Cidades

Vovó radical pede sessão de paraquedismo indoor de presente de Dia das Mães

A experiência soma-se a outras acumuladas pela idosa de 80 anos que não abre mão do esporte

Deborah Novais - Especial para o Correio
postado em 11/05/2018 06:00
Vaidosa e corajosa, aos 80 anos, Geralda Ferreira acrescenta a prática de mais um esporte radical à lista extensa de desafios que venceu
A idade não é um empecilho quando se trata do amor que Geralda Ferreira, 80 anos, tem pelos esportes radicais. A nova aventura adicionada à lista do que ela já fez é o paraquedismo indoor. Na tarde de ontem, em um túnel de vento próximo ao Lago Paranoá, a idosa realizou mais um sonho. A experiência foi o presente de Dia das Mães dado pela filha e companheira de sempre, Sonia Araújo, 54.

Batom na boca e largo sorriso, isso nunca falta no rosto cativante da senhora destemida, mesmo na hora de encarar o voo que costuma ser dispensado por muitos jovens. A sensação é de uma queda livre, mas a vovó radical concentra-se em aproveitar o momento. ;Tive que fazer uma força danada, mas é bom demais! Eu gosto muito de voar;, assegura. A idosa destaca que, como de costume, o medo não faz parte da sua vida.
Geralda Ferreira, 80 anos, passando batom

O instrutor que acompanhou dona Geralda enfatiza: o voo foi excelente. ;Segura, ela conseguiu manter a simetria do corpo. Às vezes, esticava um pouco a perna e encolhia o braço, mas, com leve correção, conseguiu atingir uma boa estabilidade no túnel;, disse Rafael Mota, que trabalha na iFly, no Setor de Clubes Sul, próximo ao shopping Pier 21.

Em meio a críticas e incentivos, os 80 anos não são nada perante a gana que ela tem de ir além e experimentar de tudo. São muitas lembranças para contar, mas ;dona Geralda;, como é conhecida, lembra com carinho de cada história com pitada de radicalismo. Questionada pelo Correio sobre a maior aventura que teve, ela escolheu o salto de bungee jump, feito em 2006, da Ponte Honestino Guimarães, com cerca de 17 metros de altura, no Lago Paranoá.
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Infância destemida

Em Patos de Minas (MG), cidade natal, ela aprendeu a nadar no rio, até mesmo durante enchentes, quando morava na fazenda. ;Eu levava todo mundo para lá, e minha mãe brigava demais. Ficava todo mundo (os irmãos) pelado tomando banho;, relembra em meio a gargalhadas. Na juventude, ela se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a treinar no mar.

Geralda Ferreira, 80 anos, desce de rapel em cachoeiraNa capital federal, onde vive há 35 anos, chegou a cruzar o trajeto entre as pontes JK e a então Costa e Silva,uma distância de 5km. Atualmente, o treinamento, inclusive de saltos ornamentais, ela faz no Conjunto Aquático Cláudio Coutinho. Para chegar lá, saindo de casa em São Sebastião, ela pega pelo menos três ônibus.

Em 2008, a vovó radical se arriscou a dominar também o céu, com um salto de paraquedas em Goiânia. Dona Geralda não se contentou e repetiu o feito novamente, mesma quantidade de vezes que andou de parapente. Agora, ela se prepara para aumentar a bagagem de desafios. ;Queria fazer um rapel diferente, como se fosse engatinhando, em Valparaíso (GO);, confidencia.

Além da natação, o rapel é um dos esportes mais praticados pela idosa. Entre as descidas, ela se aventurou no Salto do Itiquira, no Buraco das Araras e na Cachoeira do Tororó. Nesta última, ela chegou a se acidentar e trincar a perna. Contudo, dona Geralda afirma: ;Não foi nada;. E ainda programa o próximo objetivo para comemorar em grande estilo as oito décadas de vida completadas recentemente: saltar de um helicóptero no ;mar de Brasília;. Ou seja, no Lago Paranoá, conta a vovó radical.

Paraquedismo indoor

Turbinas e outros equipamentos de manuseio do ar tornam possível o voo, que simula uma queda livre real. O túnel vertical costuma ser utilizado por paraquedistas com o objetivo de aprimorar a técnica e treinar manobras. Não há limite de idade.

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