Cidades

Líder de quadrilha que assaltava apartamentos de luxo é condenada a 48 anos

Bando preso pela Polícia Civil do DF era especializado em furtos de apartamentos de luxo. Em um caso, levaram R$ 1,8 milhão de empresário

Ana Maria Campos
postado em 17/05/2018 06:00
Parte do dinheiro e das joias recuperados com os assaltantes

A Justiça condenou ontem uma quadrilha especializada em furtos a apartamentos de luxo de Brasília e em outras cidades do país, desarticulada na Operação Condominus, de forma exemplar. A líder da organização criminosa, Raquel Veríssimo da Silva, presa no ano passado em São Paulo por policiais civis da Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) do Distrito Federal, recebeu a maior pena: 48 anos e três meses de prisão. Um de seus principais comparsas, Alcyr Albino Dias de Silva, foi sentenciado a 34 anos e sete meses. Outros seis integrantes do grupo também foram condenados pelo juiz Aimar Neres de Matos, da 4; Vara Criminal de Brasília.

Além das penas aos criminosos, a Justiça determinou que todos os bens apreendidos pela DRF nas casas dos envolvidos e num guarda-volumes em São Paulo, onde eram guardados joias, relógios e demais artigos de luxo furtados, sejam leiloados. A medida inclui os carros usados pela quadrilha. Todo o dinheiro arrecadado com a venda dos produtos será dividido entre as vítimas dos oito furtos citados na denúncia.

A Operação Condominus começou em janeiro do ano passado, quando Raquel e outros integrantes do grupo entraram em uma cobertura da quadra 300 do Sudoeste. Arrombaram a porta quando a família estava fora, entraram e levaram bolsas caras, joias e dinheiro guardado pelo casal. À Justiça, o empresário do ramo da construção civil, dono do apartamento, declarou um prejuízo de R$ 1,8 milhão. Alguns bens foram recuperados pela equipe da DRF, mas a organização criminosa também repassou objetos roubados para receptadores.

Com a investigação liderada pelo delegado Fernando Cesar Costa, hoje chefe da Coordenação de Combate às Organizações Criminosas, contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (Cecor), crimes ocorridos em outras cidades também foram desvendados. É o caso de furtos realizados pela quadrilha no bairro Belvedere, em Belo Horizonte, no condomínio Village, em São Conrado, e em Juiz de Fora. Foi possível também apontar os responsáveis por furtos que aconteceram em 2012, no Sudoeste e em dois prédios de Águas Claras.

Planejamento

Em vários depoimentos, os criminosos confessaram a participação nos furtos e ainda descreveram com detalhes a forma de atuação, comum em todos os episódios. Eles escolhiam a cidade, se ambientavam e estudavam o local e o melhor momento para agir. Escolhiam sempre prédios ou condomínios de luxo, onde encontrariam com garantia peças de alto valor e até dinheiro guardado pelas vítimas. Em vários casos, eles arrombavam os cofres e levavam tudo em malas. Para entrar nos apartamentos, comportavam-se como moradores. Subiam pelo elevador e, geralmente, arrombavam as portas dos fundos. Num dos crimes, em Águas Claras, o grupo levou US$ 26,7 mil.

Alguns integrantes da quadrilha foram presos eventualmente, mas nunca havia sido demonstrada a conexão entre os vários crimes, o que revela a atuação organizada, com funções definidas e inteligência na elaboração de cada passo do plano.

Desde o ano passado, os principais integrantes do bando estão presos e deverão permanecer na cadeia durante a fase de recursos. Uma das principais líderes da quadrilha, Priscila Galhego Luiz, ainda não foi julgada. Ela foi presa na Argentina pela DRF em março do ano passado e permanece em Buenos Aires, em processo de extradição. Por isso, a denúncia no que se refere à participação dela foi desmembrada pela Justiça do DF. A transferência para o Brasil foi autorizada, mas ela ainda cumpre pena por crimes praticados lá.

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