Cidades

Eleitores do DF mostram desencanto com a política, aponta pesquisa

O eleitorado do Distrito Federal apresenta rejeição acima de 50% a todos os candidatos ao governo do Distrito Federal, aponta pesquisa exclusiva do Correio Braziliense, feita pelo Instituto Opinião Política

Helena Mader
postado em 16/08/2018 04:00
Buriti: população do DF acredita pouco naqueles que querem ocupar o palácio nos próximos quatro anos
Os eleitores do Distrito Federal estão desencantados com a classe política, o que explica o grande número de pessoas que ainda não escolheram seus candidatos ou que pretendem anular o voto. A pesquisa do Instituto Opinião Política, encomendada com exclusividade pelo Correio Braziliense, revela que todos os candidatos ao Palácio do Buriti têm percentual de rejeição acima de 50%.

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) é o candidato mais conhecido do eleitorado, mas também o que enfrenta um dos maiores índices de rejeição. O levantamento analisou o conhecimento do eleitorado a respeito dos políticos que vão disputar as eleições para o GDF. Os números indicam que, hoje, Eliana Pedrosa (Pros) e Rogério Rosso (PSD) têm os maiores potenciais de crescimento entre os eleitores.
gráficos eleição GDF

De acordo com a pesquisa, 79,5% dos entrevistados conhecem Rollemberg. O percentual alto pode ser explicado pelo fato de o atual governador comandar o Palácio do Buriti há quase quatro anos, depois de mandatos como senador, deputado federal e distrital. O nome de Rollemberg é rejeitado por 69,1% dos entrevistados e 26,2% dos eleitores declararam que poderiam votar no candidato à reeleição.

A segunda mais conhecida é Eliana Pedrosa. A ex-distrital é apontada por 52,8% do eleitorado e enfrenta a rejeição de 52,1% ; o percentual mais baixo entre os postulantes ao GDF. De acordo com o levantamento, 38,7% dos entrevistados afirmaram que poderiam votar na ex-secretária da Ação Social.

O deputado federal Alberto Fraga (DEM), líder da chamada Bancada da Bala no Congresso Nacional, é o terceiro mais notório entre os eleitores. Ao todo, 49,6 % das pessoas consultadas pelo instituto conhecem o parlamentar, mas 61,8% afirmaram que não votariam em Fraga de jeito nenhum. No total, 25,8% dos entrevistados disseram que poderiam escolher o deputado na disputa pelo Buriti.

Rogério Rosso (PSD), deputado federal e ex-governador interino do DF em 2009, é conhecido por 46,3% da população. Em 2016, ele foi presidente da comissão especial que analisou o afastamento da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O posto trouxe visibilidade ao parlamentar. Entre os entrevistados, 59,9% afirmaram que não votariam em Rogério Rosso de jeito nenhum e 27,2% disseram que poderiam escolhê-lo nas eleições de outubro.
Gráficos de rejeição candidatos ao GDF

Neófito

Confirmado pelo Partido Novo como pré-candidato ao GDF em dezembro do ano passado, Alexandre Guerra é conhecido por 9,1% dos eleitores consultados. No total, 65% rejeitam o nome do herdeiro da rede de lanchonetes Giraffas e 13,6% declararam que poderiam votar no empresário para governador. Também neófito nas disputas eleitorais, o advogado Ibaneis Rocha (MDB) tem o mesmo percentual de conhecimento de Alexandre Guerra: 9,1% dos entrevistados disseram que conhecem o ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (Seção DF); 68% não votariam em Ibaneis e 11,3% poderiam escolhê-lo como candidato ao governo.

Já o general Paulo Chagas, do PRP, que conta com o apoio de Jair Bolsonaro (PSL), é conhecido por 7,9% das pessoas. Ao todo, 67,7% rejeitam o nome do militar e 11,7% aceitariam votar nele em outubro. No caso da professora da Universidade de Brasília (UnB) Fátima Sousa, representante do PSol na corrida pelo Palácio do Buriti, o percentual de conhecimento é de 7,7%, com rejeição de 67,3% e um total de 13% dos eleitores que poderiam escolhê-la.

O economista Júlio Miragaya (PT) é conhecido por 5,9% do eleitorado, mas enfrenta a rejeição de 68,4% e conta com 10% dos eleitores simpáticos à sua candidatura. Os menos populares entre os entrevistados são o candidato do PCO, Renan Rosa, conhecido por apenas 4,1% das pessoas, e Antônio Guillen (PSTU), por 3,3%.

O estatístico responsável pela pesquisa, Alexandre de Araújo Garcia, explica que, para essa avaliação, os entrevistadores apresentam os nomes dos candidatos e questionam se o eleitor com certeza votaria no político, se poderia votar ou se não votaria de jeito nenhum, o que é considerado como rejeição.

;As respostas ;votaria com certeza e poderia votar;, somadas, indicam o potencial de voto do candidato hoje. Esse é um dado importante para avaliar a capacidade de crescimento;, explica.
Gráfico avaliação governo Rollemberg

Avaliação do governo local

A pesquisa analisou ainda a visão do eleitorado a respeito da administração do governador Rodrigo Rollemberg. De acordo com o levantamento, 2,0% dos entrevistados consideram a gestão do socialista ótima. Entre os eleitores consultados pelo instituto, 6,9% acham que Rollemberg faz uma administração boa e 28,2% a classificam como regular. No total, 14,2% das pessoas avaliam como ruim o trabalho do candidato à reeleição à frente do Palácio do Buriti e 46,4% como péssima.

O diretor de Negócios do Instituto Opinião Política, Carlos André de Almeida Machado, afirma que chama a atenção o fato de todos os candidatos terem percentual de rejeição acima de 50%. ;Existe uma rejeição à classe política, basta dizer que é candidato para a pessoa já torcer o nariz;, explica.

A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) com o número DF-03100/2018. Para a amostra, foram realizadas 1.231 entrevistas, entre 10 e 13 de agosto, com eleitores residentes no Distrito Federal com mais de 16 anos. O intervalo de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de 3%.

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