Augusto Fernandes
postado em 10/08/2018 21:17
O paradeiro dos responsáveis pela agressão ao sociólogo Jelder Eric de Sousa Lourenço, 25 anos, continua desconhecido. Há uma semana, ele desapareceu e foi encontrado dois dias depois próximo ao clube da Associação dos Servidores do Senado Federal (Assefe), ao lado da Ponte Honestino Guimarães, com marcas de violência pelo corpo. O jovem foi espancado e recebeu muitos golpes na cabeça e no rosto. Desde então, Jelder está internado no Hospital de Base, em estado grave, com traumatismo cranioencefálico e trauma na face.
A 1; Delegacia de Polícia (Asa Sul) investiga o caso, e o delegado chefe da unidade, Ataliba Neto, disse que os agentes ainda não têm uma linha de investigação. ;O que temos, até o momento, são apenas hipóteses. Não sabemos se ele foi sequestrado ou se tentou reagir a um assalto e acabou ferido. A princípio, é difícil apontar alguma explicação para o seu desaparecimento e as agressões;, comentou.
Os investigadores estão, desde a quarta-feira (9/8), atrás de câmeras de monitoramento nas proximidades do apartamento de Jelder, no Bloco H da 712 Norte, e de onde ele teria sido espancado, no Setor de Clubes Esportivos Sul, que possam dar alguma pista sobre quem cometeu as agressões. Os policiais também aguardam o resultado da perícia feita no local em que funcionários da Assefe encontraram Jelder desacordado.
Ainda segundo o delegado, não foi feito exame de corpo de delito no jovem. ;Precisaremos aguardar que ele receba alta, ou solicitar auxílio à equipe médica do Hospital de Base. Esse laudo é importante para sabermos se ele foi agredido a pedradas, por exemplo, ou quantas pessoas podem ter participado do espancamento;, explicou Ataliba.
Mistério
Na sexta-feira da semana passada, Jelder havia saído a uma boate com dois amigos. Ele ficou cerca de 40 minutos no local e voltou para casa. No sábado, ficou o dia inteiro no seu apartamento. Não havia feito nenhum compromisso, mas, após as 20h, perdeu o contato com familiares e amigos. Sumiu deixando celular, óculos de grau e documentos pessoais dentro do seu apartamento. Pessoas próximas ao jovem não acreditam que Jelder tenha saído de casa sozinho, pois o jovem não tem carteira de habilitação nem carro. Além disso, estava sem dinheiro e cartão de crédito quando foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros.
Apesar de grave, desde que o jovem deu entrada à unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital de Base,na última terça-feira, o seu quadro clínico não regrediu. Ele continua sedado e respirando com o auxílio de aparelhos. Houve uma pequena melhora na quarta-feira, quando o estado de Jelder passou de instável para estável. Segundo a equipe médica, a pressão dentro do crânio do jovem está estável e, aparentemente, ele não sofreu hemorragias internas. Os inchaços no seu rosto e na sua cabeça estão, aos poucos, diminuindo.
Mesmo assim, os médicos ainda não definiram uma data para cessar a sedação. Eles preferem aguardar que os hematomas desapareçam para conseguir radiografias mais precisas que indiquem a gravidade dos ferimentos internos do jovem. Ele tem fraturas no crânio e na face, e lesões nos olhos, mandíbula e dentes. Ele foi identificado por amigos devido a uma tatuagem que tem no braço direito.
Os médicos acreditam que Jelder necessitará de algum tipo de acompanhamento posterior a sua liberação do hospital. Dependendo do andamento da sua recuperação, ele pode precisar de fisioterapia ou cirurgias para reparar a face e os dentes. O dinheiro para os possíveis procedimentos foi arrecadado por meio de uma vaquinha virtual: 440 pessoas fizeram doações pela internet e conseguiram juntar mais de R$ 40 mil em apenas quatro dias.
A princípio, o valor será destinado às despesas com o tratamento de Jelder e as necessidades dos pais do jovem, que ficarão em Brasília por tempo indeterminado. Assim que souberam do que aconteceu ao filho, eles saíram às pressas de Macaubal, cidade no interior de São Paulo, a cerca de 511 quilômetros da capital do estado. Caso eles não utilizem todo o dinheiro, o que sobrar será doado para instituições de caridade ou para famílias de outros pacientes internados.
;Agradecemos o apoio de todos, e tenho certeza de que essa corrente de solidariedade não será em vão. Nenhum centavo desse dinheiro será utilizado para outra finalidade que não seja a sua recuperação;, afirmou um amigo do jovem, o jornalista Leonardo Dalla, 34.