Cidades

Pediatra suspeita de matar o filho deve deixar prisão, determina Justiça

Juliana de Pina foi internada em uma clínica particular. Ela estava presa havia 10 dias na Colmeia. Antes disso, estava há um mês e meio internada na ala psiquiátrica do Hospital de Base, sob custódia policial

Bruna Lima - Especial para o Correio
postado em 24/08/2018 08:58
Camisa da Seleção que pertencia a João Lucas pendurada na janela do apartamento onde ele morava e morreu
A médica pediatra suspeita de matar o filho e, em seguida, tentar tirar a própria vida deixou a Penitenciária Feminina do Distrito Federal (Colmeia) na manhã desta sexta-feira (24/8) e foi internada em uma clínica particular. Ela estava presa havia 10 dias. Antes, ficou sob custódia da polícia durante o tratamento na ala psiquiátrica do Hospital de Base por um mês e meio.

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) emitiu a liberação no fim da tarde de quinta-feira (23/4), determinando a substituição da prisão preventiva da acusada pela internação. A decisão veio após o pedido de análise de sanidade mental requerido pelo juiz Paulo Afonso Siqueira ao Instituto de Medicina Legal (IML). O laudo está sob segredo de Justiça.
Juliana foi indiciada pela polícia por homicídio duplamente qualificado e, se condenada, pode pegar pena de 12 a 30 anos de prisão. No entanto, com a nova atualização, o processo está suspenso.

A decisão já era uma possibilidade com a qual a polícia trabalhava. "Se for considerado que ela tinha incapacidade de saber o que fazia ou se sabia que era errado, mas, mesmo assim, não conseguiu impedir a ação, ela pode ficar isenta do crime e até receber uma medida de segurança", esclareceu o delegado-chefe João de Ataliba, à época do início das investigações.


Relembre o caso

O fato aconteceu na noite de 28 de junho, no apartamento onde Juliana, 34 anos, morava com o filho, João Lucas de Pina, 3 anos. A mãe teria envenenado a criança com remédios de uso controlado. Depois, ela teria tentado tirar a própria vida, com cortes no pescoço e punhos.

Juliana chegou a dizer ao porteiro e a vizinhos que tinha matado o filho. As testemunhas levaram a mulher, o menino e a avó dele para o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). João Lucas chegou com vida ao hospital, mas não resistiu. Ele também tinha um corte na veia femural, mas o laudo apontou que ele morreu provavelmente pelos efeitos do remédio, que causaram "insuficiência respiratória por intenso edema pulmonar".

A mãe deu entrada no Hospital de Base no mesmo dia, em estado grave, depois de ter se cortado com bisturi em vários pontos do pulso e do pescoço. Em depoimento na 1;DP, o pai da criança, um enfermeiro de 28 anos, afirmou que Juliana era uma boa mãe, mas apresentava um quadro de depressão desde 2016.
No interrogatório, o pai contou ainda que a ex-mulher havia dito, por telefone, que "o filho já estava encaminhado e que ela queria engolir um bisturi", o que deu a ele a impressão de que ela poderia tentar tirar a própria vida.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação