Augusto Fernandes
postado em 03/08/2018 16:30
A partir da próxima segunda-feira (6/8) até o fim de agosto, crianças de 1 ano a menores de 5 de todo o Brasil deverão se imunizar contra a poliomielite e o sarampo. A campanha nacional de vacinação contra as duas doenças deve atingir 11,2 milhões de crianças no país. No DF, segundo a Secretaria de Saúde (SES/DF), a meta é vacinar ao menos 153 mil meninos e meninas.
Todas as crianças na faixa etária alvo que não tomaram nenhuma das doses contra poliomielite e sarampo nos últimos 30 dias precisam ser imunizadas. No caso da poliomielite, existem dois tipos de vacinas: a Vacina Inativada Poliomielite (VIP) e a Vacina Oral Poliomielite (VOP).
A VIP, que é injetável, precisa ser aplicada três vezes durante o primeiro ano de vida da criança: aos 2, 4 e 6 meses de idade. Crianças mais vulneráveis, como portadoras de câncer ou que nasceram com o vírus HIV, também devem ser imunizadas com a VIP. Crianças que já receberam as três doses da VIP serão vacinadas com a VOP, a popular gotinha.
Quanto ao sarampo, meninos e meninas receberão uma dose da vacina Tríplice Viral, independentemente da quantidade de vezes que já foram imunizadas. A vacina também protege contra caxumba e rubéola.
A SES/DF recebeu 180 mil doses das três vacinas. O DF terá 104 salas de vacinação disponíveis nas unidades básicas de saúde durante a campanha, que funcionarão de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Unidades com quatro ou mais equipes de Estratégia em Saúde da Família também atenderão aos sábados, pela manhã. No Dia D da campanha, previsto para 18 de agosto, todas as salas de vacinação abrirão as portas.
As vacinas contra sarampo também estarão disponíveis para adultos. Pessoas com menos de 29 anos de idade precisam ter tomado duas doses da imunização, enquanto o público com idade entre 30 e 49 anos, apenas uma. Acima dos 49 anos de idade, não é necessário que a pessoa receba a vacina. Se o cidadão tiver dúvidas, basta levar o seu cartão de vacina a qualquer local de imunização.
Atualmente, 84,9% da população brasiliense está protegida contra o sarampo, e 84,8%, contra a poliomielite. A SES/DF alerta, no entanto, que o número está longe do ideal. "Precisaríamos estar com uma cobertura de 95%, em especial contra o sarampo, que voltou a infectar pessoas no país. Não custa ressaltar que a vacinação é a melhor forma de prevenção", explicou a diretora de Vigilância Epidemiológica, Maria Beatriz Ruy.
Casos pelo país
A Secretaria investigou 53 casos de sarampo no DF neste ano, no entanto, todos foram descartados. O último caso de sarampo autóctone, ou seja, contraído em Brasília, é de 1999. Em 2013, ocorreu o último registro de casos importados de outras unidades da Federação. Quanto à poliomielite, a última ocorrência é de 1987.
Mesmo assim, o sub-secretário de Vigilância à Saúde, Marcos Quito, reforçou a importância da imunização. "Como não temos contato com algumas doenças há um bom tempo, elas deixam de ser visíveis. A falta de percepção da doença faz com que haja uma falsa sensação de segurança, e de que todos estão protegidos, o que não é verdade. A vacinação se caracteriza como a principal força de atividade do Sistema Único de Saúde na proteção da população", apontou.
O Brasil não registra casos de poliomielite desde 1989. Em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem. No entanto, neste ano, o país voltou a enfrentar surtos de sarampo. Em 2016, o Brasil também havia recebido da OPAS o certificado de eliminação da circulação do vírus da doença.
A situação é mais alarmante em Roraima e no Amazonas, que concentram 822 casos da doença. Outros estados também registraram ocorrências de sarampo: 14 no Rio de Janeiro; 13 no Rio Grande do Sul; 2 no Pará; 1 em Rondônia e 1 em São Paulo.
Segundo o Ministério da Saúde, o reaparecimento da doença está relacionado às baixas coberturas e a presença de venezuelanos no país, comprovado pelo genótipo do vírus (D8) identificado, que é o mesmo que circula na Venezuela.
Nos estados que registraram surtos de sarampo, a vacinação foi antecipada como medida de bloqueio para interromper a circulação do vírus. Em Roraima, a campanha iniciou em março e envolveu pessoas de 6 meses a 49 anos. Em Manaus (AM), aconteceu em abril e o público vacinado foi de 6 meses a 29 anos de idade. E, em Rondônia, a vacinação está em andamento para crianças de 6 meses a menores de 5 anos. Durante a mobilização nacional, esses estados devem convocar novamente as crianças, na mesma faixa etária, de 1 ano a menores de 5.