Cidades

Fornecedor suspende alimentação em hospitais por falta de pagamento

Empresa informa que, a partir do almoço desta terça-feira (29/5), pacientes só receberão comida "enquanto for possível". Saúde alega que tem dinheiro, mas não pode pagar porque não há contrato referente ao período cobrado

Correio Braziliense
Correio Braziliense
postado em 29/05/2018 11:30
Entrada de hospitalA Sanoli, empresa responsável pela alimentação dos hospitais e Unidades de Pronto-Atendimento no Distrito Federal, vai suspender, em parte, o fornecimento de refeições. Em um comunicado, a Sanoli informa que, a partir do almoço desta terça-feira (29/5), somente pacientes vão receber a comida. Acompanhantes das pessoas internadas e funcionários, ficam sem. O motivo seria o atraso no pagamento de R$ 56,6 milhões, por parte do Governo do Distrito Federal.
A empresa informa, no comunicado, que manterá a alimentação dos pacientes "enquanto for possível". E diz que todas as providências foram adotadas junto ao GDF e também na Justiça. Os débitos do governo, seriam referentes ao fornecimento de alimentos em dezembro de 2014; reajustes de mão-de-obra ocorridos em 2016, 2017 e este ano; além dos meses de março, abril e 29 dias do mês de maio.
Diretor executivo do Fundo de Saúde do Distrito Federal, João Carlos Aguiar esclareceu que o pagamento demorou em razão da publicação da Lei n; 13.650. A norma proibia qualquer pagamento de despesa indenizatória da área de saúde sob pena de improbidade administrativa. A assessoria jurídica da Secretaria de Saúde notificou a Procuradoria-Geral do DF que, na tarde de segunda-feira (28/5), apresentou a orientação de seguir o pagamento.
Com o retorno, João Carlos garantiu que a despesa do mês de março, correspondente a R$ 10,6 milhões, será paga na tarde desta terça-feira (29/5). Ele informou que recebeu a nota fiscal da prestação de serviço de março em abril e o rito de pagamento da despesa indenizatória demora entre 40 a 45 dias, porque cumprem duas a três etapas a mais do pagamento de despesa normal do contrato.
Segundo João Carlos, nunca faltou recurso do Fundo de Saúde para arcar com o pagamento dos débitos. ;A Sanoli sabia de tudo isso. O que aconteceu não foi falta de recurso, mas, sim, uma lei geral que pediu o gestor de pagar qualquer despesa indenizatória. Por essa razão, tivemos esse atraso de 154 dias, inclusive com outros fornecedores de saúde. Não apenas com a Sanoli, mas com outros fornecedores da saúde com despesa indenizatória;, explicou.
No entanto, José Carlos garantiu que a alimentação, tanto dos acompanhantes quanto dos pacientes, está garantida. ;Vamos efetuar o pagamento até a tarde de hoje (terça-feira);, alegou.

Resposta

Em nota, a Secretaria de Saúde justificou o atraso nos repasses. Diz ter o dinheiro em caixa para pagar pelos serviços contratados, porém, não pode fazê-lo porque uma lei de abril deste ano, proíbe o pagamento na área da saúde sem a cobertura contratual, ainda que para manutenção de serviços essenciais.
Informa ainda que a licitação foi concluída, mas os valores cobrados dizem respeito a período anterior à assinatura dos contratos. E lamenta que a empresa "utilize o expediente de fazer ameaças de cessação de fornecimento de alimentos essenciais para pacientes, acompanhantes e servidores".
Leia a íntegra da nota da Secretaria de Saúde:
A Secretaria de Saúde do Distrito Federal esclarece que o processo para o pagamento à empresa fornecedora de alimentos está pronto e há recursos disponíveis para a quitação do débito.

No entanto, o Art. 3o. da Lei Federal 13.650, publicada em 11 de abril de 2018, tornou ato de improbidade qualquer pagamento sem cobertura contratual na saúde, ainda que para manutenção de serviços essenciais. Embora a SES tenha concluído a licitação para contratação dos serviços, os valores cobrados dizem respeito a período anterior à assinatura dos contratos.

A SES/DF trabalha para resolver a questão o mais rápido possível e dependia de posicionamento jurídico para a conclusão do pagamento, dado o novo parâmetro legal. A perspectiva de pagamento é nesta terça-feira, 29 de maio.

A pasta lamenta que a empresa fornecedora utilize o expediente de fazer ameaças de cessação de fornecimento de alimentos essenciais para pacientes, acompanhantes e servidores, com o intuito de pressionar o governo a fazer pagamentos que dependem do cumprimento de passos administrativos indispensáveis para garantir a lisura do pagamento em questão.

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