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Campanha contra sarampo e polio atingiu apenas 54% do público alvo

Campanha no DF contra sarampo e poliomielite atingiu apenas 54% do público-alvo. Governo estuda ampliar o processo de imunização até o próximo sábado

Marlene Gomes - Especial para o Correio
postado em 30/08/2018 06:00
Samuel e o filho João: 'A fila estava grande, mas até que foi rápido'O Distrito Federal não atingiu a meta de 95% de imunização contra poliomielite e sarampo em crianças com idades entre 1 ano e menores de 5 anos. O objetivo era vacinar 152.277 crianças durante a Campanha Nacional de Vacinação. A cobertura na capital chegou a 54% do público-alvo, até o último dia 24 ; é o terceiro pior índice do Brasil. A mobilização nacional termina amanhã. O Ministério da Saúde orienta que todas as unidades da Federação que não atingiram a meta de imunização abram os postos neste sábado também.

A Secretaria de Saúde do DF ainda avalia a possibilidade de abrir os postos no sábado. Mas é provável que o número de unidades em funcionamento e o horário sejam limitados. Somente amanhã, a secretaria vai se posicionar sobre o tema em uma entrevista coletiva.

Até o momento, foram aplicadas 85.969 doses da vacina contra sarampo e 86.505 doses de vacina contra pólio no DF, em 126 postos de vacinação localizados em todas as cidades. Devem ser vacinadas meninas e meninos com idades de 1 ano a 4 anos 11 meses e 29 dias. A Secretaria de Saúde esclarece que não há estoque de vacinas na cidade.

;O Distrito Federal foi abastecido com a quantidade de doses que cobre todo o público-alvo da campanha. Porém, pode haver falta pontual nas unidades, em consequência da alta demanda mas, assim que solicitada, a reposição é realizada;, informa nota da Secretaria de Saúde. Depois da campanha, alguns postos manterão seus estoques de vacinas.


Longe da meta

A Campanha Nacional de Vacinação começou em 6 de agosto e termina amanhã. Apesar da mobilização, os índices de vacinação no DF estão longe da meta. Os dois piores índices de vacinação do país são Roraima (50,84%) e Rio de Janeiro (52,40%), seguidos do DF.

Preocupada para não chegar atrasada ao trabalho, na Feira dos Importados, a vendedora Érica Dantas disse que ficou quase uma hora na fila, em um posto do Cruzeiro Novo, para vacinar o filho, Henrique, de 3 anos. Mesmo assim, ela preferiu esperar porque não queria perder a oportunidade de vacinar a criança durante a campanha nacional. ;Tive que esperar quase uma hora por causa da fila, mas o atendimento foi tranquilo. Meu menino foi vacinado contra sarampo e pólio;, disse, satisfeita.

No Centro de Saúde n; 9, no Cruzeiro Novo, a fila para a vacinação tinha cerca de 25 pessoas, por volta das 11h30 de ontem. ;A fila estava grande por causa da campanha. Tinha muita gente, mas até que foi rápido;, resumiu Samuel Mundim, morador da Octogonal, que levou o filho João, de 3 anos para tomar a vacina tríplice viral no posto.

Moradora do Sudoeste, Joana Vieira Gondim Abraces disse que o cartão de vacinação da filha Júlia, de 2 anos, estava em dia, mas ela tinha ouvido dizer que as crianças precisam ser imunizadas (reforço) durante as campanhas nacionais. Na dúvida, ela preferiu levar a menina da escolinha diretamente para o posto de saúde. ;Vim ver se ela realmente precisa se vacinar. Eu não trouxe a Júlia antes porque ela estava tossindo um pouco;, explicou a mãe.

O médico pediatra Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), disse que é preocupante que, faltando apenas dois dias para o encerramento da Campanha Nacional de Vacinação, várias unidades da Federação ainda não tenham atingido a meta de imunizar 95% do público-alvo. ;A impressão que tenho é a de que muitos pais não conseguem enxergar a gravidade do sarampo e da poliomielite, porque não vivenciaram essas doenças. Elas estavam eliminadas ou sob controle no Brasil, mas, agora, apresentam grande risco de reintrodução no país. A maneira de evitá-las é por meio da vacinação segura;, disse.

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