Cidades

'Não sabemos quem o saidão beneficia', diz sobrinha de morto no Eixão

Família se mostra indignada no enterro do corpo de Márcio Barbosa, morto em acidente provocado por detento durante saidão do Dia dos Pais. Bandido tem prisão preventiva decretada

Mariana Machado
postado em 13/08/2018 13:32

Corpo de Márcio é enterrado: descrito como brincalhão e alegre pelos familiares

"Não sabemos até agora quem o saidão beneficia. O bandido? E a gente?" O questionamento indignado é da professora Gisele Barbosa, 26 anos, sobrinha de Márcio Barbosa de Oliveira. O homem de 53 anos morreu no sábado, vítima de acidente causado por Paulo Brás de Oliveira Júnior, 23, que, após roubar um relógio na Asa Sul, roubou o carro de Ilza Nogueira de Souza, 62, e fez de refém ela e o sobrinho de 6 anos. Na fuga com o carro de Ilza, acabou batendo na Kombi dirigida por Márcio, matando também Gizelda da Silva Mota.

Na manhã desta segunda-feira (13/8), amigos e familiares sepultaram o corpo de Márcio no cemitério de Planaltina. Ao menos 30 pessoas compareceram. Gisele contou que a família ficou sabendo da tragédia pela televisão. "Estávamos todos no aniversário de 3 anos da minha filha quando um tio meu chegou com a notícia. A alegria do dia acabou no mesmo momento", relembra.

A professora conta que o tio era brincalhão e adorava crianças. "A minha filha era muito apegada. Tive que dizer a ela que o tio foi brincar com os anjinhos", disse, emocionada. A família está revoltada com o crime. "Ele acabou com a nossa família e outras. Queremos saber por que ele estava em regime semiaberto. Ele tem 23 anos, tem a vida inteira para matar e, nem que fique a vida inteira preso, meu tio não vai voltar."

Márcio deixa a mãe, cinco irmãs e dois irmãos. Depois do enterro, a mãe dele, Beatriz Barbosa de Oliveira, 83 anos, precisou sair apoiada por parentes. Ela passou mal e desmaiou. Uma das irmãs, Sandra Barbosa, 47, também demonstrava indignação com o ocorrido. "Tem que ter alguma lei, alguém que impeça esses saidões. Eles vão soltos e nós ficamos presos", protestou.

Prisão preventiva

Em audiência de custódia pela manhã, o juiz Aragonê Nunes Fernandes, da Primeira Vara Criminal de Brasília, converteu em preventiva a prisão de Paulo Brás. Na decisão, o juiz disse que o auto de prisão em flagrante evidencia a gravidade concreta dos fatos e a periculosidade social do autuado.

"Não é demais afirmar que ele faz do crime seu meio de vida", declarou o juiz. Paulo cumpria pena em regime semiaberto pelos crimes de roubo e formação de quadrilha. Agora, volta para o regime fechado.

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