Pedro Grigori - Especial para o Correio
postado em 11/07/2018 06:00
Cinco dias se passaram da eliminação do Brasil na Copa do Mundo da Rússia, e o verde-amarelo permanece na capital federal. Bandeiras em carros, decorações nas ruas e, principalmente, a camisa Canarinho continuam à vista, mesmo que de modo mais discreto. O brasileiro esquece, aos poucos, o trauma da derrota e mostra que o patriotismo resiste. A esperança do hexa foi apenas adiada para 2022, quando o principal torneio de futebol do mundo chega ao Catar.
[SAIBAMAIS]Vendedor de uma loja de artigos esportivos, Joaquim Soares, 55 anos, conta que todos os funcionários ganharam uma versão do uniforme nas cores da bandeira nacional. Após a eliminação do Brasil para a Bélgica, na sexta-feira, apenas ele apareceu na loja com a blusa especial. ;Todo mundo guardou a camisa, mas acho que não é um momento de termos vergonha. Jogamos bem, acabamos perdendo, mas não foi um vexame como na última Copa. Futebol é isso. Ano que vem tem Copa América e vamos começar tudo de novo;, ressalta.
Depois da derrota por 2 x 1 para a Bélgica, a camisa oficial da Seleção Brasileira se tornou item mais raro nas ruas de Brasília. Na segunda-feira, o estudante Yuri Simek, 18, pegou o metrô até a Estação Central e notou que todos o olhavam. ;Acharam estranho eu continuar usando a camisa após a eliminação;, acredita. Continuar com o uniforme, no entanto, não significou que o jovem não sofreu com a derrota. ;Fiquei abalado;, resume o sentimento. Fã de futebol desde pequeno, Yuri acredita no hexa em 2022. ;Desde 2014, estamos só melhorando. Se essa evolução continuar, o título no Catar será nosso.;
O estudante Fábio Maranhão, 32, acredita que a situação atual do país não é boa, no geral, mas conta que ainda é preciso acreditar. ;Perdemos a Copa, não jogamos bem e isso é um reflexo de tudo que está acontecendo no Brasil. A situação está cada vez pior. Política, futebol e economia. Tudo está ruim, mas temos de fazer nossa parte, para a situação melhorar;, destaca.
Antes, vestíamos branco
Dentro ou fora do Brasil, a camisa da Seleção está associada ao patriotismo e aparece como principal símbolo do país. A amarelinha virou o uniforme oficial só na quinta Copa do Mundo, em 1954. Antes disso, a camisa branca representava o país. A necessidade da mudança nasceu após a derrota para o Uruguai na final do Mundial de 1950, disputado no Brasil. O jornal carioca Correio da Manhã promoveu um concurso cultural, em 1953, para eleger o novo uniforme. O escritor gaúcho Aldyr Schlee, que tinha 18 anos à época, venceu a competição.