Ana Viriato, Augusto Fernandes, Helena Mader
postado em 07/08/2018 06:00
Com a definição das chapas que disputarão o Palácio do Buriti, as coligações fazem as contas para saber qual será o tempo de televisão de cada grupo. No Distrito Federal, não haverá grande discrepância entre os primeiros colocados no ranking de alianças com maior tempo de propaganda eleitoral, o que deve equilibrar a disputa, segundo especialistas. Ontem, o PDT anunciou o apoio à candidatura de Rodrigo Rollemberg (PSB) e alavancou o espaço de propaganda gratuita do grupo do governador, praticamente igualando o espaço do chefe do Executivo ao da maioria dos principais rivais.
O candidato do MDB, Ibaneis Rocha, lidera a lista de concorrentes com mais inserções. Graças à coligação formada por Avante, PP, PPL e PSL, o emedebista terá 1 minuto e 57 segundos no rádio e na tevê, a cada bloco de nove minutos (veja Em campanha). Em seguida, aparece Alberto Fraga, do DEM, que se coligou ao PSDB, ao PR e ao DC. Por causa do grupo formado pelo deputado federal, a coligação terá à disposição 1 minuto e 49 segundos por bloco.
O PSD, do deputado federal Rogério Rosso, reuniu PPS, PRB, Podemos, Solidariedade e PSC. Com isso, ele terá 1 minuto e 26 segundos no rádio e na televisão. O governador Rodrigo Rollemberg é o quarto colocado no ranking. Ele conquistou o apoio do PV, da Rede, do PCdoB e do PDT e, graças às alianças, contará com 1 minuto e 15 segundos a cada bloco de nove minutos. O acordo com o PDT, firmado no fim do prazo das convenções, ajudou o grupo a ampliar o espaço na propaganda gratuita do rádio e da tevê. Mesmo com chapa puro-sangue, o PT ficará com 1 minuto e oito segundos.
Relevância
Especialistas apontam que o tempo de exposição de candidatos no horário eleitoral gratuito ainda é relevante para a disputa eleitoral. O consultor político e professor da Universidade Católica de Brasília (UCB) Creomar Souza afirma que, nesta campanha, a propaganda no rádio e na tevê deve ser integrada à veiculada em outras plataformas, como as redes sociais. ;A palavra para esta eleição é interconectividade. Para ser eficiente, as peças de internet e das redes sociais têm de dialogar com a propaganda exibida na tevê e com as outras para que haja concretude;, explica o especialista.
Creomar lembra que, para os concorrentes com pouco tempo à disposição, essa interação entre as plataformas será mais importante. ;Com poucos segundos na propaganda, os candidatos não têm tempo de veicular promessas e bandeiras de campanha. Mas eles podem usar o tempo para divulgar um evento de campanha, ou para anunciar a veiculação de material importante no site do candidato ou nas redes sociais;, explica o professor da UCB.
Segundo o especialista, existe uma tendência de redução da importância da propaganda na tevê e no rádio nas eleições por causa da força das redes sociais. Mas a relevância, segundo ele, permanece. ;Sobretudo em alguns segmentos do eleitorado, como os mais idosos e aqueles com baixa escolaridade, a propaganda gratuita da tevê e do rádio segue com peso grande;, reforça Creomar.
Aliança firmada
Depois de uma negociação tensa, com idas e vindas, o PDT anunciou, na manhã de ontem, que apoiará a candidatura à reeleição de Rodrigo Rollemberg. Com a confirmação da aliança, o governador ampliou o tempo de propaganda na tevê e conseguiu criar um palanque oficial para o candidato à Presidência Ciro Gomes, como queria a direção nacional do PDT. Para celebrar o acordo, Rollemberg foi à sede do PDT para participar do anúncio da chapa de Ciro Gomes e agradecer o apoio da legenda. Os pedetistas confirmaram a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) como candidata a vice na coligação.
Presidente nacional do PDT, Carlos Lupi defendeu o apoio ao atual governador do Distrito Federal. ;Desde o início, o Rollemberg tem travado uma luta dentro do seu partido em defesa da candidatura de Ciro Gomes. Nessas horas, na política, temos de demonstrar gratidão, e tenho certeza de que apoiá-lo é a melhor coisa que podemos fazer para Brasília;, apontou.
Ciro aprovou a decisão de apoiar Rollemberg. ;Fiquei orgulhoso do partido querer estar contigo. Você tem dotes e qualificações, e o povo vai ver isso;, destacou o candidato à Presidência da República. Rollemberg agradeceu a confiança do PDT em apoiá-lo nas eleições deste ano. ;Vejo com satisfação a capacidade de unificar o campo progressista em Brasília. São partidos com uma vida coerente, que têm mais afinidades do que divergências. Iremos para as ruas com dignidade;, afirmou.
À tarde, o governador reuniu aliados na sede regional do PSB a fim de anunciar a coligação completa, o que incluiu a confirmação dos nomes dos suplentes de senador. Intitulada ;Brasília de Mãos Limpas;, a frente é formada por PSB, PV, Rede, PCdoB e PDT. Recém-chegados à aliança, pedetistas ficaram com a segunda suplência do candidato ao Senado Chico Leite (Rede), a qual será ocupada pelo ex-controlador-geral do DF Djacyr Arruda. ;Aconteceu por conta da demora para a definição do posicionamento do partido;, justificou o chefe do Palácio do Buriti, referindo-se às idas e vindas da legenda.
O socialista confirmou o ex-secretário de Meio Ambiente Eduardo Brandão (PV) como vice-governador. Na corrida pelo Senado, estarão o distrital Chico Leite (Rede) e a jogadora de vôlei Leila Barros (PSB). O primeiro suplente do parlamentar será o empresário Álvaro Silveira Júnior (PSB). Os de Leila, a ex-secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos, e Maria Ivonete (PCdoB).
A coligação também definiu a formação das chapas proporcionais. Para a disputa pela Câmara Legislativa, serão formados três grupos: PDT/PV, Rede/PCdoB e PSB. ;Concorreremos sozinhos, porque temos muitos candidatos com grande potencial de crescimento, que testaram as urnas. Esperamos eleger quatro;, adiantou o governador. No caso da corrida pela Câmara dos Deputados, haverá um chapão. A perspectiva das legendas é emplacar pelo menos dois parlamentares.
O que diz a lei
Conforme a Resolução n; 23.551, de 2017, quando a renovação do Senado for de dois terços, a veiculação da propaganda eleitoral de candidatos aos governos estaduais ocorrerá em dois blocos de nove minutos, às segundas, quartas e sextas-feiras. Os órgãos da Justiça Eleitoral realizam a divisão do tempo entre os postulantes. Pelas diretrizes, 90% dos nove minutos são distribuídos proporcionalmente às legendas com base no número de representantes na Câmara dos Deputados. Repartidos igualitariamente, os demais 10% ficam com todas as siglas do país. A base de cálculo do fatiamento dos 70 minutos de inserções é a mesma. No entanto, essas são transmitidas diariamente.