Cidades

Traficante que vendia crack na Asa Norte é preso no Gama

Policiais prenderam suspeito de vender a droga entre as quadras 714 e 715 Norte. Enfrentando o vício há mais de uma década, um dos clientes dele chegou a entregar o carro e a desembolsar R$ 230 mil para pagar dívidas

Jéssica Eufrásio
postado em 26/08/2018 20:16
Cachimbo produzido manualmente e usado para consumo de crack

Com passagens pela polícia por crimes de tráfico, porte de drogas e corrupção de menores combinada com roubo, um homem de 27 anos foi preso por agentes da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) na madrugada deste domingo (26/8). Ele foi encontrado no Gama e costumava vender crack na Asa Norte.

Segundo a PCDF, o suspeito comprava de 100 a 150 gramas da droga em Ceilândia para revender entre as quadras 714 e 715 Norte, região onde morava. Com ele, os policiais encontraram 20 gramas de crack, uma arma falsa, além de R$ 2 mil. A polícia não divulgou nomes para não prejudicar as investigações, mas informou que ele deve responder pelos crimes de tráfico e lavagem de dinheiro. O rapaz segue detido e será submetido a audiência de custódia na segunda-feira (27/8).

Um dos clientes do traficante era um jovem de 26 anos, filho de servidores públicos e morador da Asa Sul. Segundo informações da PCDF, ele teria gastado mais de R$ 230 mil de uma herança para arcar com os gastos decorrentes do vício. O delegado Erick Sallum afirmou que as investigações ocorriam há cerca de um mês e meio.

A polícia encontrou o traficante dirigindo um Volkswagen Up que teria sido entregue pelo jovem para quitar dívidas decorrentes do consumo de crack. "Fora a parcela da herança, ele entregou o próprio carro como pagamento. Verificamos que o automóvel estava no nome da esposa do traficante. Ele tentava ocultar a origem do veículo. Por isso, também o indiciamos pelo crime de branqueamento de capitais", detalhou Sallum.

Ainda de acordo com o delegado, comparsas do suspeito tentavam extorquir com frequência a avó do jovem, uma senhora de 91 anos. "Sempre interfonavam na casa dela e subiam para cobrar. A família está totalmente destruída e abalada. Já tinham até entregado dois cheques de R$ 3 mil para que deixassem o menino em paz", comentou o delegado. As investigações prosseguem para identificar outros envolvidos e o destino do dinheiro depositado em contas bancárias informadas pelos comparsas do traficante.

Sallum aproveitou para reforçar os riscos gerados pelo consumo desse tipo de droga. ;Em geral, o elo entre dependentes químicos e traficantes é muito complicado. Eles costumam ter todos os dados das famílias. E, em relação ao crack, é importante ressaltar que ele não está inserido apenas naquelas de classes baixas. Ele tem um poder de destruição muito grande. Por isso é importante que os familiares fiquem atentos;, alertou.

O Correio apurou que o jovem enfrenta problemas com o crack desde os 16 anos. De lá para cá, ele teria deixado a casa dos pais e se abrigado durante algum tempo no que restou do hotel Torre Palace. Entre inícios e interrupções do tratamento, o rapaz era levado até a casa da família, onde era ameaçado em troca de pagamentos de R$ 3 a R$ 5 mil. Ele voltou a ser internado em uma clínica de reabilitação no Entorno e segue em acompanhamento.

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