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Patrimônio de parlamentares do Distrito Federal cresce 28,6% em quatro anos

Cálculo leva em consideração a soma de bens declarados à Justiça Eleitoral por deputados federais, distritais e senadores do DF. Há casos de patrimônios que se multiplicaram por 10 em 12 anos

Helena Mader
postado em 23/08/2018 06:00

Na Câmara Legislativa, 15 dos 22 concorrentes deste ano tiveram aumento de patrimônio

O patrimônio dos parlamentares do Distrito Federal cresceu 28,6% entre 2014 e 2018. A soma de todos os bens declarados saltou de R$ 34,9 milhões para R$ 44,9 milhões em quatro anos. A maioria dos deputados federais, distritais e senadores que representam a população de Brasília ficou mais rica desde a última eleição (veja a evolução dos patrimônios de cada um deles abaixo).

Dos 22 integrantes da Câmara Legislativa que disputarão algum cargo em outubro, 15 declararam patrimônio mais polpudo do que o registrado no pleito anterior. Entre os federais, cinco dos seis que concorrerão tiveram aumento de bens nesse período, e os dois senadores do DF que serão candidatos declararam um espólio maior entre 2014 e 2018.


O parlamentar mais rico do Distrito Federal, de acordo com as declarações de bens entregues à Justiça Eleitoral, é o deputado federal Izalci (PSDB). O candidato ao Senado da chapa de Alberto Fraga (DEM) tem patrimônio total de R$ 8,4 milhões. Mesmo com uma redução do valor em relação a 2014, quando ele declarou ter R$ 8,9 milhões, o tucano ainda segue na liderança entre os representantes do DF na Câmara Legislativa e no Congresso Nacional. Se comparado com os bens declarados em 2006, houve um crescimento de 61,5% nos últimos 12 anos. Entre o patrimônio declarado por Izalci há quatro imóveis e quase R$ 3 milhões em benfeitorias.

O distrital Agaciel Maia (PR) é o segundo representante com mais patrimônio no DF. O ex-diretor-geral do Senado tem um espólio que soma R$ 8,2 milhões. O montante é 41% superior ao declarado na eleição passada. Em comparação com o valor informado à Justiça Eleitoral em 2010, o crescimento foi de 113%. À época, Agaciel informou ter bens no total de R$ 3,8 milhões. Neste ano, a lista inclui, principalmente, aplicações: a maior delas, de R$ 3,1 milhões, em um fundo de investimento imobiliário. Em 2014, Agaciel havia declarado terrenos e casas no Rio Grande do Norte e na Paraíba, além de uma casa no Lago Sul. O distrital será candidato à reeleição.

O terceiro parlamentar mais rico de Brasília é o federal Alberto Fraga, candidato do DEM ao Palácio do Buriti. O coronel da reserva informou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) R$ 4,8 milhões. Fazem parte da lista 12 imóveis, dois carros e uma aplicação de renda fixa. O valor é 80% superior ao registrado na eleição passada, quando Fraga tinha patrimônio de R$ 2,6 milhões. À época, o parlamentar registrou na Justiça Eleitoral ser dono de uma lancha, um jet-ski e oito imóveis, entre os quais, três fazendas. Desde 2006, o montante de bens do candidato do DEM quadruplicou. Há 12 anos, Fraga tinha R$ 1,1 milhão em bens.

No Congresso Nacional, cinco dos seis federais e os dois senadores ficaram mais ricos
O deputado federal Laerte Bessa também tem patrimônio que se destaca entre os representantes do DF. O delegado aposentado da Polícia Civil do DF registrou ter R$ 2,1 milhões em bens, valor quase três vezes maior do que o declarado na eleição passada, quando Bessa tinha R$ 740 mil. Em 2018, o parlamentar do PR, que tentará a reeleição, informou à Justiça Eleitoral ser dono de oito imóveis e de um depósito de R$ 62 mil em conta. Em 2014, o federal tinha quatro apartamentos em Águas Claras e um Nissan X Terra. O patrimônio aumentou quase 10 vezes em 12 anos: na eleição de 2006, Bessa havia registrado bens que somavam apenas R$ 230 mil.

