Felipe de Oliveira Moura*
postado em 16/06/2018 15:32
"Sou apaixonada por esportes e sempre fui metida a atleta, apesar do porte físico não me garantir muita coisa. Fiz ginástica olímpica, futebol, ginástica artística, natação, judô, vôlei;" Torcedora do São Paulo, Mariana Neme, 38 anos, é inquieta quando o assunto é esporte, em especial o futebol. Talvez por isso ela tenha se sentido tão frustrada quando não conseguiu férias para acompanhar, in loco, o maior campeonato do esporte no país em 2014. "Ficou aquela insatisfação de não ter visto o jogo e aquele momento maravilhoso que é a Copa do Mundo, que não tem igual", lamenta.Bancária há 15 anos e atualmente trabalhando como analista de TI no Banco do Brasil, Mariana se planejou e vai à Rússia realizar o sonho de acompanhar o mundial. Mochileira, ela já visitou 27 países e sonha em dar a volta ao mundo. "Comecei a verificar se seria interessante acompanhar os mundiais e ir agregando a essas viagens o intercâmbio cultural. Decidi que iria para a Rússia", conta.
A história de paixão pelo esporte mais popular do mundo começou quando ainda era pequena, em Presidente Prudente, interior de São Paulo. A torcedora do tricolor paulista cresceu e após mudar para Brasília começou a organizar jogos de vôlei no Clube da Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB). O envolvimento foi tão grande que ela foi convocada para tocar outro projeto em 2008. "Por causa da minha paixão pelo futebol, fui chamada para organizar o campeonato feminino interno. Com isso, fomos trazendo muitas meninas que gostam de futebol e formamos grupos", relembra.
A amizade entre as mulheres que tinham em comum o amor pelo futebol cresceu e deu forma ao "Elas na Copa", grupo feminino que vai assistir ao mundial na Rússia. As meninas têm canal no Youtube, página no Instagram e até blog onde falam de futebol e sobre a viagem. Tem mulher casada indo com o marido, mas tem também aquelas que vão sem os namorados, porque a paixão fala mais alto. Para Mariana, é também uma oportunidade de quebrar estereótipos. "A gente sofria um pouco de preconceito no grupo e tinha aquele papo machista de que mulher não entende de futebol. Vimos que tinha uma bandeira a levantar de que também temos espaço nos estádios, nos campos e que não tem problema nenhum viajar mesmo para um país desconhecido", assegura.
Para conseguir pôr o plano em prática, Mariana teve que "brigar" pelas cobiçadas férias em julho. "A liberação não foi fácil, mas eu consegui. Todos os dias eu olho para ver se minhas férias não foram canceladas", brinca. Ao todo serão 22 dias de férias, dos quais 15 em solo russo. No entanto, como sai do Brasil em 28 de junho, a bancária vai acompanhar presencialmente apenas os jogos da segunda fase da competição. "Comprei ingressos das oitavas, quartas e semifinais seguindo o Brasil", conta. O valor das entradas, no entanto, surpreendeu. Somente com quatro ingressos, foram gastos mais de R$ 5 mil.
"Eu sabia que seria uma viagem bem cara, mas não tanto;, conta. Mãe de Vitor Neme, 9, Mariana decidiu ver a primeira fase no Brasil para curtir o aniversário do filho, que será comemorado na véspera do embarque para a Rússia. "Ele entendeu muito bem a situação, porque é apaixonado por futebol. Vamos nos programar para irmos ao Catar em 2022;, planeja. A Copa do Mundo acaba em 15 de julho, mas Mariana só retorna ao Brasil seis dias depois, afinal, como boa mochileira que é, vai fazer um tour pelos países bálticos, como Estônia, Lituânia e Polônia. Para que a felicidade seja completa, só falta trazer o hexa na bagagem. "Eu estou muito confiante. A dobradinha Jesus e Neymar não vai decepcionar. O Tite é um líder gigante e confio muito na administração dele sobre o time", garante.