Cidades

Homem que matou a ex ameaçou assassinar as duas filhas antes do crime

Janaína Romão Lúcio levou cinco golpes de Stefanno Jesus de Amorim diante das duas filhas do casal, em Santa Maria. Ela chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Velório será às 12h, no Cemitério do Gama

Adriana Bernardes, Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 16/07/2018 06:00
Stefanno, suspeito de cometer o crime, é considerado foragido da polícia
Duas denúncias por agressão e ameaça não foram suficientes para impedir o brutal assassinato de Janaína Romão Lúcio, 30 anos. Na frente das duas filhas, uma de 4 e outra de 2 anos, o ex-marido Stefanno Jesus Souza de Amorim, 21, agrediu e esfaqueou Janaína com cinco golpes, atingindo a região do peito e das costas da moça. A ação foi interrompida com a chegada do tio, que conseguiu tomar a faca das mãos do sobrinho. Nesse momento, a vítima fugiu e gritou por socorro. Sem forças, caiu em frente à porta da casa vizinha, onde os moradores se juntaram para ajudá-la.

O crime, tratado como feminicídio, ocorreu no Condomínio Porto Rico, em Santa Maria, quando ela foi buscar as filhas na casa de um tio de Stefanno, por volta das 18h de sábado. Gravemente ferida, a vítima foi socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada ao Hospital Regional de Santa Maria, onde morreu duas horas depois.

A vítima, de 30 anos, trabalhava no Ministério dos Direitos Humanos

;Crianças brincavam na rua quando ela (Janaína) apareceu. Saíram correndo desesperadas e abraçaram as minhas pernas. ;Ela tá morrendo, o moço a matou;, elas me disseram;, relatou uma moradora da região, que preferiu não se identificar.

Após esfaquear Janaína, Stefanno saiu correndo, sem camisa e descalço. A vizinhança está assustada e teme pela própria segurança da rua, já que o acusado estava foragido até o início da noite de ontem. ;Em toda a minha vida, nunca vi uma coisa tão triste. Essa rua é muito calma, a gente se sente confortável aqui. Não tem bandidagem, boca de fumo, nada. Mas, agora, as coisas mudaram;, relatou outro morador.

A faca utilizada no crime, investigado pela 33; DP (Santa Maria), ficou no lote. O delegado-chefe adjunto da delegacia, Alberto Rodrigues, informou que Stefanno ;pode ser considerado perigoso por conta de diversos antecedentes criminais;. O Correio apurou que, em dezembro de 2017, o homem parou na delegacia após se envolver em uma briga. Por causa disso, foi feito um Termo Circunstanciado em que ele aparece como autor e vítima de ameaça e desacato. Em abril deste ano, foi registrado outro documento desse tipo, por disparo de arma de fogo e de uso e porte de drogas.

Os agentes estão de plantão 24 horas para receber qualquer informação sobre o paradeiro de Stefanno. ;Pedimos que a população ligue para o 197 se souber de qualquer notícia sobre o suspeito;, disse o delegado.

Ameaças constantes

Idas e vindas e um relacionamento conturbado e cheio de violência. Assim o irmão da vítima, Márcio de Souza Lúcio, relatou ser o casamento de Janaína com Stefanno. ;Ela apanhava dele e se refugiava na casa dos nossos pais. Foram várias vezes, mas ela só foi à polícia em duas situações. Ele batia nas crianças também, que chegavam roxas em casa. E, agora, que ela finalmente tinha decidido que não dava mais, ele não a deixava em paz;, relatou.

Em uma postagem de 30 de junho na página do Facebook de Janaína, o acusado escreveu, em tom de ameaça, que evitar que as filhas do casal o encontrassem ;dá ruim; (sic). Ainda de acordo com Márcio, no dia do crime, Stefanno ordenou que Janaína fosse até a casa do tio dele buscar as crianças. ;Ele disse que, se ela não fosse por conta própria, mataria as meninas. Então ela teve que ir. A covardia foi tão grande que ele fez tudo na frente das filhas. Elas estão traumatizadas e só conseguem dizer que ;o pai matou mamãe;. Está todo mundo devastado;, lamentou.

Janaína é a quarta filha de cinco irmãos, três homens e duas mulheres. Ela trabalhava na Secretaria Nacional de Cidadania, do Ministério dos Direitos Humanos. A pasta divulgou nota de pesar em nome do ministro, Gustavo Rocha, e manifestou repúdio aos crimes praticados contra as mulheres. "O Ministro repudia com veemência a violência contra as mulheres e reforça a gravidade dessa situação. O Ministério está em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal para acompanhar de perto as investigações do assassinato de Janaína", destaca o texto.

Os números de violência contra mulher e feminicídios no Distrito Federal aumentaram de janeiro a março de 2018 em comparação com o mesmo período de 2017. Os episódios de violência passaram de 3.432 para 3.789. As mais frequentes foram violência psicológica, agressões físicas e violência patrimonial.

O velório de Janaína está marcado para hoje, às 12h, na Capela 3 do Cemitério do Gama. O sepultamento está previsto para as 15h30.



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