Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 11/08/2018 07:00
As aulas na Universidade de Brasília (UnB) voltam, na segunda-feira, com uma preocupação em comum: a segurança. São mais de 47 mil estudantes, matriculados em 98 cursos de quatro câmpus, que colocam como uma das principais queixas a exposição a crimes como furtos, roubos e estupros. ;Como tudo é muito escuro e a movimentação fica menor à noite, esse é o horário em que mais me sinto insegura na universidade. Fico sempre dentro de um prédio esperando o meu pai chegar para me buscar para evitar qualquer coisa. Investir na segurança é essencial. Não são raros os casos de abuso, estupro nas redondezas e, com essa onda de feminicídio, o medo cresce;, avalia a estudante de biblioteconomia Marianna Florência, 25 anos.
Justamente pela frequência de delitos e por relatos como os de Marianna é que a UnB lança a campanha ;Segurança se faz em comunidade;, que tem como objetivo combater a insegurança na instituição. Além de dar dicas aos frequentadores sobre como agir para se sentirem mais seguros, a reitoria garante a implementação de ações para diminuir os índices de violência e criminalidade nos câmpus Darcy Ribeiro (Asa Norte), Ceilândia, Gama e Planaltina.
De acordo com a UnB, câmeras de videomonitoramento e cadeiras de observação para vigilantes foram instaladas nos principais estacionamentos para ;detectar problemas nas dependências;. Também foram comprados radiocomunicadores para ajudar na comunicação entre os vigias e a melhoria dos chamados corredores de segurança, áreas de passagem mais iluminadas e com vegetação podada nos quatro câmpus da UnB.
As prioridades foram decididas com base em pesquisas realizadas dentro da academia e em parceria com a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social. ;A segurança perpassa toda a universidade e envolve também a comunidade. Ela só é possível se for de todos e para todos;, afirma o vice-reitor da UnB, Enrique Huelva, membro do comitê especial formado para discutir e aplicar as ações de segurança.
Algumas iniciativas foram percebidas pelos alunos, como aponta o estudante de ciências sociais Ricardo Possuelo, 25. ;Vi câmeras sendo colocadas, e isso vai ajudar a coibir furtos, ajudar a identificar os criminosos. A gente espera que, de fato, a segurança melhore;, afirma.
Com medo de ser vítima de algum crime, a também aluna de ciências sociais Maria Eduarda Moreira, 20, explica que a alternativa é sempre andar em grupo. ;Nunca ando sozinha, pois as mulheres ficam mais vulneráveis. É sempre acompanhada que vou embora. Quando estamos só as meninas, vamos juntas, pegamos o carro mais próximo e saímos entregando cada uma em seus carros. A UnB é grande, aberta e os casos de estupro acontecem;, alerta.