Cidades

Marcelo Bauer cumpre pena com presos comuns na Alemanha

A prisão é a terceira maior da Baviera, um dos 17 estados federais do país europeu, ficando atrás da Penitenciária de Stadelheim, em Munique, e da Penitenciária de Nuremberg

Augusto Fernandes
postado em 17/07/2018 06:00
Brasileiro está em presídio onde 22% cumprem pena por homicídioAos 53 anos, o assassino de Thaís Muniz Mendonça, morta com 19 facadas e um tiro em 1987, cumpre pena na Alemanha desde 25 de abril. Com cidadania alemã, Marcelo Bauer está encarcerado na Penitenciária St. Georgen-Bayreuth, a única de Bayreuth, cidade localizada no sul da Alemanha. A prisão é a terceira maior da Baviera, um dos 17 estados federais do país europeu, ficando atrás da Penitenciária de Stadelheim, em Munique, e da Penitenciária de Nuremberg.

O presídio de Bayreuth, que existe desde 1735, tem capacidade para 899 homens: 514 prisioneiros podem ser acomodados individualmente e 385, em grupo. Em 2017, a penitenciária recebeu 869 presos, a maioria por delitos envolvendo drogas ou infrações patrimoniais. No último ano, 22% dos criminosos cumpriam pena por homicídio. Além disso, 41% eram estrangeiros. Neste ano, o número de encarcerados nascidos fora da Alemanha subiu para 45%.

Justiça feita

O homicídio bárbaro de Thaís Mendonça levou 31 anos para ter um desfecho. Por quase metade desse tempo, ex-namorado da jovem, Bauer esteve foragido. Seu esconderijo foi descoberto só em 2000, graças à atuação do Centro de Inteligência da Polícia Civil do DF, que localizou o homem em Aarhus, na Dinamarca. De lá ele fugiu para a Alemanha, onde conseguiu cidadania e evitou uma extradição, mas não o cumprimento, medida anunciada semana passada pelo Ministério Público Federal.

O chefe do departamento à época, Celso Ferro, festejou o início do cumprimento da pena por Bauer. ;Aguardava por essa notícia havia muito tempo. Espero que ele realmente cumpra o que lhe foi estabelecido. Foi um dos crimes mais bárbaros da história do Distrito Federal, e a pena de 14 anos é adequada. A justiça está sendo feita;, destacou o delegado aposentado Celso Ferro. De acordo com o ex-delegado, a prisão de Bauer valoriza o trabalho feito há 18 anos para localizar o assassino de Thaís.

;Esse caso mobilizou muitos policiais. De tempos em tempos, as equipes de investigação ganhavam reforços. Na época, praticamente toda a Polícia Civil tinha a missão de identificar onde o Marcelo se escondia. Cada um fez a sua parte, e teve um papel fundamental. Isso foi crucial para as nossas investigações. Estou satisfeito por saber que ele finalmente está preso;, reforçou Celso.

Telefonema

Os policiais chegaram a Marcelo usando uma nova metodologia de investigação: a projeção de envelhecimento facial. ;Decidi usar todos os recursos da inteligência à época para localizá-lo. O anúncio dessa novidade repercutiu nacionalmente. Sugeri que usássemos o Marcelo como exemplo, porque certamente despertaria nos seus pais a necessidade de eles conversarem sobre a situação do filho. Ninguém, além deles, sabia onde o Bauer estava;, explicou o ex-delegado. Eles falaram ao telefone, que estava grampeado. Enfim, os investigadores souberam do paradeiro de Marcelo Bauer.

Ontem, o Correio procurou os familiares de Thaís e Marcelo, no entanto, não conseguiu entrevistas. A mãe da vítima, Vera Cecília Mendonça, conversou com a reportagem, mas não quis comentar sobre a morte da filha e a prisão de Bauer

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