postado em 21/08/2018 06:02
O candidato ao Governo do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) prometeu que reduzirá os impostos e que dará reajuste aos servidores públicos. Em entrevista ao programa CB.Poder (parceria do Correio com a TV Brasília), ele afirmou que há recursos suficientes, mas que eles estariam atualmente destinados a outras áreas.
Ao justificar a candidatura própria, o ex-presidente da OAB-DF criticou duramente adversários como Alberto Fraga (DEM), Eliana Pedrosa (Pros) e o atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB). Confira alguns trechos da entrevista, que integra a série que o CB.Poder faz com todos os candidatos ao GDF.
Como o senhor pretende convencer o eleitor de que é da nova política, se faz parte de um partido (MDB) com tantos nomes envolvidos em casos graves de corrupção?
Eu tenho certeza que sou da nova política, principalmente porque não estou vinculado aos erros que essas pessoas cometeram. Acho que partido não pratica crime. Quem pratica crime são as pessoas. E quem praticar crime vai responder junto ao Poder Judiciário, ao Ministério Público, às nossas instituições da República que estão funcionando muito bem.
Mas não constrange o fato de ser do mesmo partido dessas pessoas que cometeram crimes?
Não. Aqui no DF, nós temos o Tadeu Filippelli, que foi vice do governador Agnelo Queiroz (PT). Ele tem uma denúncia de corrupção e esteve preso. Todo mundo viu. Mas tem o direito a responder o processo até o final. Ele não tem nenhuma condenação. Então, ele sabe o que fez ou o que não fez, vai se defender na Justiça e, se for condenado, vai cumprir a sua pena.
Filippelli terá alguma participação no seu governo? Ele sempre foi uma pessoa ligada a obras e participou de vários mandatos.
Não tive nenhum tipo de pedido de cargos e de ocupação de nenhuma área. Certamente eu vou buscar a experiência daqueles que passaram por Brasília. Ele tem a memória de toda essa cidade, de todos os viadutos que foram construídos. Essa memória eu quero resgatar, até porque os projetos existem e os outros não deram conta de implementá-los.
A campanha está marcada por promessas de reajuste ao funcionalismo. O senhor acha que é responsável fazer esse tipo de promessa?
O mais irresponsável é não cumprir a lei. A lei existe, e o servidor não tem culpa. E mais irresponsável é não trabalhar para cumprir a legislação. Hoje nós temos inúmeras decisões judiciais. O governo está acumulando um débito sem ter coragem de negociar. Isso é irresponsabilidade com o DF, porque uma conta na Justiça se acresce de juros, de honorários altíssimos. Isso vai deixar a população com ainda mais sofrimento e uma conta que alguém terá de pagar.
O senhor também se compromete com reajustes para as forças de segurança?
A Polícia Civil já ganhou 120% do que ganha a Polícia Federal. Hoje são 63% justamente por essa política de desprestígio. Eu fiz o compromisso com eles (e vou cumprir, porque existem recursos do Fundo Constitucional) para encaminhar a mensagem no primeiro dia de mandato ao Governo Federal e pagar o reajuste da PCDF. Já a Polícia Militar hoje tem uma situação de total desrespeito. Não existe um plano de carreira. Está em estudo pela minha equipe econômica um plano de carreira que não dê impacto muito grande na nossa folha, mas que atenda à corporação.
É possível fazer isso sem aumentar impostos? O senhor aumentaria?
Não há necessidade nenhuma. Nós vamos diminuir os impostos no Distrito Federal para o nível que estava em 2010. Porque o governo aumentou os impostos e não diz onde colocou o dinheiro. Tirou as empresas do DF, gerou a pior gestão fiscal e não conseguiu melhorar nada.
Quais impostos o senhor reduzirá?
ICMS de combustível, todas as alíquotas que foram aumentadas de IPTU, de ISS.
O senhor diz que vai aumentar a folha de pagamento e diminuir a arrecadação. Como fechar essa conta?
A arrecadação que vem desse aumento de tributos é muito pequena. A folha que está sendo tratada é a que recebe recursos do governo federal (saúde, educação e segurança). Para as demais folhas já existe dinheiro hoje para pagar.
O senhor apoiava Jofran Frejat (PR), seria possivelmente o vice dele. Ele desistiu e o grupo se dividiu. Afinal, quem é esse diabo que atrapalhou tanto o Frejat?
Eu conhecia o projeto dele e estávamos, eu e ele, muito acomodados com esse apoio. Mas aí apareceram os tais demônios, pessoas que queriam cargos. Isso acontecia bastante e incomodou muito o Frejat. Ele não é homem de fatiar nada e decidiu se afastar.
Por que não houve uma união entre as candidaturas do grupo?
Eu deixei claro desde o início que só seria vice do Frejat por acreditar nele. Tenho uma vida democrática. Não poderia jamais ser vice do Fraga e ter um discurso radicalizado. Tenho uma vida no trabalhismo com os servidores públicos, teria dificuldade de me aliar à campanha de Eliana Pedrosa, que é uma empresária que (dizem, pelo menos) explora muito os trabalhadores. E temos a candidatura do atual governador, que é para mim o que todos devem combater.