Cidades

Jéssyka era ameaçada e agredida pelo ex-companheiro, um soldado da PM

Amigos e parentes de Jéssyka Layanara, a mulher de 25 anos morta a tiros, exigem a pena máxima para o assassino confesso, o policial militar Ronan Menezes

Sarah Peres - Especial para o Correio
postado em 10/08/2018 22:00
Jéssyka morreu em casa, assassinada a tiros pelo ex-companheiro, em 4 de maio
Familiares e amigos de Jéssyka Layanara da Silva Sousa, 25 anos, fizeram uma manifestação, nesta sexta-feira (10/8), em frente ao Tribunal do Júri de Ceilândia, antes do início da primeira audiência sobre o assassinato dela. Eles pediram a pena máxima para o assassino confesso da mulher, o policial militar Ronan Menezes do Rego, 27, e a expulsão dele da corporação.

Jéssyka morreu em casa, assassinada a tiros pelo ex-companheiro, em 4 de maio, no Setor O. Ele não aceitava o fim do relacionamento de seis anos. Depois de matar a ex, o soldado foi à academia que ela frequentava, na mesma região, e disparou três vezes contra o professor de educação física Pedro Henrique da Silva Torres, 29, amigo da vítima. Ele sobreviveu e se recupera dos ferimentos e do trauma.

Pedro foi uma das sete pessoas ouvidas ontem no Júri de Ceilândia. Pela primeira vez, ele falou sobre o crime. O professor negou manter um relacionamento com Jéssyka. Contou ter conhecido Jéssyka e Ronan em 2010, quando ambos começaram a frequentar a academia onde ele trabalha com o pai e um irmão. Inclusive, deu aulas para o casal. No fim do ano passado, começou a dar aulas de condicionamento para Jéssyka, visando a prova física dela no concurso para ingressar no Corpo de Bombeiros do DF. Em janeiro, quando a mulher começou a ir à ginástica sozinha, soube, por ela, da separação de Ronan. Em abril, a convidou para saírem pela primeira vez. Jantaram. No depoimento, Pedro afirmou que eles estavam apenas ;se conhecendo;.

Sobre o dia da tragédia, o professor lembrou ter visto Ronan passou por debaixo da catraca da academia, com a arma na mão, e perguntar por ele a um funcionário da recepção. Ao encontrá-lo, o PM perguntou a Pedro se ele estava namorando Jéssyka. Mesmo após negar, o policial o xingou e disparou, à queima-roupa, sem chance de defesa. O professor ficou sete dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Ele ainda se recuperou das lesões no estômago, intestino e fígado. Teve que retirar a vesícula.

Rotina de violência


Também prestaram depoimentos ontem a mãe, a avó, o irmão, e uma amiga das vítimas, além de duas testemunhas de defesa, uma vizinha e um policial militar. Por parte da acusação, todos contaram episódios de ameaças de mortes de Ronan contra Jéssyka e até dos irmãos dela, uma menina de 6 anos e um menino, de 9. No entanto, com exceção da amiga, ninguém sabia das agressões físicas constantes que a mulher sofria. Todos relataram que Jéssyka se recusava a denunciar o ex por medo de ela perder a vaga no Corpo de Bombeiros do DF, pois havia sido aprovada em todos os testes e esperava ingressar na corporação militar em breve.

Ronan ouviu todos os depoimentos, mas não disse nada por não ser o dia do interrogatório dele, que será ouvido na próxima audiência, sem data definida. Passados três meses do homicídio qualificado e da tentativa de homicídio, Ronan continua na PM. O processo administrativo de expulsão dele da corporação ainda não foi concluído, de acordo com o Centro de Comunicação da PMDF.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação