Jornal Correio Braziliense

Cidades

Torcedores da Croácia celebram primeira chegada a uma final de Copa

Croatas e ingleses residentes em Brasília se reuniram na Embaixada da Grã-Bretanha para assistir ao confronto dos times dos dois países



Considerada uma das surpresas da Copa do Mundo da Rússia, a Croácia conseguiu ontem a maior façanha da sua história no futebol, pois, ao bater, de virada, a Inglaterra, por 2 x 1, chegou à sua primeira final. Até então, o grande feito era o terceiro lugar na Copa do Mundo de 1998, na França. Os poucos croatas residentes em Brasília festejaram a conquista da disputa pelo título justamente na casa dos adversários.

Na tarde de ontem, ingleses e croatas se reuniram na Embaixada da Grã-Bretanha para assistir à partida da semifinal. Em clima de harmonia e muita empolgação, os torcedores vibraram a cada lance de suas equipes. O jogo começou mais animado para os espectadores britânicos, pois o time inglês abriu o placar no primeiro tempo. Mas a euforia terminou em decepção com o fim do sonho do bicampeonato mundial.

Por outro lado, os croatas não se contiveram. Cantaram e pularam a cada arranque da equipe, principalmente após o suado empate. Mais ainda depois da virada, na prorrogação. O embaixador da Croácia no Brasil, Zeljko Vukosav, justificou o evento conjunto lembrando que os dois países são grandes parceiros. “Não acredito em sorte ou azar, só no comprometimento dos jogadores. A Croácia começou mal, mas ainda há tempo para conseguir um placar favorável”, disse, como se conseguisse prever que a Croácia viraria o jogo e conquistaria uma vaga na final.

Também presente na festa futebolística, o embaixador da Jordânia, Malek Twan, não escondia a preferência pela equipe croata. “Acompanhamos os jogos da seleção da Croácia e creio que, neste jogo, saia o placar de 2 x 1”, disse. Acertou em cheio. O “profeta” aposta em uma nova vitória croata contra a França: “Vai ser 1 x 0”.

Construtor de Brasília


O jogo guardou uma riqueza de histórias. Filha de imigrantes croatas, Lucy Kanyo, 72 anos, nasceu no Rio de Janeiro e veio morar em Brasília aos 11 anos, em 1957. O pai da servidora pública aposentada, Jozsef Kanyo, foi o engenheiro-chefe da construção do Congresso Nacional.

Lucy se lembra de uma piada feita pelo presidente Juscelino Kubitschek direcionada ao pai sobre a entrega do edifício-sede do parlamento: “Você vai mesmo aprontar o Congresso Nacional para a inauguração? Se você não aprontar, vou enforcá-lo ali, naquela árvore!”. Bem-humorado, Jozsef respondeu a brincadeira: “Sim. Estará pronto. Se não estiver, eu mesmo corto a árvore.” JK ainda retrucou: “Não há problema, eu enforco você em algum prédio dos ministérios.” À época, os prédios estavam em construção.

Lucy recorda uma curiosidade sobre a Embaixada da Croácia. “É interessante lembrar que o primeiro embaixador croata do Brasil, Luka Mestrovic, convidou os imigrantes e os filhos deles para assistirem aos jogos da Copa de 1998 na embaixada. Foi muito bacana. Fizemos a decoração e as comidas servidas nas partidas.” De coração verde-amarelo, ela diz que divide a torcida entre Brasil e Croácia em todas as Copas. “Desta vez, foi mais tranquilo porque os dois times não se enfrentaram.” Para a final contra a França, ela se mostra preocupada, mas otimista. “A Croácia ganha, mas acredito que será difícil jogar contra uma seleção forte como a francesa, uma das favoritas”, avalia. 







Brasilienses fazem planos para as finais


Torcedores brasilienses já escolhem onde vão assistir aos jogos que valem o terceiro e primeiro lugar da Copa do Mundo da Rússia, sábado e domingo, respectivamente. Eles vão de churrascos com amigos a reuniões em embaixadas.
Mesmo não acompanhando outros campeonatos de futebol, Haysa Benevides, 26 anos, fica animada com a Copa. No fim de semana, os planos incluem uma reunião na casa de amigos, com churrasco. “Mesmo com o Brasil  fora, esse é um evento que une a galera”, afirma Haysa.

Todo os funcionários da Embaixada da França foram convidados para assistir à final contra a Croácia na representação francesa em Brasília. Uma das convidadas é a estudante de odontologia Isabella Colombari, 21. Filha de uma funcionária da embaixada, ela e a mãe estarão lá. “Independentemente de quem ganhar, vou achar legal participar da festa”, ressalta a jovem.

A final da Copa terá um gosto a mais para o estudante de administração Vítor Borba, 19. Ele vai comemorar o aniversário com amigos, futebol e churrasco. Apaixonado pelo esporte, o são-paulino torceu para a Argentina durante a Copa. Agora, aposta no time croata. “Fico animado porque acredito no potencial da Croácia, uma seleção que nunca foi campeã”, destaca o jovem.

* Estagiária sob supervisão de Renato Alves