Cidades

"Cada um com seu pecado", diz Ibaneis sobre acusados de corrupção no MDB

Ibaneis Rocha participou do debate do Correio Braziliense e da TV Brasília entre candidatos ao GDF e foi alvo de críticas por pertencer ao MDB, partido de políticos como Michel Temer e Eduardo Cunha

Lorena Pacheco
postado em 28/08/2018 21:44

Ibaneis Rocha (MDB) em debate no Correio Braziliense e a TV Brasília

O advogado Ibaneis Rocha (MDB) participou do debate promovido pelo Correio Braziliense e a TV Brasília nesta quarta-feira (28/8), entre os candidatos a governador do Distrito Federal. Ele foi alvo de críticas dos entrevistadores e dos demais candidatos por pertencer ao partido do presidente da República, Michel Temer, e de políticos alvo de investigações, como Eduardo Cunha e Tadeu Filippelli.

Ibaneis, contudo, não aceitou ser comparado com seus companheiros de legenda. "Cada um com seu pecado, não tentem colocar em mim o pecado dos outros", afirmou o candidato, que ainda disse que pouquíssimos partidos políticos nesse país não têm algum nome envolvido em escândalos de corrupção, porém, segundo Ibaneis, "não existem partidos políticos criminosos, existem pessoas criminosas".

Em determinado momento do debate, Ibaneis disse em sua defesa para Júlio Miragaya (PT), que ficou "muito triste" pelo fato de ele ficar repetindo a expressão "50 tons de Temer". Para Ibaneis, "Temer veio junto com Lula, e os dois estão em uma situação bastante difícil". Júlio, por sua vez, entre outras considerações, afirmou a Ibaneis: "Você tenta de se afastar de Temer, mas seu partido não deixa."

Em resposta, Ibaneis disse que "fica bem claro que o Júlio é contra o combate à corrupção". "E essa corrupção foi que minou bilhões de reais da economia brasileira, e que deixou você desempregado, o seu filho fora da escola, os nossos hospitais sucateados, as estradas abandonadas, e faltou muito para a população por conta desses bilhões, por conta dessa indústria da corrupção que foi gerada pelo PT, para se manter no poder pelos próximos 20 ou 30 anos, pois esse era o plano de Zé Dirceu. Isso é bom que se diga para a população. Se teve o apoio do MDB, e muitos deles estão presos, eles que paguem pelos seus crimes. Agora, eu não posso defender corrupto no governo que vou estar à frente. Então, população, preste bem atenção a esse discurso, o Júlio é contra o combate à corrupção".

O candidato ao Palácio do Buriti vai disputar as eleições de outubro pelo mesmo partido que pretende alçar Henrique Meirelles à presidência.

Ibaneis é de família piauiense e tem 47 anos. É formado pelo Centro Universitário de Brasília (UniCeub), fez pós-graduação em processo do trabalho e processo civil e é mestrando em gestão e políticas públicas pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa.

Abriu o próprio escritório nos anos 1990 e se destacou como advogado de várias categorias do serviço público. Já foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal (OAB-DF). Hoje, Ibaneis é diretor do Cconselho Federal da OAB e corregedor-geral da entidade.

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Novo governo x corrupção

"Ibaneis é sim o novo, advogado e ex-presidente da OAB, homem que sempre lutou pela legalidade e que sempre plantou no Distrito Federal essa semente. Estou tranquilo em relação a todas essas pessoas [Michel Temer, Eduardo Cunha, Tadeu Filippelli, Geddel Vieira Lima, Ciro Nogueira e Celina Leão]. Não existe partido corrupto, mas pessoas corruptas. Acredito no Judiciário, no Ministério Público. E tenho certeza que quem tem problema com a Justiça vai responder, assim como esses que você citou que já estão na Papuda, ou que já estão presos pela Operação Lava-Jato também vão pagar. E, agora, todos têm o direito constitucional de se defender, com ampla defesa e contraditório, e têm todos os direitos constitucionais garantidos. Agora, não tentem me colocar nesse pacote. Eu não sou um homem desse pacote. Eu tenho que concorrer por um partido político. E aqui eu aponto que pouquíssimos partidos políticos nesse país não tenham algum nome envolvido com caso de escândalo de corrupção. Agora, não existem partidos políticos criminosos, existem pessoas criminosas, e se nós, da boa política, não tivermos coragem de atravessar essa fronteira para lutar pelos direitos da sociedade, certamente não haverá boa política e as pessoas mais carentes certamente vão continuar pagando essa conta. Eu venho para fazer diferente, de forma limpa. Com essas mãos aqui bem limpas e elas vão continuar assim por todo o mandato que eu vou assumir a partir do dia 1; de janeiro. Então, cada um com seu pecado, não tentem colocar em mim o pecado dos outros. Eu confio no Poder Judiciário, que sabe muito bem que me terá como um grande aliado na caça à corrupção e na caça aos corruptos. Tenho certeza que no meu governo não terá corrupção e, se aparecer, tenho certeza que será punido."

"Estou muito tranquilo, tenho certeza que sou o novo, que vem da sociedade civil organizada, para resgatar tudo que a política deixou de ruim para todos nós. Estou muito tranquilo e feliz com essa campanha, vou fazer uma eleição propositiva, discutindo com os candidatos e com a população as propostas que o DF precisa para resgatar a nossa política e devolver ao povo do DF com muita sabedoria e competência."

