Cidades

Vítima de feminicídio foi ameaçada pelo marido dias antes do crime

Moradora do Itapoã, Maria Regina Araújo foi morta a facadas pelo marido, Eduardo Gonçalves de Sousa, dentro de casa

Isa Stacciarini
postado em 28/08/2018 06:00
Fachada da casa de Maria Regina Araújo, assassinada pelo marido Eduardo Gonçalves de Sousa no Itapoã.Maria Regina Araújo, 44 anos, é a 20; vítima de feminicídio no DF neste ano. O suspeito é o companheiro dela, Eduardo Gonçalves de Sousa, 34, que não aceitava a vontade da mulher de terminar o relacionamento. Na noite de domingo, ele a esfaqueou 20 vezes, dentro de casa, no condomínio Fazendinha, no Itapoã.

A mulher morreu na hora. Antes de ser assassinada, porém, viveu dias de medo das ameaças do marido. Chegou a pedir medida protetiva, mas teve o pedido negado pela Justiça em 16 de agosto. No dia do crime, Maria Regina havia preparado um almoço para receber amigos e familiares. Ela teria colocado um colchão em outro quarto para Eduardo dormir, o que irritou o homem. No fim da confraternização, o suspeito deu carona para alguns dos convidados. Ao voltar para casa, se aproximou da companheira em um dos cômodos da residência, tapou a boca dela e a atingiu a golpes de faca.

A filha mais nova do casal, de 9 anos, gritou ao irmão de 20, que estava na porta de casa, que o pai estava enforcando a mãe. Quando o jovem entrou na casa, percebeu que a vítima estava caída ao chão, ensanguentada. O homem fugiu a pé, descalço. Vestia bermuda e uma camisa branca. Estava com a faca do crime na mão.

Uma das amigas que pegou carona com Eduardo não quis se identificar, mas contou que, no trajeto, o homem aparentava nervosismo. ;Ele estava correndo muito, dava seta em lugar que não precisava. Eu até o alertei sobre alguns pardais na rua. Quando chegamos, ele nem se despediu. Parecia que estava fora de si;, contou a dona de casa de 46 anos.

Para ela, o crime foi planejado. ;Ela estava com medo nos últimos dias, dizia que o marido a estava ameaçando. O mais triste é que eu já ouvi ele dizer ;homem que mata mulher é covarde. Por que não larga de boa?;;, frisou.

Investigadores da 6; Delegacia de Polícia (Paranoá) estão nas ruas para localizar o suspeito. Delegado adjunto da unidade, Fábio Pereira reforçou que a vítima procurou a delegacia em 13 de agosto para registrar ocorrência de ameaça contra o companheiro. ;Ela queria terminar o relacionamento, mas ele não aceitava;, explicou.

Uma semana antes do assassinato, Eduardo pediu demissão do emprego, em uma residência do Lago Sul. Fez empréstimo e chegou a enviar fotos de caixões para amigas próximas de Maria Regina. Ele acreditava que as colegas da mulher a incentivavam a pedir a separação.

Moradora da casa em frente ao casal, uma jovem de 25 anos esteve no almoço na casa da família. Ela presenciou a fuga de Eduardo. ;Quando ele saiu, todo mundo achava que só tinha acontecido agressão física. Algumas pessoas conseguiram alcançá-lo, deram duas pauladas na cabeça dele, mas ele conseguiu se levantar e saiu com a faca na mão;, explicou.

Ela cuidava da filha de Maria Regina para que a mulher trabalhasse. Segundo a dona de casa, o homem era violento com a companheira. ;Ele vivia dizendo ;você quer se separar de mim, mas a verdade é que você me ama;. Era uma possessão muito grande.;

Tragédia


Maria Regina trabalhou até sábado. Ela era, havia quase 20 anos, doméstica em uma casa no Lago Sul. Natural do Maranhão, chegou a Brasília em 1998. Vítima e agressor chegaram a trabalhar na mesma residência. Ele era caseiro no local, mas há quase um ano deixou o serviço.

Para complementar a renda, Maria Regina fazia bolos e vendia lingeries e joias. Com isso, construiu a casa onde morava com o companheiro. Tinha o sonho de ampliar a residência para cada um dos filhos poder ter o próprio quarto. Há alguns meses, pediu que Eduardo a deixasse, mas ele exigiu R$ 10 mil para ir embora. Maria Regina conseguiu juntar o valor e ofereceu ao homem, que se recusou a deixar o endereço. O corpo da vítima será levado a São Luís, no Maranhão.

Pai agride filha até ela desmaiar

Um homem de 39 anos agrediu a filha de 17 até deixá-la desacordada. O crime aconteceu no Recanto das Emas, na noite de domingo, às 20h20. Segundo a polícia, ele estava embriagado quando os dois tiveram uma discussão e ele deu socos na adolescente. A polícia chegou ao local e encontrou a menina desmaiada. Ela precisou ser atendida pelo Corpo de Bombeiros e levada ao Hospital Regional de Taguatinga. O pai foi conduzido à 27; DP (Recanto das Emas), com a outra filha, de 19 anos, que presenciou tudo e testemunhou a favor da irmã. O homem foi detido em flagrante, com base na Lei Maria da Penha. Segundo o Centro de Comunicação Social da Polícia Militar, ele confessou as agressões e disse que havia perdido a cabeça.

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