Jornal Correio Braziliense

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Artigo: O cobiçado Buriti

Convenções partidárias deste fim de semana devem colocar ponto final nas discussões prévias e iniciar, de fato, a campanha para fortalecer nomes e acordos

A corrida eleitoral no DF começa a ganhar o desenho definitivo. Enquanto escrevo, partidos fazem ajustes e se preparam para lançar oficialmente os nomes que concorrerão aos cargos mais cobiçados na política local. Convenções partidárias marcadas para este fim de semana devem colocar ponto final nas discussões prévias e iniciar, de fato, a campanha para fortalecer nomes e acordos. Sim, há muita água para rolar. Mas o eleitor já pode ter uma ampla visão do cardápio político.

A desistência definitiva do médico e ex-secretário de Saúde Jofran Frejat, que saiu de cena quando liderava a disputa ao posto máximo do Buriti, abre ainda mais o leque de possibilidades. Com a dianteira livre e a oposição esfacelada, ganha envergadura a candidatura de Rodrigo Rollemberg, que viu sua rejeição diminuir. Ainda assim, há muitas trincheiras no caminho ; e não só para o atual governador.

Duas chapas lançadas na semana que passou podem dividir a preferência do eleitor que não deseja referendar a continuidade no Buriti. Se, por um lado, Rollemberg ganha muito com a cisão e com a profusão de chapas adversárias, por outro, deve-se considerar o fator-surpresa de nomes inéditos na disputa ao Buriti.

O ex-presidente da OAB Ibaneis Rocha, encabeçando a chapa que tem como vice Anna Christina Kubitschek, neta do presidente JK e mulher do empresário Paulo Octávio (PP), é opção da coalizão que apostava em Frejat. Nome novo na política, Ibaneis virá com tudo, porque, mesmo se não for eleito agora, pretende se cacifar para pleitos futuros. Já Anna Christina carrega o peso importante do sobrenome, respeitado na história política do Brasil e queridíssimo pelo brasiliense.

A outra frente, do grupo de articulação do senador Cristovam Buarque (PPS) ; candidato à reeleição ;, é liderada pelo ex-governador-tampão Rogério Rosso (PSD), que entrou na briga pelo Buriti, tendo como vice, na chapa, o pastor Egmar Tavares (PRB), da Assembleia de Deus.

O grupo de Rosso conta com cinco partidos, que tinham como alternativa a candidatura do tucano Izalci Lucas (PSDB). Insatisfeito por ter sido preterido como o postulante ao governo, Izalci recusou o papel de vice, mesmo contrariando as alianças pretendidas pelo PSDB nacional. Há, portanto, ponteiros a ajustar na coligação.

Por fora, correm PT e PSol, que vão lançar candidaturas próprias, e chapas puro-sangue. O PSol chancelou ontem a professora da UnB Fátima Sousa e a conselheira tutelar Keka Bagno como candidatas a governadora e a vice, respectivamente. Já o PT fechou com o nome do economista Júlio Miragaya.

Também postulante ao Buriti, Eliana Pedrosa (Pros) viu seu termômetro eleitoral subir com a desistência de Frejat e pode ganhar o reforço de Alberto Fraga, deputado federal pelo DEM, que ficou insatisfeito com a escolha de Ibaneis como substituto do médico e pode reforçar a campanha da ex-distrital como candidato ao Senado.

Até 15 de agosto, tudo deve se definir, o que torna as próximas duas semanas decisivas. De qualquer forma, será uma campanha curta e intensa, bastante pulverizada, e que testará a capacidade de discernimento do eleitor. Eleição é escolha. Ao cidadão, resta tentar imaginar qual dos candidatos terá o diabo, figurinha que afastou Frejat da disputa, como cabo eleitoral. Olho vivo.