"Eu fico muito feliz de estar aqui nesse momento, que se vê de forma bem clara o que tem de novo aqui nesse debate, que é exatamente eu, com as propostas que eu quero, e estou construindo com a sociedade do DF. Eu já estive com quase todas as categorias, com quase todos os servidores. Tive uma experiência muito produtiva com o setor produtivo, vendo projetos maravilhosos, que eu não sei por que não foram empregados. Nós temos que pegar os programas do passado sim, aqueles que funcionaram, como Pão e leite, Mãe crecheira, programas da saúde da família. Ma aqui todos já participaram de governos. A sociedade do DF já não acredita em nenhum de vocês. Chega de tanta demagogia. A sociedade do DF perdeu a esperança. Chegou a hora de rediscutir com todas as carreiras e com o empresariado um projeto para o DF. E esse novo projeto certamente não vai ter a participação de pessoas que estão sim entrelaçadas com o passado, que muitas vezes realmente precisa ser apurado pela polícia. Tem também uma tal de ;mãos limpas;, que aconteceu há uns dias atrás, e suja as mãos de pessoas muito próximas do governador. Então é bom saber que todos aqui em algum momento já governaram o DF e colocaram a nossa cidade nesse descalabro que estamos vendo. A proposta do novo está aqui."

Ficha Limpa

"Eu estou em paz com esse assunto. Eu defendo a Lei da Ficha Limpa como instrumento de limpeza, para tirar os maus políticos. Todos esses certamente estão pagando. Nós que temos a ficha limpa é que temos que participar da política."

Segurança pública

"O nosso projeto está assentado nas políticas públicas e na valorização do ser humano. Isso não ocorreu no atual governo, como não ocorreu nos últimos governos. O principal problema dessa cidade é saúde, depois é que vem a segurança. Os dois têm uma importância muito grande no nosso programa. Educação, emprego e renda e transporte público de qualidade para a população. Na segurança, temos que atacar diretamente o problema, porque não podemos ter delegacias fechadas, as nossas corporações todas desrespeitadas e agora brigando uma com a outra por conta da postura do atual governador, que prefere jogar a culpa do péssimo serviço público que presta à sociedade nas corporações e nos servidores públicos. E assim foi feito em todas as áreas. Na saúde a culpa é do servidor, na segurança a culpa é do policial, na educação a culpa é do professor que não conversa com as outras categorias. Então todas as categorias estão desrespeitadas, e serviço público e qualquer programa de gestão exige o envolvimento de quem presta o serviço público e a comunicação da sociedade, deixando bem claro qual é a política pública que vai ser aplicada. Mas, infelizmente, não existe projetos para a cidade e isso está sendo colocado em diversas áreas, onde os recursos colocados por vocês, deputados e senadores do DF, estão sendo devolvidos por ausência de projetos. No que diz respeito ao transporte público, tivemos R$ 420 milhões que estavam à disposição do BNDES e que não foram utilizados pelo governo por ausência de projetos. Então o que falta é gestão pública de qualidade e responsabilidade no trato com o servidor público do DF."

"Eu acredito no Distrito Federal, eu acredito que dá para fazer diferente. E é exatamente por isso que eu, que não sou desse mundo da política, me coloco agora à disposição da sociedade para tentar resolver esses problemas. E eu quero dizer a toda a população do DF: eu acredito que dá pra mudar. Eu acredito que dá pra ter projetos de qualidade, que Brasília merece muito mais do que vem recebendo dos seus atuais governantes, que precisa mudar. Brasília precisa ter futuro e voltar a sonhar e ter esperança. Nunca tive pai rico, não sou filho de ministro (não tenho nada contra), nunca entrei em emprego pela janela, trabalhei muito e cheguei onde cheguei. E quero devolver essa esperança à população do DF."

Funcionalismo

"Quero que fique claro aqui que eu, como representante da sociedade e da OAB, nós somos contra tanto a Reforma Trabalhista quanto a Reforma da Previdência. Eu assinei várias dessas emendas e Adins [Ação Direta de Inconstitucionalidade] que tramitam no STF, propostas pelo Conselho Federal da Ordem. Essa Reforma Trabalhista que foi feita veio para tirar direitos trabalhistas históricos nesse país, ela veio para penalizar o trabalhador e já está vigorando aí há quase um ano e não aumentou o nível de emprego, aumentou o nível de desemprego e de desrespeito com o cidadão. As mudanças pontuais acredito que deveriam existir, no que diz respeito ao imposto sindical, que poderia ser feito sem tirar o direito do trabalhador. E, no que diz respeito à Previdência Social, eu tenho certeza que a culpa da Previdência não é dos trabalhadores, é a da irresponsabilidade na gestão dos recursos da Previdência, assim como é feito aqui no DF com o Iprev."


Mulheres

"Eu quero dedicar esse momento final às mulheres, nós tivemos mais um feminicídio esse final de semana. Temos um problema muito grave de emprego e desrespeito às mulheres do DF. E, por isso, hoje eu fiz questão de vir de rosa, para deixar bem claro que no meu governo a mulher vai ser protegida. É uma vergonha termos a Casa da Mulher fechada, no momento em que as nossas mulheres estão sendo agredidas, assim como as delegacias fechadas. Para os jovens que estão desempregados e sem esperança e caindo no mundo da droga, quero dizer que vamos trabalhar para um grande projeto de emprego e renda no DF, para dar qualidade de vida e futuro para esses jovens. Nós vamos ter muita atenção com a área social. Brasília está passando por um processo de favelização, por conta da desatenção com o nosso público. Há ausência total de programas para essas pessoas de baixa renda. Os programas habitacionais não olham para essas pessoas. A cidade não tem acessibilidade e não tem inclusão. Eu, como advogado e vindo da Ordem, vou defender a inclusão e o debate com toda a sociedade do DF."

Assita à íntegra do debate:

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