Cidades

Torcedores da Croácia celebram primeira chegada a uma final de Copa

Croatas e ingleses residentes em Brasília se reuniram na Embaixada da Grã-Bretanha para assistir ao confronto dos times dos dois países

Érika Manhatys*
postado em 12/07/2018 06:00 / atualizado em 19/10/2020 12:31

Boas relações diplomáticas: torcedores das seleções adversárias na semifinal de ontem dividiram espaço na representação diplomática britânica, em harmonia, mas com muita empolgação de ambos os lados

Considerada uma das surpresas da Copa do Mundo da Rússia, a Croácia conseguiu ontem a maior façanha da sua história no futebol, pois, ao bater, de virada, a Inglaterra, por 2 x 1, chegou à sua primeira final. Até então, o grande feito era o terceiro lugar na Copa do Mundo de 1998, na França. Os poucos croatas residentes em Brasília festejaram a conquista da disputa pelo título justamente na casa dos adversários.

Na tarde de ontem, ingleses e croatas se reuniram na Embaixada da Grã-Bretanha para assistir à partida da semifinal. Em clima de harmonia e muita empolgação, os torcedores vibraram a cada lance de suas equipes. O jogo começou mais animado para os espectadores britânicos, pois o time inglês abriu o placar no primeiro tempo. Mas a euforia terminou em decepção com o fim do sonho do bicampeonato mundial.

Por outro lado, os croatas não se contiveram. Cantaram e pularam a cada arranque da equipe, principalmente após o suado empate. Mais ainda depois da virada, na prorrogação. O embaixador da Croácia no Brasil, Zeljko Vukosav, justificou o evento conjunto lembrando que os dois países são grandes parceiros. “Não acredito em sorte ou azar, só no comprometimento dos jogadores. A Croácia começou mal, mas ainda há tempo para conseguir um placar favorável”, disse, como se conseguisse prever que a Croácia viraria o jogo e conquistaria uma vaga na final.

Também presente na festa futebolística, o embaixador da Jordânia, Malek Twan, não escondia a preferência pela equipe croata. “Acompanhamos os jogos da seleção da Croácia e creio que, neste jogo, saia o placar de 2 x 1”, disse. Acertou em cheio. O “profeta” aposta em uma nova vitória croata contra a França: “Vai ser 1 x 0”.

Construtor de Brasília


O jogo guardou uma riqueza de histórias. Filha de imigrantes croatas, Lucy Kanyo, 72 anos, nasceu no Rio de Janeiro e veio morar em Brasília aos 11 anos, em 1957. O pai da servidora pública aposentada, Jozsef Kanyo, foi o engenheiro-chefe da construção do Congresso Nacional.

Lucy se lembra de uma piada feita pelo presidente Juscelino Kubitschek direcionada ao pai sobre a entrega do edifício-sede do parlamento: “Você vai mesmo aprontar o Congresso Nacional para a inauguração? Se você não aprontar, vou enforcá-lo ali, naquela árvore!”. Bem-humorado, Jozsef respondeu a brincadeira: “Sim. Estará pronto. Se não estiver, eu mesmo corto a árvore.” JK ainda retrucou: “Não há problema, eu enforco você em algum prédio dos ministérios.” À época, os prédios estavam em construção.

Lucy recorda uma curiosidade sobre a Embaixada da Croácia. “É interessante lembrar que o primeiro embaixador croata do Brasil, Luka Mestrovic, convidou os imigrantes e os filhos deles para assistirem aos jogos da Copa de 1998 na embaixada. Foi muito bacana. Fizemos a decoração e as comidas servidas nas partidas.” De coração verde-amarelo, ela diz que divide a torcida entre Brasil e Croácia em todas as Copas. “Desta vez, foi mais tranquilo porque os dois times não se enfrentaram.” Para a final contra a França, ela se mostra preocupada, mas otimista. “A Croácia ganha, mas acredito que será difícil jogar contra uma seleção forte como a francesa, uma das favoritas”, avalia. 





Lucy Kanyo se lembra do encontro do pai com JK: pressão amigável do presidente para a conclusão das obras

Brasilienses fazem planos para as finais


Torcedores brasilienses já escolhem onde vão assistir aos jogos que valem o terceiro e primeiro lugar da Copa do Mundo da Rússia, sábado e domingo, respectivamente. Eles vão de churrascos com amigos a reuniões em embaixadas.
Mesmo não acompanhando outros campeonatos de futebol, Haysa Benevides, 26 anos, fica animada com a Copa. No fim de semana, os planos incluem uma reunião na casa de amigos, com churrasco. “Mesmo com o Brasil  fora, esse é um evento que une a galera”, afirma Haysa.

Todo os funcionários da Embaixada da França foram convidados para assistir à final contra a Croácia na representação francesa em Brasília. Uma das convidadas é a estudante de odontologia Isabella Colombari, 21. Filha de uma funcionária da embaixada, ela e a mãe estarão lá. “Independentemente de quem ganhar, vou achar legal participar da festa”, ressalta a jovem.

A final da Copa terá um gosto a mais para o estudante de administração Vítor Borba, 19. Ele vai comemorar o aniversário com amigos, futebol e churrasco. Apaixonado pelo esporte, o são-paulino torceu para a Argentina durante a Copa. Agora, aposta no time croata. “Fico animado porque acredito no potencial da Croácia, uma seleção que nunca foi campeã”, destaca o jovem.

* Estagiária sob supervisão de Renato Alves

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