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Moradores de prédio incendiado na Asa Norte só voltarão para casa dia 28

A previsão é de que os ocupantes dos 24 apartamentos interditados por causa do incêndio no bloco M da 110 Norte só voltem para casa no dia 28. Família dona do imóvel destruído pelo fogo conta com rede de solidariedade para retomar a vida

Augusto Fernandes, Isa Stacciarini
postado em 17/05/2018 06:00
Peritos e operários no duplex onde o incêndio começou: o escoramento da laje da cobertura começou ontem e deve terminar domingo. Prédio tem seguro, mas imóvel queimado, não

Os 24 apartamentos da prumada atingida pelo fogo no bloco M da 110 Norte, segunda-feira, só deverão ser liberados aos moradores em 28 de maio. Essa é a previsão inicial do engenheiro contratado pelo condomínio, Renato Cortopassi. O escoramento da laje da cobertura do duplex incendiado começou ontem e deve terminar domingo. Serão montadas 20 torres que terão a capacidade de suportar até 480 toneladas. Doze operários atuam no escoramento. Eles sobem com os andaimes pelas escadas.

Desde que o apartamento 603 pegou fogo e as chamas atingiram outros três imóveis da cobertura, mais de 90 moradores ficaram desalojados. Um deles é a aeroviária aposentada Maria Antonieta Turini, 65 anos. Por R$ 3 mil, ela e o marido fecharem um pacote de 15 dias em um hotel da Asa Norte, para ter onde ficar. ;Quem vai custear isso? Pagamos um condomínio de R$ 1,1 mil que nem deveria ser cobrado neste mês e, pelo jeito, ainda vamos demorar para podermos retornar para casa;, lamentou.

Apesar de o apartamento não ter sido atingido pelo fogo, Maria Antonieta teve alguns itens do imóvel destruídos por causa da força da água lançada pelo caminhão do Corpo de Bombeiros para conter as chamas. O lustre e algumas lâmpadas quebraram. ;Cheguei meia hora depois que o fogo começou. A princípio, achei que íamos poder subir logo depois de os bombeiros apagarem as chamas, mas, depois que vi a proporção, fiquei preocupada de o incêndio atingir meu apartamento;, contou.

Maria Antonieta e o marido estão abrigados em um hotel da Asa Norte: R$ 3 mil por15 dias

Seguros

O subsíndico do edifício, Luiz Antônio Tizoco Melgaço, contou que um representante da seguradora do prédio esteve no local terça-feira e ontem. Segundo ele, a Sul América confirmou que vai arcar com a reconstrução da área comum. ;Estamos acompanhando os trabalhos, mas não tem como dar uma estimativa de data. Provavelmente, vai demorar, porque o serviço precisa ser concluído e, só depois, a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros fazem uma nova vistoria para reestabelecer água, luz, e liberar o acesso aos moradores;, explicou.

Mas, diferentemente do prédio, o apartamento 603, completamente destruído pelo fogo, não tinha seguro. Na tarde de ontem, o dono do imóvel, o coronel reformado do Exército Adhemar Sprenger Ribas, 64 anos, esteve no edifício, acompanhado da mulher. ;Hoje em dia ninguém faz (seguro de apartamento), mas bens materiais a gente corre atrás. O mais importante é que não houve perda humana. Perdemos tudo, mas estamos recebendo muita solidariedade das pessoas;, destacou.

Até a tarde de ontem, amigos e conhecidos tinham conseguido reunir R$ 6.890 para a família, em dinheiro. Outra ação é encabeçada por amigos dos dois filhos do casal para adquirir itens básicos de uma residência, de roupas de cama a utensílios de cozinha. ;Uma coisa foi o que aconteceu comigo até 12 e 13 de maio. A outra é o que vai acontecer a partir de agora. É um recomeço. Obstáculos existem para serem superados;, reforçou o militar.

A mulher dele subiu ao apartamento. ;Está tudo acabado. Reuni forças para ver o que ia encontrar lá em cima, mas, principalmente, estávamos preocupados com o apartamento ao lado (604), que também foi atingido pelas chamas. Minha mãe está em estado de choque;, completou a mulher de Ribas, que pediu para não ter o nome publicado. A idosa, de 87 anos, veio de Cristalina (GO) passar o Dia das Mães com a família e estava no imóvel no momento do incêndio, com o cão. O cachorro chamado Uísque, da raça shitzu, tinha 11 anos e morreu intoxicado com as chamas. A família está abrigada na casa de um cunhado de Adhemar.

Perícia

Peritos do Instituto de Criminalística da Polícia Civil voltaram na tarde de ontem ao edifício para dar continuidade à investigação. Com apoio do engenheiro Renato Cortopassi, eles subiram para fazer a análise do que sobrou. Segundo Renato, o fogo derreteu todas as fiações. A estrutura de concreto armado e de aço também ficou destruída. Após o escoramento, serão analisados a resistência dos materiais, além da temperatura exata do fogo. ;Faremos um projeto de recuperação e reforço da estrutura, mas, por enquanto, o cenário é de obra e não mais de um edifício habitacional;, comentou. Renato esclareceu que o escoramento dará segurança para o retorno dos moradores, mas faltam os reestabelecimentos de água e energia. ;Precisamos seguir alguns protocolos de segurança;, destacou.

Apesar dos estragos, o engenheiro afirmou que o prédio foi bem construído. ;O concreto não tem brocas ou falhas de concretagem. Está íntegro. O cálculo estrutural foi muito bem-feito. O prédio tem uma armadura que suportou a ruptura de alguns cabos protendidos. Por isso a laje não entrou em colapso;, observou.

O projetista do prédio, o engenheiro civil Alexandre Campos, acredita que será possível recuperar a estrutura do edifício. ;Vamos aproveitar todo o concreto, fazer os reforços necessários e restabelecer toda a capacidade de segurança que ela tinha;, afirmou.

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