Augusto Fernandes
postado em 06/08/2018 17:03
O desentendimento entre um bombeiro militar aposentado e um morador do Gama quase terminou em tragédia no último domingo (5/8). O entregador Áthilla Cotrim, 32 anos, caminhava pela EQ 7/9 com o cachorro quando um bombeiro, identificado como Jorge Bento da Silveira, o abordou. Jorge insinuou que Áthilla agredia o animal e, depois de uma discussão, atirou na perna esquerda da vítima.
Áthilla fez vídeos durante o bate-boca. Em determinado momento, Jorge Bento informa para a vítima que é policial. Áthilla sugere, então, que os dois passem em uma delegacia e toma as chaves do carro do militar. Nessa hora, o bombeiro ameaça atirar no rosto de Áthilla, mas efetua o disparo na perna dele.
A bala atravessou a perna do entregador. O caso aconteceu próximo à residência da vítima. Familiares de Áthilla o socorreram, levando-o para o Hospital Regional do Gama (HRG). Áthilla teve a perna imobilizada e, após atendimento médico, prestou depoimento na 20; Delegacia de Polícia (Gama Oeste).
Abalada, a vítima avalia que Jorge Bento exagerou na abordagem. "Eu só estava colocando o cachorro para dentro de casa. Estava com um pedaço de madeira na mão, apenas para impedir que ele avançasse em outras pessoas. Em nenhum momento, eu agredi o meu cachorro", explicou.
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De acordo com Áthilla, o bombeiro aposentado aparentava sinais de embriaguez. "Ele estava muito alterado. Pegou o pedaço de madeira e usou para me agredir. Depois do disparo, ele ainda ficou caminhando pela minha rua, com a arma na mão. Estou com medo. Uma pessoa que deveria salvar a vida das pessoas, quase acabou tirando a minha", desabafou.
Abuso de autoridade
Advogada de Áthilla, Vanessa Ramos acredita que Jorge Bento abusou da função. "Antes de tudo, ele mentiu ao dizer que era um policial. De qualquer forma, se o Áthilla estivesse, de fato, agredindo o cachorro, o que ele deveria fazer enquanto militar era alertar e pedir para que o Áthila parasse, e não agredi-lo", disse.
Segundo Vanessa, o caso deveria ser tratado como tentativa de homicídio qualificada por motivo torpe. "Ele ameaçou o Áthilla, por várias vezes, dizendo que atiraria no rosto dele. Os dois estavam separados por apenas 1m de distância. Ele não tinha nenhum direito de amendrotar alguém assim, independentemente da situação", destacou.
[SAIBAMAIS]Apesar disso, Jorge Bento foi indiciado por lesão corporal leve e disparo em via pública. Na delegacia, alegou que efetuou o disparo para o chão, em legítima defesa. Segundo o seu depoimento, ele teria sido agredido verbalmente e fisicamente, com um soco no rosto, por Áthilla. Além disso, outra pessoa tentou intimidá-lo com uma faca. Apesar do relato da vítima de que o bombeiro tinha indícios de haver ingerido bebida alcoólica, nenhum policial pediu que Jorge Bento se submetesse ao teste do bafômetro.
Em nota, o Centro de Comunicação do Corpo de Bombeiros confirmou que Jorge Bento é major aposentado da corporação. A intenção dele, com o disparo, era "cessar agressão por parte de um cidadão a um cachorro". O Corpo de Bombeiros informou, ainda, que Jorge Bento teria advertido Áthilla verbalmente e que o homem não o obedeceu.
A Corregedoria da corporação acompanhará a situação do bombeiro e adotará as medidas necessárias. A 20; DP investiga o caso.