Cidades

Casadas com brasileiros, mulheres russas festejam pelas ruas do DF

Moradoras da cidade nascidas no país-sede se reuniram em um estabelecimento da 209 Norte para assistir à abertura do Mundial 2018

Ana Rita Gondim - Especial para o Correio, Mariana Machado
postado em 15/06/2018 06:00
As russas e os companheiros brasileiros agitaram o Fausto e Manoel, na 209 Norte: empolgação com os cinco gols da estreia
Mesmo sem a Seleção Brasileira estar em campo e não ser feriado, brasilienses encheram bares e restaurantes para assistir à partida de abertura da Copa do Mundo ontem. Eles não desgrudaram os olhos dos televisores que transmitiam Rússia x Arábia Saudita, em uma disputa sem favoritos ao título. A maioria se surpreendeu com os 5 x 0 a favor dos donos da casa. Um grupo de russas casadas com brasileiros também chamou a atenção, na Asa Norte.

Ioulia Allgower: Em uma mesa de 15 amigos, as russas, vestidas nas cores vermelha, azul e branca, torciam animadas com noivos e maridos brasileiros. O grupo destacava-se entre os torcedores no Fausto e Manoel, na 209 Norte. Há sete anos no Brasil, a artista plástica e bancária Ioulia Allgower, 44 anos, estava ao lado do noivo, o hoteleiro Sérgio Augusto dos Santos, 42. ;Torço para a Rússia sempre. Mas, se houver uma disputa entre Brasil e meu país natal, serei Brasil. Afinal, me naturalizei e amo esta terra;, explicou a mulher.

Sérgio Augusto está empolgado e curioso com o Mundial na Rússia. O motivo: o país não tem tradição em futebol. Por isso, e também por causa da noiva, decidiu engrossar a torcida pela seleção eslava. ;Estou torcendo para a Rússia ir para a segunda fase, para ter mais diversão;, ressaltou. Ele também está confiante em um bom desempenho do Brasil, embora acredite que a Inglaterra levará a taça de 2018.

Um dos poucos a vestir a camiseta da seleção canarinho no bar da Asa Norte, o assistente Heglison Lacerda, 43 anos, era mais otimista. ;O Brasil vai ser hexa!”, garantiu. Ele saiu do trabalho, no horário de almoço, para ver a abertura do Mundial. ;Se, no Carnaval, o povo enche as ruas mesmo com corrupção no país, por que não torcer para o Brasil na Copa do Mundo? Sou apaixonado por futebol. Acompanho sempre. É tradição na minha vida. Não tem como deixar de assistir;, declarou-se.
Os irmãos Paulo Henrique e Guilherme Lessa não perderam um lance do primeiro jogo do Mundial da Rússia

Memória afetiva

No Libanus, na 206 Sul, brasilienses deram uma esticadinha no horário de almoço e aproveitaram o jogo de estreia da Copa para encontrar amigos e familiares. O jogo seguiu, durante a maior parte do tempo, sobre o burburinho animado do bar. As vozes difusas, porém, formavam um coro a cada gol da Rússia. O médico Henrique de Oliveira Batista, 28 anos, é um dos que acredita no hexa, mas não escondeu a preferência pela seleção anfitriã na abertura dos jogos. ;Torço pela dona da casa. Sou um apaixonado por futebol e a Copa é um evento carregado de memórias importantes da minha vida;, explicou. Colega de Henrique, Ana Beatriz Carneiro, 29, por sua vez, destacou a importância da reunião. ;Os amigos se encontram e é aí que entro no espírito da copa;, afirmou.

Os irmãos Paulo Henrique Lessa, 49 anos, e Guilherme Lessa, 56, almoçaram juntos, virados para uma das quatro TVs do bar, enquanto russos e sauditas se enfrentavam no campo. ;Aproveitamos o horário do almoço para se encontrar e assistir à abertura do Mundial. Acho que o Brasil vai longe, mas não sei se chega a campeão. Estou cético, embora guarde uns 5% de esperança;, brincou o mais novo. O primogênito concorda. ;A Copa é uma excelente desculpa para reuniões. Assistimos a um bom jogo e tomamos uma boa cerveja. Sobre o Brasil, temos uma boa equipe e um excelente técnico. Temos todas as chances de sermos campeões. Mas, algo me diz que ficaremos nas quartas de final;, avaliou.
Socorro Dias aproveitou a hora do almoço para comprar artigos verde-amarelo para toda a família

Tradição renovada

A abertura da Copa também serviu de injeção de ânimo para quem aguarda o jogo do Brasil, domingo, contra a Suíça. Seja pela torcida, seja pela reunião com amigos e familiares. A aposentada Socorro Dias, 66, por exemplo, vai reunir filhos e netos para ver a estreia da Seleção Brasileira em casa, evento que se transformou em tradição. ;São três filhos, cinco netos e uma bisneta. Toda Copa, nos reunimos em casa. Neste ano meu filho juntou primos e colegas do trabalho;, contou.

Depois de bater perna no Taguacenter, em Taguatinga, Socorro encheu o carro dos produtos mais variados. Ela comprou bolas, balões, lanternas e roupas para todas as crianças da família. Para a aposentada, é uma grande alegria reunir a família para comer e torcer pelo sexto título do país no Mundial. ;É algo que acontece uma vez a cada quatro anos. A gente precisa aproveitar;, disse.

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