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Médica do Samu é suspeita de matar o filho de 3 anos na Asa Sul

A profissional também teria atentado contra a própria vida e está internada, em estado grave, sob custódia da Polícia Civil

É grave o estado de saúde de uma médica de 34 anos suspeita de matar o filho de 3 anos e depois tentar tirar a própria vida. Ela está internada na ala psiquiátrica do Hospital de Base, sob custódia da Polícia Civil, desde a noite de quarta-feira (27/6).

A médica, que trabalha no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), deu entrada na unidade de saúde com vários ferimentos a faca. O filho dela chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Materno Infantil (Hmib), mas não resistiu.

O Correio apurou que, pouco antes das 17h da quarta-feira, a médica desceu do apartamento em que mora, na Quadra 210 Sul, suja de sangue, dizendo que o filho estava morto e que se mataria. O porteiro do prédio a impediu de correr em direção à rua.

Ao mesmo tempo, um vizinho da família atendeu aos pedidos de socorro da avó do menino, que estava desacordado. O porteiro e o vizinho colocaram a médica, a avó e a criança no carro e os levaram ao Hmib. A criança morreu no hospital, e os sinais observados pela equipe indicam que a mãe pode ser a responsável pela morte. A médica foi transferida para o Hospital de Base.

Investigação

Ontem à noite, agentes da 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) estiveram na unidade de saúde para investigar o caso. Até o momento, os fatos são tratados como homicídio seguido de tentativa de suicídio. O delegado-chefe da unidade policial, João de Ataliba Nogueira, dará detalhes sobre o ocorrido no início da tarde desta quinta-feira (28/6).

Segundo a Divisão de Comunicação da Polícia Civil (Divicom), a médica está sob custódia da polícia na unidade psiquiátrica do Hospital de Base, "devido ao quadro de provável surto que desencadeou os fatos".

No prédio em que a família mora, funcionários contam que ela era muito querida e cuidadosa com o filho. "Se ela visse o menino se afastando, largava tudo para correr atrás dele", conta uma faxineira, que não quis se identificar. "Ele (o garoto) era muito fofo. Todos os dias, ele descia com a mãe para brincar. Ontem mesmo, veio correndo todo alegre, queria me ajudar a limpar os vidros", relembrou a funcionária.

Ela contou também que nunca viu o pai do garoto, mas que a avó estava passando um tempo com mãe e filho para ajudar a cuidar da criança. Uma moradora que também não quis se identificar disse que, na quarta-feira, foi feita uma oração entre os moradores. O apartamento foi fechado pela Polícia Civil e, desde então, ninguém esteve no local.

A ficha não caiu

Entre os conhecidos da médica, a frase comum é "a ficha ainda não caiu". Uma pessoa com quem a reportagem conversou e que pediu para ter o nome preservado, disse que todos estão muito abalados. "Ela era uma pessoa maravilhosa, séria", resumiu.

O momento da chegada da médica, do filho dela e dos familiares ao hospital foi um misto de choque e tristeza para todos que estavam lá. "O pai (da criança) chegou por volta das 22h. Ele gritava, xingava, falava ;meu Deus!'. Ficou pouco tempo e saiu. A avó só chorava. As pessoas conversavam com ela e ela não falava nada. O avô chegou mais tarde e também estava arrasado", relatou.