e urbanística. GDF não deve seguir a recomendação, sob o argumento de que a proposta apresentada visa a segurança dos usuários

Flávia Maia, Deborah Novais - Especial para o Correio
postado em 09/05/2018 14:15
A Novacap foi responsável pela remoção dos escombros do viaduto

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) emitiu um parecer contrário ao projeto apresentado pelo Governo do Distrito Federal (GDF) de reconstrução do viaduto do Eixão Sul, que desabou em 6 de fevereiro deste ano. Para o órgão, a proposta ;altera fortemente a arquitetura original e compromete a integridade arquitetônica e urbanística;. Mesmo sem a aprovação do Iphan, o GDF reforçou que não vai aceitar o modelo sugerido - que é a reconstrução como a de 1958. Uma reunião está agendada para esta quinta-feira (10/5) e a expectativa é a de que as partes entrem em um consenso e não haja atraso no cronograma inicial - que é a licitação ainda em maio e a entrega da obra em setembro deste ano.

O documento do Iphan recomenda ao GDF que apresente um novo projeto. A aurtaquia destaca a necessidade de diminuição das dimensões dos pilares dispostos na proposta do Executivo local.
Para debater o novo projeto, o instituto solicitou uma reunião com o DER, a Novacap e o GDF. O encontro será nesta quinta-feira (10/5). "Um dos objetivos do Iphan é garantir a gestão compartilhada do Conjunto Urbano de Brasília, visando a preservação do bem tombado e a segurança da população". completa.

Recomendação não deve ser seguida

O GDF afirmou que não deve seguir o parecer do Iphan e, por isso, a importância da reunião com o órgão. De acordo com o secretário da Casa Civil, Sérgio Sampaio, a proposta apresentada pelo governo visa, principalmente, a segurança dos usuários. Para ele, não é possível refazer a estrutura como a projetada há 58 anos. ;A carga que passa sobre o viaduto é maior do que quando ele foi pensado. Hoje tem o BRT, tem um fluxo maior de carros, tem congestionamento. Nós não vamos abrir mão da segurança;, disse em coletiva de imprensa.
Sérgio Sampaio ponderou, no entanto, que não haverá enfrentamento do governo com o Iphan. Ele afirmou que terá uma reunião nesta quinta-feira (10/5) com dirigentes do órgão para apresentar as escolhas técnicas do projeto.
Assista ao vídeo com a proposta de reconstrução do GDF:
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Enquanto não houver um consenso, a licitação não será colocada no mercado. Isso porque existe uma portaria do Iphan que determina o parecer favorável do órgão para obras dentro da área tombada. Sérgio Sampaio acredita que resolverá a questão ainda nesta semana. O objetivo é conseguir seguir o cronograma inicial, que seria o processo licitatório para o fim deste mês e a conclusão da obra em setembro.
O principal entrave do projeto é a largura dos pilares. Para aguentar uma carga maior, os engenheiros alargaram as estruturas e diminuíram a extensão da alça de sustentação. Sérgio Sampaio afirmou que o governo pode ceder e diminuí-los, porém, ressaltou que não é possível manter a mesma estrutura da época da construção, como defende o Iphan.

O projeto do GDF deve custar cerca de R$ 15 milhões. De acordo com Sampaio, se a vontade do Iphan for colocada em prática, este valor pode subir para R$ 27 milhões, uma vez que toda a estrutura terá que ser demolida e refeita.

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