Jornal Correio Braziliense

Cidades

Vítimas contam como agia estelionatária que oferecia empregos em Roma

A estimativa da Polícia Civil é de que ao menos 100 pessoas tenham sido alvo da criminosa. Ela se passava por representante de uma rede de colégios católicos para enganar as vítimas

Mais vítimas de Agenayra Maranguape Rodrigues, 22 anos, comparecem à 23; Delegacia de Polícia (P Sul) nesta terça-feira (5/6). A mulher é acusada de prometer empregos falsos no Brasil e até em Roma, na Itália. Ela pedia uma quantia em dinheiro para organizar a documentação dos trabalhos e sumia em seguida. A Polícia Civil estima que ao menos 100 pessoas foram vítimas da ação.

Após a prisão de Agenayra, na segunda-feira (4/6), dezenas de pessoas compareceram à delegacia no início desta manhã. Até a última atualização desta reportagem, ao menos 50 boletins de ocorrências estavam registrados contra a suposta criminosa. Alguma das vítimas informaram que conheceram a mulher em igrejas de Taguatinga, onde ela se aproximava com o pretexto de ajudá-las.

"Ela oferecia salários entre R$ 5 mil e R$ 15 mil para as vítimas. Depois, sumia com o dinheiro", conta o delegado à frente do caso, Victor Dann. De acordo com ele, Agenayra informava que fazia parte da Rede Salesiano de Brasília e, por e-mail, se passava por padres à frente da instituição para enganar os alvos. Ela foi presa em Samambaia, onde morava.

Com a justificativa de que precisaria emitir passaportes e organizar a documentação, a mulher cobrava até R$ 10 mil das vítimas. "Ela foi menor aprendiz na empresa aos 19 anos. Lá, ela aprendeu tudo sobre como funcionava o departamento de Relações Humanas (RH) e passou a aplicar os golpes", diz o delegado.

Vítimas enganadas

Os golpes com propostas de emprego não eram os únicos aplicados por Agenayra. O estudante Fernando Henrique da Silva, 23 anos, conta que ela pediu R$ 3 mil emprestado para ele, com a justificativa de que precisaria do dinheiro para velar o avô. "A gente se conheceu na igreja e ela acabou se aproximando de mim. Ela já tinha me prometido um emprego e eu fiquei sensibilizado com a história dela e acabei emprestando", comenta. O jovem diz que toda vez que cobrava pelo valor, a mulher inventava desculpas e pedia mais tempo.

No caso de Thays de Sousa, 24, a acusada também se aproximou da família dela por meio da igreja, em Taguatinga. "Ela ficou sabendo que eu estava desempregada e começou a querer saber mais da minha vida. Convidava a mim e ao meu ex-marido para lanchar e acabamos virando amigos", conta. Thays relata que Agenayra garantiu que a avó dela arrumaria um emprego para ela, mas que precisava de R$ 300 para consertar uns equipamentos eletrônicos para agilizar o processo. "A gente entregou o dinheiro e não tivemos mais notícias", lamenta.

Thays diz que começou a receber e-mails, sendo que um deles tinha até data marcada para entrevista. "Liguei para Agenayra e disse que não conseguiria comparecer à seleção, mas que ligaria lá para avisar. Poucos minutos depois, recebi uma mensagem avisando que não havia mais vagas. Comecei a suspeitar."
Em nota, a Rede Salesiana Brasil (RSB) informou que Agenayra não faz parte do quadro de funcionários da instituição e que não estava autorizada a representá-la. Além disso, a entidade afirma estar à disposição dos órgãos competentes para auxiliar nas investigações.

O delegado reforça que as vítimas da suposta estelionatária devem comparecer à delegacia para registrar ocorrência. De acordo com ele, isso é de extrema importância para as investigações e para a pena da suspeita, que pode variar de um a cinco anos de prisão por cada crime.