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Hospital de Base voltará a oferecer iodoterapia a pacientes com câncer

Desde 2016, tratamento estava indisponível na unidade. Previsão é de que quarto terapêutico seja reinaugurado no fim do próximo mês e beneficie 240 pessoas

Augusto Fernandes
postado em 18/08/2018 07:00
Rodrigo Guimarães, chefe da Medicina Nuclear do Base: conquista
A partir do próximo mês, o Instituto Hospital de Base passará a disponibilizar, novamente, o tratamento de iodoterapia, indicado para pacientes com câncer na tireoide e hipertireoidismo. Há dois anos, um quarto terapêutico da unidade de saúde destinado a receber as sessões teve de ser fechado, e a unidade de saúde precisou atender a normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear para reformar o espaço e voltar a ofertar o serviço à população.

O hospital será o único da rede pública a contar com uma sala capaz de realizar atendimentos ambulatoriais e em condições de internar os portadores das patologias em questão. Uma parceria entre a Secretaria de Saúde e o Hospital Universitário de Brasília (HUB) oferece o tratamento de iodoterapia, no entanto, o hospital tem estrutura apenas para exames ambulatoriais. Os pacientes que precisam de um tratamento mais delicado têm de recorrer a centros médicos particulares.
Ernani trata um câncer na tireoide desde 2012: expectativa pela inauguração
A estimativa é de que, em 45 dias, a equipe médica comece a receber os pacientes. Chefe da unidade de Medicina Nuclear do Hospital de Base, Rodrigo Guimarães destacou a importância de o hospital contar novamente com o tratamento. ;Será uma conquista muito grande. Com o quarto terapêutico, o paciente não precisará recorrer ao tratamento em clínicas privadas. Por termos ficado um longo tempo fora de operação, existe uma demanda reprimida, mas esperamos resolver agilmente e atender a todas as pessoas nessa situação;, disse.

A unidade de saúde pediu ao Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares a compra das doses de Iodo-131, substância utilizada nas sessões de iodoterapia. Segundo Rodrigo, por semana, o Hospital de Base trabalhará com uma quantidade de 800 miliquirri (mCi) do mineral. Pessoas que precisarem de uma dose de até 50 mCi receberão apenas atendimentos ambulatoriais e serão liberados após a sessão. Pacientes que necessitam de uma dose superior terão de ser internados.

;A dose para cada paciente varia. Dessa forma, é difícil estabelecer quantas pessoas poderemos atender por dia. De qualquer forma, a quantidade que teremos à disposição é muito boa. No HUB, por exemplo, o estoque disponibilizado é de apenas 100 mCi por semana;, afirmou Rodrigo.

Dentro do quarto terapêutico do Hospital de Base funcionarão dois leitos. A estimativa é de que pelo menos 150 pacientes com câncer na tireoide e 90 com hipertireoidismo sejam beneficiados. ;Queremos dar qualidade a todos. Para as pessoas com um tumor avançado, o nosso objetivo será aumentar, prolongar a sua sobrevida. Já para aqueles com o câncer em estágio inicial, trabalharemos com o intuito de curá-los dessa oncologia;, ressaltou.

Esperança


Chefe da Unidade de Medicina Nuclear do HUB, Flavio Andrade comentou que o novo quarto terapêutico poderá otimizar o tratamento às duas doenças. ;A partir do momento em que é evidenciada a necessidade da iodoterapia para um paciente, temos que atendê-lo para evitar que o risco seja prolongado;, frisou.

Com mais recursos para tratar os desdobramentos do câncer, quem é portador da enfermidade recebeu a notícia com otimismo. O aposentado Ernani da Mata, 77 anos, cuida de um câncer na tireoide desde 2012. No ano seguinte, a patologia afetou a pelve e ele quase teve um dos ossos fraturados. Recebeu o auxílio do Hospital de Base e, apesar de não ter se livrado do câncer, conseguiu evitar uma morte que era considerada iminente pelos médicos.

;Fico emocionado ao lembrar do quanto foi difícil para as dores passarem e eu conseguir lidar com o câncer. Cheguei a pensar que eu não conseguiria me salvar, mas, hoje, não sinto mais nada. Ainda preciso do tratamento à base de iodoterapia, porque o meu caso foi muito grave, e estou certo de que receberei o melhor apoio possível;, relatou.

A babá Luana do Nascimento, 36, descobriu que era portadora da oncologia há dois anos. Retirou o tumor, mas até maio deste ano não havia conseguido o tratamento de iodoterapia, quando foi direcionada ao HUB. ;É uma satisfação saber que mais uma unidade de saúde abrirá as portas aos pacientes.;

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