Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 30/06/2018 06:20
O Instituto Brasília Ambiental (Ibram) começa a por em prática um novo modelo de gestão administrativa. Durante nove meses, os servidores se reuniram com uma consultoria contratada via Unesco para elaborar a reestruturação do órgão. O fim do processo, no entanto, foi marcado por discordâncias e a Associação dos Servidores do Ibram (Asibram) chegou a emitir uma carta de repúdio afirmando que as propostas enviadas por eles foram ignoradas.
Ao Correio, o presidente do Ibram, Aldo Fernandes, negou que as sugestões não tenham sido avaliadas e explicou que, durante o processo, foram apresentados três cenários pela consultoria, que acompanhou a rotina do órgão, detectando falhas e técnicas ineficientes. "As propostas foram apresentadas e, em cima delas, criamos uma quarta possibilidade, incorporando o que havia de mais eficiente e incluindo as contribuições de maior potencial", garantiu.
O objetivo da mudança é trazer modernidade no atendimento e celeridade às demandas, já que, atualmente, mais de 3 mil processos aguardam análise no Ibram. De acordo com o instituto, o modelo adotado promove mais interatividade entre os setores, já que as gerências especializadas serão substituídas por unidades orgânicas. Ou seja, a proposta é que os especialistas trabalhem em equipe, de maneira integrada, excluindo as setorizações.
No entanto, é justamente este remanejamento que trouxe a maior divergência interna. Para o presidente do Asibram, Pedro Rosa, a mudança pode precarizar o licenciamento e permitir que um mesmo processo seja avaliado de duas maneiras diferentes, caso o solicitante reenvie para outra equipe técnica. Em uma última tentativa de tentar mexer em pontos do modelo de gestão, a categoria se reuniu com a direção. "O encontro foi infrutífero, já que o processo tinha sido encaminhado para publicação. A sugestão dada era que poderíamos participar na aprovação do novo regimento interno. Argumentamos que poucos têm interesse em participar da reelaboração por considerar ser um remendo do que já foi decidido", afirmou Pedro.
O Ibram disse que não se trata de uma extinção de especialistas, mas a criação de gerências especializadas e pensadas de forma mais integrada. Também negou que o novo modelo possa trazer divergências entre pareceres. "A não ser que seja questionada tecnicamente, como o atual modelo já permite, a reestruturação não abre margem para isso. O órgão é formado por técnicos competentes e responsáveis e o próprio Sistema Eletrônico Integrado não permite o descontrole de informações", disse Aldo.
Essa é a quarta reestruturação interna do Ibram desde 2008, ano em que o órgão começou a funcionar. O novo modelo foi publicado nesta sexta-feira (29/6), no Diário Oficial do DF, o que significa que o documento já passa a valer dentro do órgão.
O Ibram foi criado a partir da Lei N;3.984/ 2007, que classifica como obrigações do órgão executar e fazer executar as políticas ambiental e de recursos hídricos do Distrito Federal e controlar e fiscalizar, com poder de polícia, o manejo dos recursos ambientais e hídricos do Distrito Federal. Além disso, fiscalizar qualquer atividade ou empreendimento que cause ou possa causar poluição ou degradação do meio ambiente e dos recursos hídricos.