Cidades

Classificação do Brasil às oitavas de final anima brasilienses

Diferentemente do que aconteceu nos dois primeiros jogos da Seleção Brasileira, ontem os brasilienses festejaram mais do que sofreram. Muitos acompanharam a vitória sobre a Sérvia reunidos com amigos, parentes e até os adversários

Mariana Machado, Augusto Fernandes, Erika Manhatys*
postado em 28/06/2018 06:00
De Ceilândia ao Lago Sul, foi grande e barulhenta a torcida verde-amareloapela classificação do Brasil às oitavas de final em todos os cantos do Distrito Federal. Com rostos pintados e camisas da Seleção, em casa, bares ou nas ruas, os brasilienses acompanharam a partida na expectativa de um desempenho superior ao visto nos dois jogos anteriores do Mundial da Rússia, contra Suíça (1 x 1) e Costa Rica (2 x 0). O resultado agradou. No campo de Spartak, em Moscou, o time Canarinho venceu a Sérvia por 2 x 0, sem sustos, e garantiu a primeira colocação do Grupo E. O triunfo trouxe alento aos corações candangos, que, agora, apostam na vitória sobre o México, adversário do grupo brasileiro na próxima fase, na segunda-feira.

O placar foi o respiro que a torcida esperava para soltar o grito após a eliminação da Alemanha, algoz da Seleção em 2014, pela Coreia do Sul. Ao ver os últimos campeões mundiais fora das oitavas de final, houve quem temesse destino semelhante para o Brasil. Os gols de Paulinho e Thiago Silva, contudo, carimbaram a classificação e embalaram a festa. O clima amistoso permaneceu até mesmo no único bar sérvio da capital. No Belgrado Burger, na 107 Norte, o azul, o vermelho e o branco se misturaram com o verde-amarelo pelas mesas. O clima era de animação e harmonia.

Vizinhos enfeitaram a rua de verde-amarelo no conjunto C da QNO 3, em Ceilândia, para assistir unidos às partidas da Seleção Brasileira


Vizinhança

No conjunto C da QNO 3, em Ceilândia, as ruas foram tomadas pelo verde-amarelo. Era difícil encontrar um morador que não estivesse usando roupas com as cores da bandeira. Um dos mais enfeitados era Henrique Sabino, 6 anos. Além da camiseta, ele usava um chapéu para torcer pela Seleção. ;Nos outros dois jogos, eu já havia me vestido assim. E deu sorte, porque o Brasil não perdeu;, ressaltou. Durante o jogo de ontem, Henrique quase não desgrudou os olhos da televisão. A cada gol, corria pela rua soprando uma corneta. Feliz pelo triunfo, o garoto está confiante quanto ao restante da competição. ;Esse time é muito bom. Seremos campeões do mundo;, afirmou Henrique.
Quem também acredita no hexacampeonato é o secretário escolar Sávio Borges Júnior, 39. Se depender da torcida dele, em 15 de julho, Neymar e companhia vão levantar a taça. No jogo de ontem, Sávio deu sorte à Seleção ao prever os dois gols da vitória minutos antes de a bola entrar na rede. ;Tem gente que fala que gritar gol antes dá azar. No meu caso, é diferente;, brincou.
Apesar da euforia, ele pede atenção ao time. ;Os atletas têm que se preocupar em jogar bola. Eles não podem cair na pressão adversária. E, daqui para frente, só teremos decisões;, alertou. Sávio pontuou França, Argentina e Uruguai como os adversários mais complicados do Brasil nas próximas fases, além do México, rival da próxima segunda-feira.

Amigos e familiares se reuniram na casa de um empresário, no Lago Sul, para assistir ao jogo e comemorar o aniversário dele


Aniversário

No Lago Sul, houve comemoração dupla. Cerca de 40 amigos reuniram-se na casa da psicóloga Mariana Pinto, 33 anos, e do empresário Gabriel Bereohff, 34, para torcer e celebrar o aniversário dele. A cada gol, a gritaria era tanta que os vidros das janelas tremiam. ;Ganhando ou perdendo, a gente comemora, mas a vitória foi um presente;, disse Gabriel.
Entre os torcedores mais aflitos, estava a servidora pública Tatyana Garcia, 29. Com um terço no bolso da calça, ela rezou durante os 90 minutos pela vitória da equipe de Tite. ;Sou muito fã de Copa do Mundo. Meu coração palpitou o jogo inteiro;, contou. A adoração pela Seleção já fez Tatyana sofrer. ;Em 2014, chorei muito depois do 7 x 1 (para a Alemanha), fiquei em depressão e passei quatro dias sem falar com ninguém;, lembra. Agora, para ela, a Seleção tem grandes chances de conquistar o hexa.
Próximo adversário do Brasil, o México, que venceu a Alemanha na estreia do Mundial, não assusta parte dos torcedores. ;A Alemanha se deixou ser derrotada. Eles sabiam que o Brasil ia com sangue nos olhos e sede de vingança para a revanche;, avalia o arquiteto Marcus Vinicius, 34. A criançada mostrou mais cautela. Cauã Albuquerque, 10, ficou feliz com a classificação, mas não acha que a performance brasileira será suficiente para conquistar o troféu. ;Não sei quem vai ganhar, mas não vai ser o Brasil. Porém, fiquei feliz com a eliminação da Alemanha;, ponderou.

* Estagiária sob supervisão de Renato Alves

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação