Vera Batista, Isabela Nóbrega*
postado em 22/06/2018 18:19
Com uma vitória apertada, garantida somente nos acréscimos, a Seleção Brasileira fez com que os torcedores deixassem de lado o arrependimento por terem acordado cedo nesta sexta-feira (22/6). O jogo contra a Costa Rica começou às 9h, mas, às 7h, os espectadores já se reuniam em bares e restaurantes do Distrito Federal para acompanhar a partida. Os dois gols marcados após os 45 minutos do segundo tempo animaram os brasilienses e garantiram a continuidade das comemorações no início do fim de semana.
Não faltou emoção. Alguns choraram com o resultado de 2 x 0, outros ainda estavam com raiva de jogadores que caem a toda hora e um pequeno número até entendeu os motivos da fraca atuação de craques que rendem pouco sob pressão. E, como de costume, ficou evidente que todos os brasileiros têm um pouco de técnico e treinador. A maioria, se estivesse no lugar de Tite, faria mudanças na seleção para melhorar o desempenho da equipe na disputa com a Sérvia, na quarta-feira (27.06).
Entre um estabelecimento e outro, a palavra que mais se ouvia depois da partida da Seleção era ;sofrimento;. Muitos dos torcedores que padeceram pela manhã aliviaram a tensão comemorando com fartos goles de cerveja gelada.
Em um bar do Sudoeste, os amigos Lucas Vidal, 26 anos, engenheiro civil, André Christoforo, 26, piloto de avião, Rayane Elias, 28, executiva de contas, e William Fernandes, 27, motorista de transporte por aplicativo, chegaram por volta das 8h para vibrar pela vitória do Brasil. Lucas foi o primeiro. Estava, de início, com outros amigos e a namorada. O povo foi saindo e ele foi trocando de mesa. Não tinha hora para ir embora. ;Gostei muito da Seleção. Os jogadores fizeram um bom trabalho. Só precisam persistir mais na finalização;, opinou. Por esse detalhe, Lucas, para a próxima partida, trocaria Gabriel Jesus por Firmino.
Para André, que estava feliz da vida, não poderia ter sido melhor. ;Chorei, sim. Adorei, porque a Costa Rica fez cera. Por causa disso, houve os acréscimos. E nós fizemos os dois gols. Foi um sentimento de vingança muito bom;, admitiu. Para William, os resultados nesta primeira fase ainda estão confusos. ;Nas oitavas de final vai ter mais futebol, mais corpo a corpo;, espera. Rayane adorou a partida. ;Foi muito emotivo. Muito sofrido. Mas valeu à pena;. Ela foi a única que não tomou bebida alcoólica porque foi trabalhar depois do almoço, até às 18h. ;Só bebi suco de laranja;, disse, apontando para o copo. Com exceção dela, que vai usar o próprio carro, todos os outros prometeram voltar para casa de táxi ou motoristas de aplicativos.
Um dos bares da Asa Sul que continuavam lotados após a partida do time brasileiro, os clientes permaneciam de olho nas outras partidas. Dayanni de Souza Rezande, 24, saiu do trabalho direto para encontrar com os amigos. ;Que jogo sofrido. Mas no final deu tudo certo. Ganhei o bolão lá no trabalho. Acertei o placar;, comemorou. Ana Carolina da Silva, 30, operadora de telemarketing, concordou com a amiga. ;Foi sofrido mas foi bom. E, nos próximos, o Brasil vai melhorar;, apostou. Mas a Seleção Brasileira só terá resultado mais expressivo se o William for substituído, palpitaram.
A servidora pública Ângela Paiva, 34 anos, e a psicóloga Natália Jansen, 32, ficaram animadas com o resultado do jogo. "Na primeira partida do Brasil, chegamos aqui no final. Nesta, viemos cedo para acompanhar. Agora, estamos esperando alguns amigos, que moram no Rio de Janeiro e também vão curtir a tarde musical daqui", conta Ângela. Natália acrescentou que a comida, a música, o atendimento e o público estavam excelentes durante todo o dia. "Gostei daqui porque os frequentadores são bonitos. Achei uma ótima opção para quem está solteiro", recomendou a psicóloga.
O analista de sistemas Sandro Braga, 46, é cliente antigo do estabelecimento: "Gosto de assistir aqui porque é animado, tem vários telões e o local é arejado. Cheguei em cima da hora e, ainda assim, consegui um bom lugar. Queria poder ver ver o jogo das 15h, mas preciso trabalhar. Apesar disso, no fim do expediente, eu voltarei", acrescentou.
Para Arthur Weiber, proprietário do bar, a partida superou as expectativas. "Por ser às 9h, eu não esperava que o movimento fosse tão bom. Para o próximo, ma quarta-feira (27/06) temos cerca de 100 ingressos vendidos. A expectativa é de que as comemorações sejam melhores que as de hoje, que foram bem animadas", afirmou.
Hora-extra durante a semana
O servidor público Regis Folia, 43, conta que, para garantir a folga de hoje, teve de fazer hora-extra durante a semana. Ele assistiu ao jogo em um bar no Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e considerou o café da manhã no estabelecimento um diferencial. "O pessoal aqui estava bastante animado, torci muito com meus amigos e pretendo acompanhar todos os jogos seguintes", assegurou.
Chef de cozinha do bar, Jorge Siqueira lembrou que, há uma semana, a equipe estava nos preparativos para fazer um café da manhã, algo incomum na casa, que abre às 11h. "Fizemos um coffee-break com bolo, salgados, cachorro-quente. Depois, servimos o almoço", detalhou.
* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer