Ana Viriato
postado em 21/06/2018 06:00
Com a formalização do apoio do PV à reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), ontem, a chapa do socialista começa a sair do papel. Para preencher os demais espaços do grupo, o chefe do Palácio do Buriti terá a missão de, sem deixar de lado os interesses da própria legenda, alinhar as exigências de partidos que priorizam vagas proporcionais, em vez de cargos majoritários, por estarem de olho na sobrevivência. Outro desafio será o de reconstruir pontes com antigos aliados. Até então, eram cogitadas aproximações com Rede e PDT, que romperam com a base no último ano. Mas, no evento de oficialização da aliança com o PSB, o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, fez um novo aceno em nome do grupo: ao PPS, do senador Cristovam Buarque.
Penna destacou que, ao fechar com Rollemberg, o partido permaneceu no campo que desenhou ao longo dos anos. Na visão do presidente da legenda, o PPS pertence ao mesmo grupo político. ;O PPS também faz parte. Sinto que podemos arrastá-lo para cá. Fica o nosso voto;, apontou. A aproximação seguiria o molde de outras unidades da Federação. Em São Paulo, PV e PPS uniram-se em apoio ao pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes Márcio França (PSB).
Há, entretanto, um obstáculo à união no DF. Eleitos senadores na mesma chapa em 2010, Rollemberg e Cristovam se distanciaram e romperam em fevereiro de 2017. Naquela época, o senador declarou que o partido ;cansou de tentar, mas não conseguir participar e, principalmente, influir nos destinos da cidade;. Desde então, são recorrentes alfinetadas e críticas entre os dois.
Apesar do embate, Rollemberg diz não ter fechado as portas para uma reaproximação com Cristovam. ;Sempre há esperança. Partidos tradicionais do mesmo campo têm muita identidade política. Como disse o Eduardo (Brandão, presidente regional do PV), não há nenhuma ação de governo que possa nos separar irremediavelmente do ponto de vista conceitual. Os problemas que tivemos são sanáveis e superáveis por meio do diálogo;, apontou o governador. Nos bastidores, acredita-se que Brandão sairá na chapa de Rollemberg como vice.
O aceno, contudo, não deve ser suficiente para garantir a reaproximação, ainda menos até o fim das convenções partidárias, período para o registro de coligações e candidaturas, entre 20 de julho e 5 de agosto. As principais possibilidades do senador Cristovam Buarque são permanecer na coalizão de nove partidos, cujo pré-candidato ao Buriti é Izalci Lucas (PSDB), ou migrar para a chapa do ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR).
Entre os ex-aliados na mira de Rollemberg, estão também a Rede e o PDT, que romperam com a base governista no ano passado. As duas siglas se uniriam em apoio à candidatura de Joe Valle (PDT) ao Buriti. Mas, com a desistência do pedetista, a Rede se reaproximou do chefe do Executivo local. A aposta é de que Chico Leite (Rede) preencha uma das vagas em disputa ao Senado na chapa do governador.
Com o PDT, a situação é mais delicada. Principal articulador do partido na capital, Joe Valle deixou clara, por diversas vezes, a intenção de concorrer ao Senado na chapa de Jofran Frejat. A aliança, portanto, deve acontecer apenas em caso de interferência nacional. Isso porque o PSB estuda apoiar o presidenciável Ciro Gomes (PDT) e pedir, em troca, o suporte aos candidatos a governos estaduais, como Rollemberg.
Proporcionais
Após a minirreforma eleitoral, os partidos passaram a se preocupar ainda mais com a eleição de deputados federais. Conforme a nova legislação, siglas que não alcançarem um percentual de votos específico terão acesso impedido ao Fundo Eleitoral e ao tempo de tevê e rádio. De olho na condição, Solidariedade e Podemos, que avaliam fechar com o governador, exigem condições para a eleição de ao menos um parlamentar para fechar aliança. ;Permanecemos no governo com todas as dificuldades e críticas. Mas, agora, a nossa prioridade é o fortalecimento da bancada na Câmara. Isso precisa ser estudado com calma;, pontuou o pré-candidato a deputado federal e presidente local do Solidariedade, Augusto Carvalho.
No caso do Podemos, há, ainda, a preocupação com um palanque para o presidenciável Álvaro Dias. Numa investida pela aproximação, o governador Rodrigo Rollemberg disse, ontem, à presidente nacional da sigla, Renata Abreu, que a chapa pode apoiar distintos candidatos ao Palácio do Planalto.
Na base
Integrante da coligação de Agnelo Queiroz (PT) em 2014, a sigla apoiou a candidatura de Rodrigo Rollemberg (PSB) no segundo turno. Nos três anos de gestão, manteve-se aliada ao governador, mesmo em debates espinhosos, como a reforma da Previdência do DF e a criação do Instituto Hospital de Base. Na estrutura administrativa, detém indicações na Secretaria de Políticas para Criança, Adolescentes e Juventude.