Ana Viriato, Mariana Machado
postado em 18/06/2018 07:00
A estreia do Brasil na Copa do Mundo de 2018, ontem à tarde, trouxe de volta à capital duas sensações que estavam adormecidas até então: o ânimo da torcida verde-amarela, que lotou os bares e restaurantes para assistir à partida, e a decepção com o desempenho da Seleção, com o empate de 1 x 1 com a Suíça. Os gritos de apoio e a comemoração pelo primeiro e único gol do Brasil, marcado aos 19 minutos do primeiro tempo por Philippe Coutinho, logo foram substituídos por suspiros e lamentações ao longo de praticamente todo o segundo tempo.
O empate teve sabor amargo para aqueles que esperavam uma partida eletrizante, por conta do rendimento positivo do time Canarinho nos últimos jogos. Para os torcedores que acompanharam o jogo envoltos por camisas, cocares e chapéus verde-amarelos, o placar magro ocorreu devido à ansiedade da equipe e aos erros de arbitragem. Para o militar Lucas Scarpelo, 20 anos, o juiz interferiu no resultado ao deixar de marcar uma suposta falta em Miranda, que antecedeu o gol da Suíça, e um suposto pênalti em Gabriel Jesus. ;Havia um árbitro de vídeo capaz de esclarecer todas as dúvidas. Não consultá-lo é uma forma de omissão;, reclamou Lucas.
Na visão de outros torcedores, contudo, faltou capacidade de criação ao time brasileiro para driblar o ferrolho suíço, apelido da ala defensiva da seleção adversária. Servidora pública, Tayana Kleuver, 28 anos, pontuou que, após o gol da Suíça, o Brasil apagou em campo, reagindo apenas nos 15 últimos minutos, com jogadas aéreas. Para ela, porém, a Seleção crescerá ao longo do Mundial da Rússia. ;Há uma grande diferença entre o Brasil de 2014 e o de 2018. Hoje, somos um time além de Neymar. Coutinho e Marcelo, por exemplo, estão jogando bem. Aposto em 2 x 1 para a Seleção na próxima partida;, disse, se referindo ao jogo contra a Costa Rica, na sexta-feira.
Amiga da servidora pública, a professora Lorena Rodrigues, 26, disse estar decepcionada com o placar. Empolgada antes da estreia brasileira, ela apostou em uma vitória da Seleção por 5 x 0 no bolão da empresa. ;Somos o time de maior tradição. A Suíça saiu com gosto de vitória e nós, de derrota;, lamentou.
Revanche
Apesar do empate com poucos gols, os torcedores garantiram não temer os próximos jogos do Grupo E, integrado, ainda, por Sérvia e Costa do Marfim, além da Suíça. Acompanhado de amigos e família vestidos a caráter para a estreia do Brasil, o servidor Luciano Costa, 47 anos, disse confiar em resultados melhores nas próximas partidas, com base no histórico recente de vitórias. ;Seremos os primeiros colocados. A Alemanha, que perdeu hoje (ontem), também deve se recuperar e ficar na primeira posição do grupo F. Acredito que nos enfrentaremos mais à frente. Meu sonho é que seja na final para devolvermos o presente;, brincou, se referindo à goleada de 7 x 1 sofrida pela Seleção na semifinal de 2014.
Caso o Brasil se classifique em primeiro lugar do grupo E e a Alemanha, que ontem foi derrotada pelo México por 1 x 0, fique em segundo no grupo F (ou vice-versa), as duas seleções se enfrentarão nas oitavas de final. Mesmo com o empate de ontem, os torcedores acreditam que o fatídico 7 x 1 não irá se repetir. O estudante Vinicius França, 28, é um deles. ;A Alemanha perdeu para o México, isso já abalou a confiança deles. Sou muito patriota, torço muito. Esse foi um jogo inicial de um grupo conciso. As grandes equipes estão indo com calma neste começo de Copa;, declarou.
O estudante Sohel Habka, 19, de origem libanesa, também acredita que a equipe de Joachim L;w não oferece perigo. ;O brasileiro está fervoroso por uma vitória. Esta é a chance de uma revanche com a Alemanha;, disse. O torcedor Matheus Manente, 25, lembrou, com tranquilidade, que aquele era apenas um jogo inicial. ;O Neymar ainda não jogou para valer. Nos próximos, o Brasil vai ganhar de 3 x 1 em cada;, aposta. Amiga dele, Raíssa Assis, 27, está ansiosa por um confronto com a Alemanha. ;A gente vai devolver aquele 7 x 1;, declarou.