A Secretaria de Saúde confirmou, nesta segunda-feira (6/8), o primeiro caso de botulismo no Distrito Federal em 2018. Desde o início do ano, havia duas suspeitas, mas elas foram descartadas. Segundo informações da pasta, nenhuma das situações havia sido divulgada, pois não representavam risco de surto nem de epidemia. O botulismo é uma doença neuroparalítica grave, não contagiosa, causada pela ação de uma toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum.
Segundo informações da Secretaria de Saúde, a Vigilância Epidemiológica orientou a família do paciente, e a Vigilância Sanitária fiscalizou locais onde ele se alimentou. O caso foi registrado em abril, mas não há data exata de quando aconteceu a contaminação. O órgão não deu detalhes sobre sexo, idade ou há quantos dias a vítima está internada. De acordo com um levantamento histórico da pasta, o DF não tem casos registrados da doença desde 2012.
Ação no organismo
Segundo o professor de higiene e tecnologia dos alimentos do curso de nutrição da Universidade Católica de Brasília (UCB) Marcus Vinícius Cerqueira, a toxina causadora do botulismo é a mesma utilizada em tratamentos estéticos, como na aplicação de botox. No entanto, nesse tipo de procedimento, não há risco de contaminação pelo fato de a aplicação ser local e a quantidade de micro-organismos estar em menor concentração.
A bactéria produtora da toxina tende a se vincular aos alimentos pelo ar e pela poeira. Se não forem higienizados da maneira correta, vegetais, frutas, hortaliças e latas podem causar a contaminação. "Quando essa bactéria entra em contato com os alimentos, ela se expressa. As condições fazem com que ela se estresse e produza a toxina. Se ela tiver contato com músculos vitais, como o diafragma, por exemplo, há uma paralisia que pode levar o indivíduo à morte", alerta.
A contaminação também acontece por meio de feridas abertas, quando em contato com a bactéria ou com a toxina. "Casos desse tipo são mais comuns em áreas rurais. As feridas podem ser a forma de contato com a toxina, levando-a para outras regiões do corpo por via venosa, o que é bastante grave", ressalta o especialista.
Ele complementa dizendo que os sintomas variam entre cada indivíduo e que, geralmente, se manifestam por meio da paralisia de músculos. "Não há sintomatologia clara nem tratamento definido. O que se costuma fazer (no hospital) é diminuir o impacto (da toxina) nos órgãos e no indivíduo. Quando não afeta músculos vitais, ela é expelida gradualmente pelo processo metabólico da célula", explica Marcus.
Cuidados
O recomendado é evitar a ingestão de alimentos em conserva que estiverem em latas estufadas, vidros embaçados, embalagens danificadas ou com alterações no cheiro e no aspecto. Conservas caseiras e produtos industrializados que não ofereçam segurança devem ser fervidos ou cozidos por 15 minutos antes de serem consumidos. E é importante não conservar alimentos a uma temperatura acima de 15;C.