Isa Stacciarini
postado em 28/06/2018 15:31
A criança de 3 anos que foi supostamente envenenada na quarta-feira (27/6) deu entrada em janeiro em um hospital particular da Asa Norte, com diagnóstico de que havia ingerido medicamentos da mãe. A informação está no inquérito instaurado pela 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) que investigará as causas morte do menino. A principal suspeita é de que a médica do Samu tenha sido a responsável pelo envenenamento do próprio filho. Nesta quinta-feira (28/6), foi decretada a prisão preventiva dela. O velório da vítima começará às 12h dessa sexta (29/6), no Templo Ecumênico do Cemitério de Taguatinga. O sepultamento está marcado para as 16h.
Segundo o delegado-adjunto da 1; DP, Ataliba Neto, o caso é investigado como homicídio duplamente qualificado por envenenamento e sem chance de defesa da vítima. "Não consideramos a hipótese de negligência, porque, se fosse, a própria mãe teria tentado socorrer o filho. Além disso, o menino foi socorrido no início do ano com suspeita de ter tomado os medicamentos da mãe. Ou seja, não é a primeira vez. É um quadro típico de homicídio seguido de tentativa de suicídio, quando a pessoa tenta se matar logo em seguida", afirmou.
Segundo o delegado, a pessoa que socorreu o menino e a mãe relatou que viu uma cartela vazia de medicamento usado para distúrbios de ansiedade jogado no lixo da cozinha e outra cartela, usada, de fármaco estimulador do sistema nervoso central dentro de uma bolsa preta. "A mesma pessoa disse que a mulher desceu pedindo socorro ao porteiro. Contou que ela falou que matou o filho e que iria se matar. O porteiro subiu com essa outra testemunha e viram a criança deitada na cama, aparentemente dormindo", ressaltou.
Agentes encontraram uma mamadeira praticamente cheia. Por essa razão, a polícia ainda não sabe se o menino tomou o remédio pela mamadeira ou de alguma outra forma. "Apreendemos o objeto, que passará por perícia, e o corpo passará por necropsia, mas a suspeita é de intoxicação", disse o delegado.
Investigadores tentam, agora, ouvir a mãe. Ela está internada na ala psiquiátrica do Hospital de Base. O pai da criança prestou depoimento. Segundo o delegado, ele contou que a ex-companheira era uma boa mãe, mas, desde 2016, começou a apresentar um quadro de depressão. "Inclusive foi essa condição que motivou a separação do casal. O pai disse que nos últimos anos o quadro da mulher se agravou. Vamos, agora, tentar ouvi-la para saber o que aconteceu sob a ótica dela", esclareceu.
Ataliba ainda explicou que a suspeita passará por avaliações psiquiátrica e psicológica. "Se for considerado que ela tinha uma incapacidade de saber o que estava fazendo ou se sabia que era errado, mas, mesmo assim, não conseguiu impedir a ação, ela poderia ficar isenta do crime ou até receber uma medida de segurança", esclareceu.
Se condenada, ela pode pegar de 12 a 30 anos de prisão. A acusada permanece internada com apoio de psiquiatras e fala a todo tempo em se matar. "Ela ainda disse que a primeira vez que o filho tomou os medicamentos ele ingeriu acidentalmente", disse Ataliba.