Cidades

Voluntários doam tempo e energia em instituições sociais do DF

Por meio do voluntariado, brasilienses doam tempo e energia e, em troca, ganham gratidão e a sensação de pertencimento à comunidade

Renata Nagashima*
postado em 02/08/2018 06:00
A pediatra Tatiana Fonseca da Silva atua voluntariamente no Lar de São José, em Ceilândia:

Você tem algumas horas livres durante o dia? Que tal doar um pouco do seu tempo, energia e talento para ajudar outras pessoas? O Correio reuniu histórias de brasilienses que decidiram se doar ao outro com amor e compaixão e encontraram no trabalho voluntário realização pessoal e felicidade. Eles usam as habilidades para transformar a vida do próximo. Em troca, recebem carinho e gratidão.

;Cada vez que uma pessoa se propõe a ajudar alguém, ela pode ter a certeza de que a primeira pessoa a ser ajudada será ela mesma. Doar nada mais é que receber.; É assim que a médica pediatra Tatiana Fonseca da Silva, 41 anos, define o trabalho no abrigo Lar de São José, que recebe crianças e adolescentes em Ceilândia.

Voluntária no local há 10 anos, ela trabalhava em um centro de saúde na cidade quando atendeu uma criança do abrigo e decidiu fazer uma visita. ;Foi uma acolhida muito calorosa, e nunca mais deixei de vir. Teve, inclusive, uma época em que eu consegui liberação oficial da Secretaria de Saúde para fazer atendimento regular. Fiquei um ano vindo semanalmente;, recorda-se. A profissional oferece amparo em questões médicas que vão desde aferição de pressão e medidas até consultas completas.

O Lar de São José recebe crianças e adolescentes encaminhados pela Vara da Infância, vítimas de abuso sexual, negligência familiar, abandono ou em situação de rua. A coordenadora técnica do abrigo, Ana Lúcia Antunes, trabalha no local há oito anos e conta que só conseguem realizar o trabalho graças aos voluntários. ;Muitos não tinham costume de frequentar a escola, e é uma luta diária fazer com que eles assistam às aulas;, explica. Ela afirma que um dos motivos é a dificuldade na alfabetização.

Segundo Ana Lúcia, as crianças sentem faltam de pessoas que frequentem o abrigo apenas para brincar ou passar um tempo com elas, dando atenção, como faz Vinícius José de Carvalho, 25 anos. O médico veterinário conheceu o local por meio de um projeto da escola em que estudou. Logo se apaixonou e ofereceu ajuda.;Sábado de manhã é complicado. Às vezes, meus amigos saem e eu recuso para poder acordar cedo e vir. E acaba sendo muito gratificante, eu chego em casa querendo voltar para cá.;

;A gente precisa muito de ajuda e, quando alguém vem, eu fico muito feliz;, conta Igor (nome fictício), 15 anos, no abrigo há quatro anos. Ele relata que gosta de artesanato, mas o lar ainda não tem um voluntário para ensinar. ;Seria legal se alguém viesse ensinar arte, ou um professor de dança;, sugere.

Superação

A bancária Karina Marques Bandeira, 32, conseguiu forças para superar um problema pessoal ajudando pessoas que precisavam. ;Eu percebi que o meu problema não era nada diante de tantos outros que estavam abandonadas em abrigos e, ainda assim, conseguiam me passar amor;, conta. A moradora do Guará participa de campanhas da empresa, leva doações e faz visitas frequentes ao Lar Bom Samaritano de Águas Lindas e ao Abrigo dos Excepcionais de Ceilândia (AEC), além de levar música com o coral Tutti Choir. ;Quando cantamos para elas, percebo o brilho no olho e vejo que a música tocou no interior;, admira Karina.

Isabela Messeder Fialho, 21, perdeu o movimento das pernas após dois erros médicos, em 2016, e encontrou nos chocolates uma forma de ajudar o próximo. A estudante de publicidade e de comunicação organizacional ficou cinco meses internada e, quando voltou para casa, começou a fazer bombons para presentear, em forma de agradecimento a quem a visitasse.

;Como fez sucesso, comecei a fazer para vender e, depois, meu irmão sugeriu que usássemos isso para ajudar as pessoas;, conta a jovem, que queria contribuir com uma instituição que oferecesse auxílio a pessoas que passavam pelo mesmo problema que ela. Foi assim que Isabela encontrou o Abrigo dos Excepcionais, e já arrecadou R$ 1,5 mil para a instituição em Ceilândia.

* Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer


Como ajudar

Existem diversas instituições espalhadas pelo DF. Confira algumas que precisam de ajuda:

Abrigo dos Excepcionais de Ceilândia (AEC)

; Fornece auxílio médico e social, além de promover atividades para pessoas com algum tipo de deficiência. A instituição atualmente precisa de voluntários da área da saúde e de pessoas que possam realizar trabalhos braçais, como pedreiros, eletricistas e bombeiro hidráulico. Interessados podem entrar em contato com a equipe psicossocial pelo telefone 3585-1905 ou por e-mail: abrigoaec@gmail.com.

Abrigo Lar de São José

; É uma entidade de acolhimento que recebe crianças e adolescentes de 0 a 18 anos encaminhados pela Vara da Infância. Profissionais da educação ou aqueles que têm facilidade em algum assunto podem se voluntariar para auxiliar nas tarefas e no acompanhamento escolar das crianças. Além disso, qualquer pessoa que deseja prestar qualquer serviço ou momento de lazer com os abrigados pode agendar uma visita pelo 3491-0265 ou lardesaojose@hotmail.com.

Associação Santos Inocentes

; A casa oferece apoio a grávidas e recém-nascidos em situação de risco, em Samambaia. Informações pelo telefone 3359-2867.

Associação Casa Santo André

; Atende pessoas em situação de rua, oferecendo apoio em diversas áreas. A entidade conta com uma padaria industrial e precisa de voluntários para dar curso de especialização em padaria de forma gratuita. Recebe pessoas dispostas a ajudar em qualquer área. Interessados devem entrar em contato pelo 3327-9390.

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