Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 16/06/2018 22:20
O Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Distrito Federal (BPMA) criou um grupo de Whatsapp para encontrar novos donos a animais resgatados que foram vítimas de maus tratos. Em menos de um dia, mais de 150 pessoas faziam parte da lista de interessados.
Para participar, é preciso fazer a solicitação pelo número do Whatsapp do Disque Denúncia: 99351-5736. Ao entrar no grupo, é necessário preencher uma breve ficha para se cadastrar como possível adotante. Na descrição do canal, o objetivo é claro: destinar os bichinhos para adoção e, em hipótese alguma, tentar doar um pet. O meio também não funciona como plataforma para novas denúncias ou relatos de casos de abandono.
Desde o início do ano, o Batalhão foi acionado para 114 casos de maus tratos a animais. Ao confirmar a agressão, os militares atuam, apreendendo os cães e gatos. Vinte e dois foram resgatados, entre eles, o Edu. Apreendido na Granja do Torto, após ser espancado, arrastado e maltratado, o cãozinho foi resgatado e levado para uma clínica no Paranoá. Ele passou por cirurgia e outros tratamentos e, atualmente, se recupera sob a guarda de um fiel depositário, ou seja, um cuidador que fica temporariamente com o pet até que os trâmites judiciais sejam encerrados.
O problema
Como os cães e gatos são frutos de uma apreensão, é aberto um processo judicial contra o antigo dono e, até que o juiz decida pela perda ou não da tutela, os bichinhos ficam em lares provisórios.
O problema é que nem sempre há interessados em acolher os animais e, neste caso, a legislação manda devolver ao antigo dono, o próprio suspeito de agressão. "Isso é um absurdo. Por isso, a ideia do grupo é, de forma rápida, lançar a foto do animal e, já com o cadastro prévio do adotante, conseguir levar o animal para o interessado, que fica com o ele, aguardando a decisão do juiz", explicou o subtenente do Batalhão Ambiental Wilson José Oliveira de Sousa. De acordo com o batalhão, na grande maioria dos casos, o fiel depositário fica com a posse definitiva do animal.
No Distrito Federal não há abrigos públicos e, atualmente, os militares têm que recorrer a parceiros e ONGs para acolher, tentar tratamento e achar novos donos. A advogada e defensora de animais Ana Paula Vasconcelos é uma dessas voluntárias que ajuda o batalhão com um novo lar para os animais apreendidos. "Eu acolho o animal, dando tratamento veterinário adequado, porque na maioria das vezes eles chegam doentes e machucados", explica.
Para Ana Paula, o grupo do Whatsapp deve facilitar esse processo, conseguindo donos de forma mais rápida e efetiva. "Infelizmente as pessoas ainda tem muito preconceito com animais que não são de raça. A gente espera que, com a criação do grupo, haja uma abrangência maior e que os interessados possam acolher vidas sofridas, acabando com essa compaixão seletiva".