Cidades

Com Neymar apagado, Philippe Coutinho cai nas graças dos brasilienses

Philippe Coutinho se destaca e conquista o torcedores confiantes na vitória do campeonato. Mas o camisa 10 ainda é a grande esperança

Amanda Ferreira*, Geison Guedes - Especial para o Correio
postado em 25/06/2018 06:00
Mônica e Cleiton Mendes acham que Neymar está sofrendo muita marcaçãoMesmo nos dias em que a Seleção Brasileira não joga, os brasilienses fazem questão de comentar e dar suas opiniões, especular sobre o futuro do time comandado por Tite. A discussão do momento é: a eficiência de Philippe Coutinho ou o show de Neymar? Pelas ruas, não foi difícil encontrar os que davam uma de treinador e opinavam sobre a equipe brasileira.

Para o motorista Ronald de Farias Cavalcante, 35 anos, o momento é do Coutinho. Segundo ele, o camisa 11 está mais crucial, até por isso se mostra mais importante para o time. ;Futebol é momento e nos últimos jogos do Brasil quem decidiu foi Coutinho, ele foi muito mais decisivo;. Ele acredita que Neymar ainda não está 100%. ;Eu acho que ele está jogando machucado. O servidor público Bruno Araújo, 34 anos, concorda que o 11 está em um melhor momento, mas acredita que o craque da 10 está muito bem marcado. ;Como a marcação está pesada em cima de Neymar, acaba sobrando para outros jogadores a função de decidir os jogos;. Em um ponto os dois concordam: até a final, o Neymar será o cara do Brasil e ajudará na conquista do título.

Para os músicos Franklin Fiuza, 39 anos e Rafael Ramalho 33 anos, não há o que pensar: o momento é de Coutinho. ;Ele está mais confiante, com condições físicas melhores;, aponta Ramalho. Mesmo concordando com o amigo, Fiuza acredita que Neymar ainda vai deslanchar. ;Imagino que, das quartas para frente, ele mostrará a que veio;. O produtor musical Kardec Sousa, 40 anos, acredita que, se o camisa 10 fizer um bom jogo contra a Sérvia, ele vai ;destruir; no mata-mata. ;A condição física abalou um pouco o psicológico dele, mas estando 100% recuperado, com a parte física perfeita, a cabeça vai estar mais fria para ele mostrar o que sabe;, confia. Os três acreditam que Coutinho vai repetir o Rivaldo de 2002, fazendo uma Copa de alto nível, mas sem muito alarde, e que Neymar ainda vai ser o craque da competição. ;O momento melhor é do Coutinho, mas quem vai decidir a final para a gente é Neymar. E digo mais, na semi, ele vai destruir;, crava Rafael.

;Neymar tem muita habilidade e joga bastante, mas por conta da contusão está mais na retranca. E o Coutinho está se revelando um excelente jogador, com chutes à distância e atitude;, destaca o servidor público Huan Carlos, 28 anos, ao lado filho, Davi Santos, 3, vestido com a camisa da Seleção. ;O Brasil tem time pra conseguir o hexa, mas precisa mostrar serviço e melhorar bastante. É um excelente time. No último jogo, por exemplo, não faria as alterações que o treinador fez;, ressaltou Huan.

Para o servidor público Leonardo Andrade, 37, o time canarinho não é o mesmo de antigamente. ;Faltam grandes jogadores, como na Copa de 2002. Vejo uma Seleção muito dependente do Neymar, que não está jogando tão bem nesse momento;, disse. Desesperançoso com o hexa, ele nem quer imaginar como seria uma possível partida de Brasil contra Alemanha. ;Acho que muitos jogadores estão pressionados porque não superaram o fantasma da Copa passada. Mas, por outro lado, alguns, como Coutinho, têm jogado muito bem;, completou.

Mônica Mendes, 34, e o marido, Cleiton Mendes, 38, aproveitavam o domingo passeando pelo Eixão com os filhos. Indagados sobre Neymar e Coutinho, não pouparam comentários ;analíticos;: ;Acho a Seleção pouco confiante. Neymar está sofrendo muita pressão e o Coutinho, por ser mais livre, joga mais. Nossa aposta é nele, em Coutinho;, comentou a servidora pública. Já para Cleiton, que é professor, a equipe tem técnica, porém falta maturidade. ;Acreditamos no hexa, mas acho que ainda precisamos nos desenvolver mais no campo.;

Luciano Júnior e Josiane Gomes: O anfitrião de barbearia Eduardo Henrique, 25, tem fé no hexa. Mesmo assim, ressaltou que jogadores como Coutinho e Marcelo estão mais centrados e atentos ao jogo, enquanto Neymar segue sem o preparo esperado. ;O nosso camisa 10 é muito bom, mas, ao mesmo tempo, muito artista;, opinou. Confiante, ele acredita que a Seleção está só começando a jogar. ;Eles vão se entrosar mais para melhorar;, disse.

Para o militar Luciano Junior, 33, e a administradora Josiane Gomes, 35, os sustos e o nervosismo valem a pena quando o assunto é a Seleção Brasileira. Os dois passeavam com o pequeno Lucas, 3, e pareciam animados em falar sobre o Mundial. ;Nosso jogador é o Coutinho!”, responderam juntos. Os dois acreditam que faltam apenas finalizações mais centradas, próximas ao gol. ;Os meninos estão jogando muito bem, mas precisam treinar essas finalizações. Assim, quem sabe, passaremos menos nervoso;, brincaram.

Preguiça e futebol

Nem mesmo o clima animado de Mundial foi o suficiente para fazer com que os brasilienses se arriscassem em sair de casa na manhã de domingo. Por volta de 9h, durante o primeiro jogo do dia, entre Inglaterra e Panamá, quando se começava a ouvir as narrações, era tímida a movimentação nas ruas. Ainda assim, alguns deram uma espiadinha e até torceram pelos seus times favoritos.

Teve quem aproveitou o café da manhã para dar aquela conferida na partida. No Daniel Briand (104 Norte), o bancário Tiago Pena, 39 anos, até desviava dos garçons para prestar atenção na pequena televisão, instalada perto de algumas mesas. Antes do final do primeiro tempo, o placar já estava em 5x0 e os torcedores da Inglaterra respiravam aliviados. ;Tenho assistido a quase todos os jogos da Copa. Estava comentando com a minha família que o Brasil não consegue fazer igual;, brincou. A escolha pela seleção inglesa tem uma justificativa: a qualidade do futebol Europeu. ;É um olho na conversa e o outro na televisão;, declarou.

Apesar do clima silencioso, se olhássemos bem, era possível notar espectadores que, quietos, mesmo em suas atividades de rotina, também assistiam à partida. Em um dos prédios residenciais da 214 norte, o porteiro Alexandre Macedo, 35, aproveitava a calmaria do trabalho para, vez ou outra, conferir os lances do jogo. Ao contrário de Tiago, a torcida dele era para o Panamá, time que participa do Mundial pela primeira vez. ;Desta vez, estou torcendo para o mais fraco. A Inglaterra já é casca grossa;, afirmou.

A partida terminou em 6 x 1, com vitória da Inglaterra. Agora, a seleção do Panamá joga praticamente desclassificada do Mundial.

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