Luxo

O crescimento mais expressivo entre os parlamentares do DF, entretanto, foi o do deputado distrital Wellington Luiz (MDB). Em 2006, quando concorreu pela primeira vez, o policial civil declarou patrimônio de R$ 36 mil. À época, ele informou que possuía apenas um Fiat Palio e uma caminhonete F-1000. Quatro anos depois, em 2010, Wellington registrou patrimônio de R$ 1,3 milhão, que incluía três terrenos em condomínios e no Park Way, além de uma casa, também no Park Way. Desde então, o total mais do que dobrou: este ano, ele declarou ter R$ 2,7 milhões.

Alguns parlamentares que tinham patrimônio mais vistoso registraram um encolhimento de bens. O distrital Cristiano Araújo (PSD), cuja família tem empresas prestadoras de serviço ao governo, tinha R$ 1 milhão em 2014 e, agora, declarou R$ 687 mil. Carros de luxo apontados nos anos anteriores não aparecem mais em sua declaração. Em 2010, por exemplo, Cristiano tinha um Porsche Cayenne avaliado em R$ 266 mil. Na eleição seguinte, era dono de um BMW X6 e de um barco modelo Phanton. Agora, segundo a declaração, tem cotas e quinhões de capital, além de R$ 349 mil em espécie.

Declarados

Entre os parlamentares que se declaram com menos bens estão Sandra Faraj (PR), candidata à reeleição, com patrimônio total de R$ 175 mil. Lira, do PHS, que também tentará um novo mandato, informou ser dono de benfeitorias que totalizam R$ 157 mil. Delmasso, do PRB, afirma ter somente R$ 11 mil em bens. No detalhamento do patrimônio do distrital, estão aplicações de renda fixa, como um CDB com R$ 331, investimentos em outros fundos e participações societárias.

O valor do patrimônio declarado à Justiça é normalmente muito inferior ao real. Isso porque os candidatos registram imóveis com o preço de compra, mesmo que a negociação tenha ocorrido há décadas. A valorização imobiliária não precisa ser obrigatoriamente registrada na declaração de bens. Essa artimanha permite que os candidatos informem situações destoantes da realidade.

A partir desta semana, todos os concorrentes registrados na Justiça Eleitoral terão de detalhar as declarações. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recuou após anunciar uma simplificação no sistema para as eleições de 2018. No caso de uma casa, por exemplo, aparece apenas que o político é dono de um imóvel. Até 2014, aparecia o endereço e até a área. Com a repercussão negativa da medida, o TSE decidiu reincluir os campos no sistema; com isso, os postulantes a cargos eletivos terão de atualizar os dados.

Bens a declarar

Confira a evolução do patrimônio de deputados distritais, federais e senadores pelo DF:

Deputados distritais

Agaciel Maia (PR)
2018: R$ 8.247.332
2014: R$ 5.826.291,51
2010: R$ 3.862.625,70
2006: não disputou

Bispo Renato (PR)
2018: R$ 477.383
2014: R$ 716.387,78
2010: R$ 197.529,60
2006: R$ 70.250

Cristiano Araújo (PSD)
2018: R$ 687.022,27
2014: R$ 1.098.339,93
2010: R$ 1.061.354,09
2006: R$ 402.420

Celina Leão (PP)
2018: R$ 651.965,44
2014: R$ 625.081,62
2010: R$ 309.840
2006: não disputou

Chico Leite (Rede)
2018: R$ 1.772.097,13
2014: R$ 1.623.116,05
2010: R$ 1.524.275
2006: R$ 1.224.667,84

Chico Vigilante (PT)
2018: R$ 193.025,08
2014: R$ 228.172
2010: R$ 158.172
2006: R$ 123.733,98

Cláudio Abrantes (PDT)
2018: R$ 195.000
2014: R$ 185.000
2010: não cadastrado
2006: R$ 29.000

