Cidades

Comerciantes esperam bom desempenho da Seleção para reverter fiasco do 7x1

Meta é finalmente acabar com o estoque de produtos que restaram do fiasco de 2014, contra a Alemanha

Mariana Machado, Alexandre de Paula
postado em 22/06/2018 06:01
Mironeide Braga exibe camisa do zagueiro David Luiz, um dos protagonistas do vexame histórico:
Animados com o movimento durante a Copa do Mundo no Brasil em 2014, lojistas lotaram as prateleiras de produtos verde-amarelo. A histórica derrota para a Alemanha por 7 x 1 na semifinal do torneio, porém, foi cruel com os comerciantes. Desencantados com o time Canarinho, torcedores passaram longe de artigos relacionados à Seleção e muitos itens ficaram no estoque. Quatro anos depois, os lojistas esperam bom desempenho do time comandado pelo técnico Tite e acreditam que, finalmente, conseguirão vender tudo o que restou dos produtos comprados quatro anos atrás.

Para alguns deles, a Copa da Rússia é a esperança de recuperar o prejuízo causado pela derrota brasileira no fatídico confronto com a Alemanha no Mineirão. Dono de lojas no Taguacenter, o empresário André Duarte, 39 anos, conta que os gastos com artigos que precisaram ficar guardados desde o fim da Copa do Mundo de 2014 chegaram a R$ 44 mil. ;Pago quase R$ 1 mil para armazenar esses produtos. São quatro anos em que eles ficaram estocados, porque não tinha saída;, explica. A expectativa agora é conseguir vender tudo. Para tal, ele faz promoções. ;Estou vendendo tudo com descontos;, garante. As cornetas, por exemplo, que antes custavam R$ 1 a unidade, agora saem pela metade do preço.

Márcio João Macedo, da Grandes Torcidas:
Dono da loja de artigos esportivos Grandes Torcidas, na 308 Sul, Márcio João Macedo, 42 anos, lembra do impacto imediato do 7 x 1. Como a competição ocorria no Brasil, as vendas corriam bem e ele aproveitou para encher a loja de produtos da Seleção. ;Tínhamos muitos produtos e, depois disso, nada vendeu. As pessoas sentiam vergonha de usar qualquer coisa relacionada à Seleção e não compraram mais;, comenta.

Da época, sobraram, por exemplo, vários kits, bandeiras e camisetas infantis. Todos os itens foram colocados à venda novamente com o início da Copa da Rússia. O movimento deste ano surpreendeu o comerciante. ;Estamos vendendo muito. Superou as nossas expectativas. Praticamente tudo de 2014 já foi vendido e temos uma fila de espera de cerca de 120 pessoas para camisas oficiais;, diz.

Proprietário da Action Sports, também na 308 Sul, Valnei Macedo, 44 anos, conta que o foco da loja são artigos para a academia de ginástica. Em tempos de Copa, porém, o verde-amarelo toma conta. Ele também diz que sobraram artigos de 2014 e, por isso, neste ano investiu de maneira diferente. ;A loja tinha muitas camisas oficiais em 2014. Neste ano, optamos pelas licenciadas, mais baratas;, explica. Valnei está animado com as vendas, apesar de notar que o empate do Brasil com a Suíça, no primeiro jogo, esfriou as compras. ;Mesmo assim, o movimento melhorou muito em relação aos meses anteriores e é só o Brasil começar a ter bons resultados que o movimento aumenta;, aposta.

Esperança

Nas diversas banquinhas e lojas que vendem artigos relacionados à Copa na Feira da Torre de TV também é notório que muita coisa emperrou desde a goelada da Alemanha. Camisetas da Seleção Brasileira daquele torneio dividem espaço com bandeiras, cornetas e outros artigos.

Vendedora da Lembranças Brasil e Brasília Mironeide Braga, 58 anos, diz que as vendas começaram a melhorar e o que o fim de semana passado foi ;ótimo;. A esperança é conseguir vender o que sobrou de 2014. ;Depois do 7 x 1, o movimento gelou e não se vendeu mais nada. A gente espera que saia tudo agora;, diz. Ao lado de uma camisa com o nome do zagueiro David Luiz, um dos protagonistas daquela derrota, ela brinca: ;Mas acho que essa aqui não vai sair, não;. David Luiz não foi convocado para a Copa da Rússia.

Alguns contam que conseguiram driblar as sobras da Copa passada. Na loja A Festiva, na 106 Sul, por exemplo, os itens que restaram foram vendidos no período de manifestações que sucederam o evento esportivo. ;As pessoas queriam produtos verde-amarelo e levavam o que tinha sobrado da Copa;, conta a gerente, Patrícia Ferreira, 38 anos. Para os próximos dias, ela espera um aumento de 10% nas vendas e acredita que se a Seleção for bem mais pessoas devem procurar os itens relacionados à Copa. ;Estou muito confiante. A semana passada foi muito animada, tinha muita gente comprando na quadra. Acho que as coisas vão melhorar;, diz Patrícia.

Torcida dupla

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista), Edson de Castro, acredita que a greve dos caminhoneiros também pode pesar para que a venda dos produtos que sobraram da Copa de 2014 seja maior neste início de competição. ;Com a paralisação, o transporte de muitas peças ficou prejudicado. Há lojas em que não se encontra mais a camisa oficial deste ano, que custa em torno de R$ 300. Já a camisa de 2014 ainda é encontrada em alguns lugares, e sai a uma média de R$ 180;, diz o presidente.

Ele confirma que o empate em 1 x 1 contra a seleção da Suíça prejudicou um pouco o comércio, mas a entidade calcula que devam ser vendidas aproximadamente 500 mil camisetas (entre oficiais e não-oficiais) no Distrito Federal. ;Se o Brasil tivesse ganhado a estreia, a venda seria bem maior nesta semana, mas vamos torcer para que a Seleção comece a vencer e a gente tenha condições de colocar o estoque para fora;, explica.

Uma pesquisa feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio) com 401 pessoas, estima um crescimento de 12% nas vendas de junho, em relação ao mês passado. A procura deve ser, principalmente, por itens de armarinho (37,6%). Segundo o presidente da entidade no DF, Adelmir Santana, os dados estão se comprovando, mas as vendas estão diretamente relacionadas com o desempenho da Seleção. ;Faz parte do jogo. Se (a Seleção) passar vexame, pode haver prejuízo;, lamenta.

Por isso, comerciantes e lojistas confessam que a torcida, durante a Copa, é em dobro. ;Torço uma vez pelo país, como patriota, e outra como empresário, esperando o Brasil ir muito bem para as vendas melhorarem ainda mais;, diz Márcio João Macedo, da loja Grandes Torcidas.

500 mil
Quantidade estimada de camisetas que devem ser vendidas no DF durante a Copa

12%
Estimativa de aumento das vendas em junho

10%
Estimativa de aumento em junho do setor de serviços em razão da Copa

37,6%
Vendas esperadas para itens de armarinho, setor que deve se destacar

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