Helena Mader
postado em 31/07/2018 06:00
Escolhido pelo PT como candidato ao GDF, o economista Júlio Miragaya aposta na popularidade do ex-presidente Lula e na mobilização da militância petista para alavancar sua votação. Apesar de desconhecido do eleitorado, ele acredita que o partido terá um bom desempenho na corrida pelo Palácio do Buriti. Em entrevista ao programa CB.Poder, Miragaya reconheceu erros da legenda durante a gestão do ex-governador Agnelo Queiroz e da ex-presidente Dilma Rousseff. ;Ela errou a mão;, comentou o pré-candidato a respeito da política econômica da petista. Sobre a gestão de Agnelo, Júlio afirmou que ;o governo não soube comunicar as realizações e acabou soterrado pelas críticas;.
O economista foi escolhido como representante do partido em convenção realizada no último sábado. Para ele, a candidatura própria do PT servirá como espaço de desagravo do ex-presidente Lula. ;Existe uma farsa jurídica. A prisão do presidente Lula ocorreu de forma célere para impedir que ele dispute o pleito, porque liberado ele ganha a eleição no primeiro turno;, garante. ;O Lula é um trunfo para qualquer candidato do PT. A nossa campanha é em defesa do direito do presidente de se candidatar. O que está acontecendo é uma aberração política. A disputa tem que ocorrer nas urnas, o povo é que deve escolher;, acrescenta o economista.
Para Miragaya, o PT tem potencial para tirar votos do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), principalmente ;os de eleitores decepcionados com o governador;. ;O Rollemberg foi um candidato que sempre esteve muito associado ao PT, tanto que se elegeu distrital, federal e senador na chapa do partido. Se fosse só pelo PSB, ele não teria sido eleito;, afirma. ;Isso se explica pelo fato de um eleitorado que era do PT ter votado nele. Mas esse eleitorado de centro-esquerda está decepcionado com o governador, com o fato de ele ter apoiado Aécio Neves no segundo turno, de ter apoiado o impeachment e a PEC que reduziu os gastos sociais. Essas pessoas que elegeram Rollemberg e se decepcionaram estão soltas e à espera de uma mensagem do PT. O partido tem que ser competente para trazer esses eleitores de volta;.
Escândalos
Questionado sobre o desgaste do partido por conta de escândalos de corrupção, como a Operação Panatenaico, o candidato petista garantiu que a legenda terá condições de dialogar com a sociedade e prestar contas. Ele falou sobre as denúncias contra Agnelo Queiroz, acusado de superfaturamento na construção do Estádio Mané Garrincha. ;Isso está no Judiciário, não tenho elementos para saber detalhes da investigação. Ele (Agnelo) está ciente de que todo executivo está sujeito a enfrentar processos. Isso pode trazer desgastes, mas o Brasil vive hoje uma situação em que todos estão sob suspeita e os gestores têm medo de tomar decisões por risco de serem implicados futuramente;, justificou.
Miragaya também minimizou a alta rejeição ao PT e ao ex-governador, que não conseguiu chegar ao segundo turno em 2014. ;Isso já tem quatro anos. Alguns erros cometidos no passado já foram discutidos pelo PT e estamos em condição de debater com a população do DF e de mostrar que o PT pode ser uma alternativa no DF;. Para o economista, o histórico de desempenho do partido na capital federal é positivo. ;O PT tem militância forte e aguerrida. Em todas as eleições desde 1994, com exceção de 2006, com Arlete, e da última eleição do Agnelo, o PT sempre foi o primeiro ou o segundo partido mais votado, oscilando entre 37% e 45% dos votos. Temos uma vitalidade muito grande;, afirma.
O pré-candidato assegura não estar preocupado com um eventual resultado ruim nas pesquisas de intenções de voto. ;Se eu aparecer mal nos primeiros levantamentos, isso não vai nos desanimar. Nosso objetivo é colocar propostas para mudar e melhorar a cidade e para acabar com problemas graves, como o desemprego;. Durante a entrevista, Júlio Miragaya defendeu medidas para recuperar a economia do Distrito Federal e do Brasil, como a tributação sobre lucros e dividendos. ;Para aumentar o consumo, é preciso desonerar de impostos a população mais pobre, a classe média. Isso é simples. Aqui em Brasília, podemos discutir isso, como a possibilidade de instituir um IPTU mais alto para regiões mais ricas. As resistências existem, Brasília é o microcosmo do que acontece no país. No Brasil, a classe trabalhadora e a classe média é que pagam impostos;.