Delmasso (PRB)
2018: R$ 11.682,47
2014: R$ 1.250
2010: R$ 1.250
2006: não disputou

Juarezão (PSB)
2018: R$ 700.000
2014: R$ 270.000
2010: R$ 142.000
2006: R$ 87.000

Júlio César (PRB)
2018: R$ 345.390,65
2014: R$ 598.064,88
2010: não disputou
2006: não disputou

Lira (PHS)
2018: R$ 157.081,47
2014: Nenhum bem cadastrado
2010: Nenhum bem cadastrado
2006: R$ 0

Luzia de Paula (PSB)
2018: R$ 763.842,40
2014: R$ 553.257,62
2010: R$ 217.128,39
2006: R$ 0

Robério Negreiros (PSD)
2018: R$ 1.262.652,20
2014: R$ 1.344.884,65
2010: R$ 147.960,54
2006: não disputou

Ricardo Vale (PT)
2018: R$ 586.839,71
2014: R$ 500.000
2010: não disputou
2006: não disputou

Professor Israel (PV)
2018: R$ 171.623
2014: R$ 72.994,19
2010: R$ 68.000
2006: R$ 16.000

Professor Reginaldo Veras (PDT)
2018: R$ 713.000
2010: R$ 568.000
2010: não disputou
2006: não disputou

Rafael Prudente (MDB)
2018: R$ 2.743.906,83
2014: R$ 1.175.395
2010: não disputou
2006: não disputou

Raimundo Ribeiro (MDB)
2018: R$ 433.289
2014: R$ 364.000
2010: R$ 601.088,05
2006: R$ 123.820

Sandra Faraj (PR)
2018: R$ 175.277
2014: R$ 196.212,90
2010: R$ 367.153,45
2006: não disputou

Telma Rufino (Pros)
2018: R$ 1.203.000
2014: R$ 980.000
2010: R$ 759.000
2006: não disputou

Wasny de Roure (PT)
2018: R$ 661.318,66
2014: R$ 379.365,46
2010: R$ 319.617
2006: R$ 377.034

Wellington Luiz (MDB)
2018: R$ 2.772.500
2014: R$ 1.954.000
2010: R$ 1.322.000
2006: R$ 36.000

* Joe Valle e Liliane Roriz não serão candidatos; portanto, não entregaram declaração de patrimônio à Justiça Eleitoral


Deputados federais

Alberto Fraga (DEM)
2018: R$ 4.831.975,79
2014: R$ 2.674.990
2010: R$ 1.990.000
2006: R$ 1.126.416,74

Augusto Carvalho (SD)
2018: R$ 1.049.860,50
2014: R$ 894.111,27
2010: R$ 244.844,00
2006: R$ 301.534,60

Erika Kokay (PT)
2018: R$ 417.234,34
2014: R$ 137.967,62
2010: R$ 145.817
2006: R$ 136.971

Izalci (PSDB)
2018: R$ 8.453.062,33
2014: R$ 8.903.714,51
2010: R$ 6.362.764,83
2006: R$ 5.233.933,65

Laerte Bessa (PR)
2018: R$ 2.132.314,50
2014: R$ 740.000
2010: R$ 641.597
2006: R$ 230.000

Rogério Rosso (PSD)
2018: R$ 607.805,72
2014: R$ 580.000
2010: R$ 437.000
2006: não disputou

* Rôney NemerNemer (PP) e Ronaldo Fonseca (Pros) não serão candidatos; portanto, não entregaram declaração de patrimônio à Justiça Eleitoral



Senadores

Cristovam Buarque (PDT)
2018: R$ 1.314.009,53
2010: R$ 1.026.310,64
2006: R$ 769.248,70

Hélio José (Pros)
2018: R$ 1.214.461,89
2014: R$ 699.000
2010: R$ 564.000

* Reguffe não será candidato; portanto, não entregou declaração de patrimônio à Justiça Eleitoral

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