Walder Galvão - Especial para o Correio
postado em 05/06/2018 15:25
Mais vítimas de Agenayra Maranguape Rodrigues, 22 anos, comparecem à 23; Delegacia de Polícia (P Sul) nesta terça-feira (5/6). A mulher é acusada de prometer empregos falsos no Brasil e até em Roma, na Itália. Ela pedia uma quantia em dinheiro para organizar a documentação dos trabalhos e sumia em seguida. A Polícia Civil estima que ao menos 100 pessoas foram vítimas da ação.
Após a prisão de Agenayra, na segunda-feira (4/6), dezenas de pessoas compareceram à delegacia no início desta manhã. Até a última atualização desta reportagem, ao menos 50 boletins de ocorrências estavam registrados contra a suposta criminosa. Alguma das vítimas informaram que conheceram a mulher em igrejas de Taguatinga, onde ela se aproximava com o pretexto de ajudá-las.
"Ela oferecia salários entre R$ 5 mil e R$ 15 mil para as vítimas. Depois, sumia com o dinheiro", conta o delegado à frente do caso, Victor Dann. De acordo com ele, Agenayra informava que fazia parte da Rede Salesiano de Brasília e, por e-mail, se passava por padres à frente da instituição para enganar os alvos. Ela foi presa em Samambaia, onde morava.
Com a justificativa de que precisaria emitir passaportes e organizar a documentação, a mulher cobrava até R$ 10 mil das vítimas. "Ela foi menor aprendiz na empresa aos 19 anos. Lá, ela aprendeu tudo sobre como funcionava o departamento de Relações Humanas (RH) e passou a aplicar os golpes", diz o delegado.
Vítimas enganadas
Os golpes com propostas de emprego não eram os únicos aplicados por Agenayra. O estudante Fernando Henrique da Silva, 23 anos, conta que ela pediu R$ 3 mil emprestado para ele, com a justificativa de que precisaria do dinheiro para velar o avô. "A gente se conheceu na igreja e ela acabou se aproximando de mim. Ela já tinha me prometido um emprego e eu fiquei sensibilizado com a história dela e acabei emprestando", comenta. O jovem diz que toda vez que cobrava pelo valor, a mulher inventava desculpas e pedia mais tempo.
No caso de Thays de Sousa, 24, a acusada também se aproximou da família dela por meio da igreja, em Taguatinga. "Ela ficou sabendo que eu estava desempregada e começou a querer saber mais da minha vida. Convidava a mim e ao meu ex-marido para lanchar e acabamos virando amigos", conta. Thays relata que Agenayra garantiu que a avó dela arrumaria um emprego para ela, mas que precisava de R$ 300 para consertar uns equipamentos eletrônicos para agilizar o processo. "A gente entregou o dinheiro e não tivemos mais notícias", lamenta.
Thays diz que começou a receber e-mails, sendo que um deles tinha até data marcada para entrevista. "Liguei para Agenayra e disse que não conseguiria comparecer à seleção, mas que ligaria lá para avisar. Poucos minutos depois, recebi uma mensagem avisando que não havia mais vagas. Comecei a suspeitar."
Em nota, a Rede Salesiana Brasil (RSB) informou que Agenayra não faz parte do quadro de funcionários da instituição e que não estava autorizada a representá-la. Além disso, a entidade afirma estar à disposição dos órgãos competentes para auxiliar nas investigações.
O delegado reforça que as vítimas da suposta estelionatária devem comparecer à delegacia para registrar ocorrência. De acordo com ele, isso é de extrema importância para as investigações e para a pena da suspeita, que pode variar de um a cinco anos de prisão por cada crime.