Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 02/06/2018 16:40
Depois de um fim de semana com poucos clientes, produtos e receita em caixa, feirantes e produtores da Ceasa estão mais aliviados. O abastecimento de alimentos está voltando ao normal, assim como a clientela.
Neste sábado (2/6), o movimento era bom, apesar da volta de um feriado, e praticamente todos os fornecedores haviam entregue as mercadorias até as 12h. A alta nos preços, no entanto, ainda refletia em alguns perecíveis.
O quilo da batata, que no auge de crise chegou a custar R$ 6, ainda é vendido a R$ 4. O tomate está metade do preço que foi vendido na semana passada, mas o valor ainda é alto, uma média de R$ 4 o quilo. A oferta de cebola também não está regular e, por isso, custa cerca de R$ 6 o quilo, quando o preço deveria estar na casa dos R$3. Algumas frutas como mexerica, laranja, limão, abacate e morango chegam a custar o dobro do preço normal.
Apesar destes destaques, a maioria dos feirantes e produtores procuraram voltar aos preços normais de mercado para atrair mais clientes. "Conseguimos repor todo estoque e mantivemos o preço. Agora é esperar pela clientela", declarou o vendedor de ovos Moisés Lima, 26 anos.
A aposentada Hermelinda da Silva Dutra, 69 anos, vem à Ceasa toda semana fazer as compras de casa e observou o maior movimento e preços mais acessíveis, em relação à semana passada. "Muito mais gente veio fazer a feira depois que acalmou a greve. Têm feirantes que ainda estão cobrando mais caro, mas achei até que conseguiram voltar com boa parte dos preços. O problema é que ainda não está tão fácil achar alguns produtos em todas as bancas, mas se procurar, acha", contou.
O casal Alfredo (58) e Maria Aparecida Brandão (53), conseguiu encher o carrinho e não notou muita diferença em relação aos fins de semana normais. "Nas voltas de feriado é comum não encher tanto. Sentimos um pouco menos de qualidade em alguns alimentos hoje, mas, mesmo assim, aqui sempre encontramos produtos melhores, mais diversidade"
Filas continuam para tentar comprar gás
As despensa podem até estar reabastecida, mas o gás para preparar os alimentos ainda é um problema para a população. O medo de José Vilmar Pereira, 65, vai além de conseguir cozinhar em casa. Ele participa de uma associação que, todos domingos, prepara almoço para aproximadamente 110 crianças da Estrutural. "Cheguei às 6h da manhã e já fiquei sabendo que só poderei levar um botijão. Nem temos certeza se aqui vai chegar o gás. Estamos com medo de não conseguir fazer a refeição para a comunidade. O jeito vai ser pedir para que colaboradores tragam os botijões de casa", explicou José, que, até 12h de ontem, ainda aguardava em uma distribuidora do Cruzeiro. Não havia previsão de abastecimento, de acordo com funcionários do local.
Aproximadamente 364 toneladas de GLP foram distribuídas hoje. Deste total, foram abastecidos aproximadamente 28 mil botijões de cozinha. Apesar da quantidade, a demanda ainda supera o disponibilizado. "A situação deve ser normalizada até quinta-feira. No entanto, as pessoas têm que ter calma e conscientização de que não é necessário fazer estoque, fazendo com que algumas famílias acumulem botijões enquanto outras fiquem sem", pediu o presidente do Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de Gás LP do DF (Sindvargas), Sérgio Costa.
Os caminhões com o gás vão continuar chegando nas centrais de distribuição. No entanto, de acordo com o sindicato, as revendedoras vão estar fechadas e só voltam a atender o consumidor na segunda.