Cidades

Fraga: parlamentar precisa de bons salários para não se meter em corrupção

Candidato do DEM teve vários embates com o atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB). Segundo ele, para cada "uma bola dentro" do socialista, outras cinco são "fora". Ele também defendeu sua atuação como parlamentar.

Hamilton Ferrari
postado em 28/08/2018 21:36

Minervino Junior/CB/D.A Press
A participação do candidato Alberto Fraga (DEM) ao Palácio do Buriti, no debate promovido pelo Correio, foi marcada por ácidos confrontos com o atual governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que busca a reeleição. Em diversos embates com o socialista, o deputado federal ressaltou que falta gestão no Distrito Federal, o que agrava todos serviços públicos, principalmente a saúde.

Fraga fez fortes críticas à Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) no atual governo, que, segundo ele, tem uma atuação de repressão seletiva aos mais pobres. Prometeu extingui-la no primeiro dia do seu governo. Nos bastidores, não escondeu a empolgação com as alfinetadas. No primeiro intervalo, declarou: "Agora é fight".

O candidato foi questionado pelos altos gastos com a verba indenizatória da Câmara com aluguel de carros, contas altas de telefone e publicidade, mas garantiu que, se for para a atividade de parlamentar, a despesa não é irregular. Fraga criticou Rollemberg enquanto senador. "Você não gastou R$ 1, mas também não trouxe nenhuma verba para o DF como senador", alegou. "Não adianta não gastar nada e não trazer dinheiro. O papel do parlamentar é levar dinheiro à cidade que o elegeu", emplacou.


O candidato chegou no Correio às 16h35. Alexandre Bispo (PR), presidente da sigla, será o vice na chapa ao Palácio do Buriti. Fraga também conta com o apoio de Jofran Frejat (PR), que desistiu da campanha de governador. "Tenho sorte de ter Jofran Frejat como especialista na saúde pública. Tenha você certeza que ele estará no nosso lado dando conselho para melhorar a área no DF", disse ao eleitor.

Após carreira como policial militar, Fraga se voltou para a política. Ele atua como deputado federal há 16 anos no Congresso Nacional. De 2007 a 2010, o parlamentar também ocupou o cargo de Secretário de Transportes do DF, na gestão de José Roberto Arruda. Em 2010, concorreu ao Senado, mas não ganhou. Fraga entrou na Polícia Militar em 1974. Hoje, é coronel da reserva. O deputado é formado em direito, administração e educação física, e é mestre em segurança pública. O candidato começou a carreira política no PMDB, em 1998, partido no qual ficou até 2003. Neste ano, mudou-se para o PTB. Permaneceu na sigla até 2005, quando mudou-se para o PFL (atual DEM), no qual está até hoje. Confira a seguir outros pontos citados por Fraga no debate

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Regularização fundiária e fim da Agefis

"No meu governo, eu vou legalizar tudo mesmo. A legalização dos condomínios está prevista na Lei n; 13.465 e é uma obrigação. Além de legalizar os condomínios, uma realidade em Brasília, temos que legalizar as terras rurais, temos que, de uma vez por todas, acabar com esse sofrimento. Tem produtor que mora há 40 anos e não tem escritural. O produtor rural vive essa insegurança. O governo atual derrubou casas de pessoas e igrejas. Você (Rollemberg) foi cruel, deixou as pessoas construírem, levantou paredes, botou a família lá dentro, com empréstimo, e depois mandou a Agefis passar o trator em cima e derrubar. Eu vou acabar com a Agefis (Agência de Fiscalização do Distrito Federal) no primeiro dia de governo."

Gastos públicos

"Nossa preocupação é com o crescimento do pagamento da folha. A folha de pagamento hoje está em 82% do que o GDF arrecada. Vou pedir para a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para fazer um estudo sobre o que pode ser cortado no governo. A máquina precisa ser enxugada. Vamos cortar os excessos. Excessos de carro, por exemplo. E não vou andar de helicóptero, como o atual governador. Rollemberg gasta R$ 5,6 milhões com helicóptero, maior que o primeiro ano de governo, quando gastou R$ 1,6 milhão."

Reforma da Previdência

"Primeiro, eu sou servidor público com muito orgulho e eu jamais faria algo que viesse prejudicar a categoria. Não votamos. E eu votaria contra (a reforma da Previdência) embora tivesse conseguido tirar os militares (do texto). Não votaria a favor da reforma sem antes cobrar dos grandes devedores. É muita grana. O eleitor que achar que o próximo presidente da República não terá que fazer a reforma está enganado. O país está numa situação muito complicada e se algo não for feito, nós seremos um país caminhando cada vez mais para o fracasso. E vai quebrar. O país está quebrando."

Emenda Constitucional do teto dos gastos

"Votei e, caso a votação ocorre hoje, votaria pela aprovação novamente. O país está quebrado e alguém precisa colocar o pé no freio"

Reforma trabalhista

"Eu quero que me apareça um trabalhador que afirme um direito que foi subtraído. Não houve esse dano. O que houve foi uma flexibilização, com contratações fracionadas. Agora, os sindicatos reclamaram, porque nós acabamos com a contribuição sindical. Quem não gostou foi o PT, o PSol, aqueles que trabalham em cima dos sindicatos. Hoje, se o empregador quiser, desconta, se não quiser, não desconta."

Verba indenizatória

"Eu defendo que um parlamentar tenha que ter bons salários para não se meter em corrupção. Trabalho de parlamentar é custoso e os gastos são justificáveis quando aplicados na atividade de deputado. Não é justificável usar verba de gabinetes para outras atividades, de corrupção."


Saúde e gestão

"A pior área nossa é a saúde. Para ser governador tem que acordar cedo, tem que trabalhar, conhecer as ruas da cidade e saber o que povo pensa. O que falta é gestão pública de qualidade e responsabilidade no trato com o servidor público. A cada 10 pessoas, oito reprovam (o governo atual). Se fosse um debate direto, eu ia pedir para o governador sair e desistir. A população vive um pesadelo. Desista. É um clamor. Brasília nunca esteve tão abandonada. É preciso dar atenção à atenção básica, com posto de saúde, hospitais e centros. A saúde pública está um desastre. As pessoas estão morrendo nas filas, não se vê construção de nada, esses dias que houve um rato passeando dentro desses centros de cirurgia. Um verdadeiro absurdo. Não é a toa que o velho Roriz dizia que governar é definir oportunidades. Vamos construir mais seis hospitais e mais 30 postos de saúde, levando a atenção primária, aquele primeiro atendimento ao posto e desafogar os hospitais. Chegando ao governo, nós vamos dar uma resposta, porque, infelizmente, só temos acompanhado a falta de gestão no Distrito Federal."

Subsídios

"Quando eu era secretário, eu não pagava nada de subsídio de transporte, hoje você (Rollemberg) paga R$ 600 milhões. Com esse valor, vou construir um hospital em São Sebastião, no Recanto das Emas e no Sol Nascente, claro que um hospital de menor porte. O Sol Nascente já merece um hospital. Essas medidas têm que ser adotadas no primeiro e no segundo ano de governo. Não podemos deixar o povo morrendo nas filas dos hospitais, como tá acontecendo no seu governo."


Acusações contra Rosso

"Eu disse que teria visto o Francinei (Arruda Bezerra) numa delação afirmar que tinha editado os videos com relação ao Rogério Rosso (sobre propina entregue por Durval Barbosa). Eu estava numa situação muito complicada, até porque sou amigo do Rogério Rosso. Eu disse que vi vários vídeos. E eu vi e me neguei a comentar o assunto."

Assista à íntegra do debate:

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